17/Jul/2019
A liquidez no mercado de algodão em pluma esteve maior nos últimos dias. À medida que o beneficiamento avança, gradativamente mais lotes de pluma da safra 2018/2019 vão sendo ofertados no spot, levando os vendedores a terem postura mais flexível nos valores indicados. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuo de 1,75% nos últimos sete dias, cotado a R$ 2,65 por libra-peso. Na primeira quinzena de julho, o Indicador acumula queda de 2,2%. A média parcial deste mês, de R$ 2,70 por libra-peso, está 3,26% inferior à média de junho/2019 e 25,15% abaixo da de julho/2018. Quanto à colheita 2018/2019, dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgados no dia 12 de julho, indicam que a colheita está em 7,15% em Mato Grosso, com a região noroeste chegando a 11% do total. No geral, as indústrias seguem recuadas. Algumas trabalham com estoques e aguardam a chegada de contratos efetivados antecipadamente, enquanto outras apenas adquirem pequenos volumes para repor estoque.
Os comerciantes e corretores estão mais ativos, negociando lotes da safra 2017/2018 e da 2018/2019 para entregas imediatas. Do lado vendedor, há produtores que estão fora de mercado, se dedicando à colheita e ao beneficiamento da safra. Outros ofertam lotes remanescentes da safra anterior e “fazem caixa”, disponibilizando lotes da nova temporada. Entretanto, o desacordo quanto à qualidade e ao preço dos lotes limita os negócios. Agentes apontam que vários lotes, incluindo os da nova temporada, apresentam características, principalmente micronaire. O 10º levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado no dia 11 de julho, reduziu em 0,41% a produção da temporada 2018/2019 frente ao relatório de junho, indo para 2,665 milhões de toneladas, mas ainda 32,9% superior à safra passada, devido ao aumento de 36,2% na área semeada, para 1,6 milhão de hectares.
A produtividade média, por sua vez, recuou frente ao relatório de junho/2019 (-0,48%), em 1.665 quilos por hectare, 2,5% menor que na safra 2017/2018. Em Mato Grosso, ainda que a produtividade média recue 1,1%, para 1.641 quilos por hectare, o volume a ser colhido está projetado em 1,64 milhão de toneladas, 36,8% acima do da safra 2017/2018. Na sequência, a Bahia pode colher 583,7 mil toneladas, 17,1% maior que na 2017/2018. Apesar do forte aumento na área (+25,9%), a produtividade média pode cair 7%, para 1.758 quilos por hectare. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 2,48 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Os contratos na Bolsa de Nova York permanecem em queda nos últimos sete dias, influenciados pela expectativa de boa oferta, pelo aumento nas estimativas dos estoques norte-americanos e, ainda, pela disputa comercial entre os Estados Unidos e a China.
Nos últimos sete dias, o vencimento Outubro/2019 registra desvalorização de 2,2%, cotado a 63,70 centavos de dólar por libra-peso e o Dezembro/2019 apresenta baixa de 2,57%, a 63,95 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Março/2020 acumula queda de 2,55% no período, cotado a 65,00 centavos de dólar por libra-peso e o Maio/2020, 2,49%, a 65,80 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Julho/2019 encerrou no dia 9 de julho, a 60,23 centavos de dólar por libra-peso, queda de 4,62% nos últimos sete dias. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgados no dia 11 de julho indicam que produção mundial 2018/2019 será de 25,98 milhões de toneladas, 3,6% menor que a anterior. O consumo teve reajuste negativo de 1,01% frente ao relatório de junho e de 1,3% frente ao da temporada 2017/2018, estimado em 26,36 milhões de toneladas. A comercialização mundial, por sua vez, está projetada em 9 milhões de toneladas, com elevação de 1% nas importações e ligeira alta de 0,1% nas exportações.
O estoque global 2018/2019, estimado em 17,26 milhões, teve alta de 2,2% se comparado à estimativa do mês passado, mas ainda deve ficar 2,1% abaixo do registrado na safra anterior. Para a temporada 2019/2020, a produção deve ser de 27,39 milhões de toneladas, 5,4% acima do volume anterior. O consumo global pode crescer 2,6%, indo para 27,06 milhões de toneladas, mesmo com a China tendo redução de 1,2% frente ao relatório de junho e Bangladesh, de 10,8%. A comercialização deve totalizar 9,6 milhões de toneladas, com elevação de 6,5% nas importações e de 7,5% nas exportações frente à temporada 2018/2019. As importações da China em 2019/2020 devem superar aquelas registradas na safra anterior, que, por sua vez, já devem alcançar o maior volume em cinco anos nesta temporada 2018/2019. Em meio aos leilões da Reserva Estadual, a China complementa os estoques domésticos na atual temporada.
As exportações para a China se enfraqueceram porque o Brasil, a Austrália e outros países expandiram as exportações e, consequentemente, a participação de mercado. O estoque mundial foi estimado em 17,5 milhões de toneladas, 4,1% maior que o projetado no mês passado e 1,5% acima do da safra 2018/2019. Com aumento de 4% no estoque (para 2,7 milhões de toneladas), o Brasil ficará atrás apenas da China, com 7,18 milhões de toneladas. Ainda em relação à temporada 2019/2020 norte-americana, o USDA indicou, em relatório divulgado no dia 15 de julho, que 60% da área já floresceu e que em 20% da área já houve formação de maçãs. Em relação à qualidade das lavouras, 56% estão em boas e ótimas condições, acima dos 41% do ano anterior; 29% estão em condições medianas, 2% abaixo do observado em 2018, e 15% estão em condições ruins e péssimas, contra 28% no ano anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.