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05/Jun/2019

Tendência de baixa do algodão com menor liquidez

Na expectativa de colheita e disponibilidade da pluma da nova safra do Cerrado, a comercialização no spot perde força nos últimos dias. Os negócios efetivados envolvem lotes pequenos, com a pluma da temporada 2017/2018, da qual os vendedores pretendem liquidar estoques remanescentes. As indústrias seguem trabalhando com a pluma que estão recebendo de contatos, considerados satisfatórios, ofertando preços menores para novos fechamentos. Os compradores também sinalizam que, em maio, as vendas de fios estiveram menores tanto no varejo como no atacado. No caso de lotes de maior qualidade, os vendedores estão mais firmes nos valores indicados, especialmente para o algodão de São Paulo da safra 2018/2019. Tradings, por sua vez, ora chegaram a ofertar algum lote no mercado interno, ora se retraíram. Os produtores permanecem com as atenções voltadas ao desenvolvimento das lavouras e no aguardo da colheita.

Vale lembrar que boa parte da produção já está comprometida. Entre 30 de abril e 31 de maio, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, caiu 2,58% e, no acumulado ano (de 28 de dezembro a 31 de maio), 6,32%. A média de maio, de R$ 2,88 por libra-peso, está 1,65% inferior à média de abril/2019 e expressivos 24,05% abaixo da de maio/2018, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de abril/2019). Nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador registra alta de 0,31%, cotado a R$ 2,87 por libra-peso. Nas negociações para as safras 2018/2019 e 2019/2020, as quedas nos preços internacionais desestimularam os fechamentos, que registraram ritmo lento em maio. Em sua maioria, os negócios foram realizados com base nos contratos da Bolsa de Nova York e no Indicador. Vale considerar que foram captadas programações dentro do acordo mineiro para a próxima temporada.

De acordo com dados da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), 73,5% da safra brasileira 2017/2018, estimada em 2,005 milhões de toneladas, teria sido comercializada até o dia 31 de março. Deste total, 57,8% foram direcionados ao mercado interno, 31,8%, ao externo e 10,4%, para contratos flex (exportação com opção para mercado interno). Para a próxima temporada, dados indicam que ao menos 31,2% da produção de 2018/2019 (projetada em 2,665 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento - Conab) foi comercializada no mesmo período, sendo 44,8% ao mercado doméstico, 34,6%, para exportação e 20,6%, para contratos flex. Em maio/2019, as negociações para embarque ao mercado externo no segundo semestre de 2019 (do produto a ser colhido na temporada 2018/2019) tiveram média de 74,92 centavos de dólar por libra-peso, ficando 2,61% abaixo do registrado em abril/2019 (76,93 centavos de dólar por libra-peso).

Para exportação envolvendo a pluma da temporada 2019/2020, a média das informações captadas para o segundo semestre de 2020 foi de 72,39 centavos de dólar por libra-peso em maio, baixa de 2,66% frente à do mês anterior (74,37 centavos de dólar por libra-peso). Para a comercialização no curto prazo, a média de 73,07 centavos de dólar por libra-peso está 6,07% menor que a de abril/2019, ainda referente à pluma da temporada 2017/2018. Em maio, as exportações efetivadas foram de 81,5 mil toneladas, a um preço médio de 77,14 centavos de dólar por libra-peso (ou de R$ 3,08 por libra-peso), ou seja, 6,9% a mais que as vendas no mercado interno. No acumulado de 12 meses, as exportações somam 1,14 milhão de toneladas, um novo recorde. De 30 de abril a 31 de maio de 2019, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), foi de R$ 2,77 por libra-peso, com base no Índice Cotlook, referente à pluma posto no Extremo Oriente.

De acordo com dados divulgados pelo Comitê Internacional do Algodão (Icac) no dia 3 de junho, o mercado de algodão enfrenta uma incerteza contínua devido à guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Há alguma oportunidade de que o conflito possa ser desestimulado no final deste mês, quando estiverem reunidos na Cúpula do G20 em Osaka, no Japão. No entanto, o governo norte-americano anunciou recentemente que fornecerá US$ 16 bilhões em apoio adicional a seus agricultores, indicando possível prolongamento desse impasse. O Índice Cotlook A registrou o valor mínimo da temporada no dia 14 de maio (76,00 centavos de dólar por libra-peso). Além disso, mesmo com a expectativa de que o consumo global possa aumentar 1% na temporada 2019/2020, espera-se que a produção seja ainda maior (+7%), elevando os estoques globais e pressionando os valores. Em maio, todos os contratos da Bolsa de Nova York caíram, influenciados, principalmente, pelo recuo na demanda externa pelo algodão norte-americana e pelo enfraquecimento do petróleo, pois reduz a competitividade da pluma ante a fibra sintética.

Além disso, agentes estiveram atentos ao andamento da semeadura nos Estados Unidos e à disputa comercial entre o país e a China. Entre 30 de abril e 31 de maio, o vencimento Julho/2019 se desvalorizou 11,3% (a 68,08 centavos de dólar por libra-peso); o Outubro/2019 caiu 10,4% (para 67,77 centavos de dólar por libra-peso) e o Dezembro/2019, 11,4% (a 67,07 centavos de dólar por libra-peso). O contrato Março/2020 registrou baixa de 11,04%, a 67,74 centavos de dólar por libra-peso no mesmo período. Em relação à temporada 2019/2020 norte-americana, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou, em relatório divulgado no dia 3 de junho, que 71% da área foi semeada, abaixo dos 74% de um ano atrás e apenas 1% inferior à média das últimas cinco safras. Em relação à qualidade das lavouras, 46% estão em boas e ótimas condições, acima dos 42% do ano anterior; 41% estão em condições medianas, 1% inferior ao observado em 2018, e 13%, em ruins e péssimas condições, contra 16% no ano anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.