29/Mai/2019
Com safra recorde em 2018/2019 e estimativas de novo volume histórico em 2019/2020, o mercado externo acaba sendo a alternativa de escoamento da safra. Os embarques na atual temporada (de agosto/2018 a julho/2019) já registram volume também recorde. Esse contexto enxuga a disponibilidade no mercado interno e limita as quedas nos preços. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), entre agosto/2018 e a quarta semana de maio/2019, o Brasil embarcou 1,1 milhão de toneladas de pluma, já superando o recorde de toda a safra 2011/2012 (agosto/2011 a julho/2012), que havia sido de 1,042 milhão de toneladas. Nos últimos 12 meses, o volume embarcado soma 1,12 milhão de toneladas, sendo que o recorde anterior, observado entre novembro/2011 e outubro/2012, era de 1,067 milhão de toneladas. Na parcial de maio, a média diária dos embarques está em 3,9 mil toneladas, 15,5% superior à média de abril20/19, somando 67,1 mil toneladas. Em faturamento, a média diária é de US$ 6,7 milhões, 15,5% maior que os US$ 5,8 milhões do mês anterior e acima da média de US$ 1,6 milhão de um ano atrás.
O preço médio, em Reais, com a taxa média cambial, é de R$ 3,09 por libra-peso, contra R$ 2,88 por libra-peso do mercado interno. Porém, as transações internas seguem lentas. Os compradores utilizam o produto já contrato e/ou em estoque e, quando há interesse, as ofertas são inferiores às de vendedores. Além disso, muitos continuam apontando dificuldade em encontrar a pluma com a qualidade desejada, uma vez que o produto melhor segue tendo como destino a exportação. O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra queda de 0,09% nos últimos sete dias, cotado a R$ 2,86 por libra-peso. Na parcial de maio, o Indicador acumula queda de 2,93% e, no ano (de 28 de dezembro até a parcial de maio), de 6,6%. A média deste mês está 1,59% inferior à de média abril/2019 e 24% abaixo da de maio/2018. Dada a retração das indústrias, os comerciantes têm dificuldades em realizar negócios “casados”. Os produtores, por sua vez, seguem atentos ao desenvolvimento das lavouras que, de maneira geral, estão em boas condições.
Estes agentes alegam que já estão com boa parte da safra 2018/2019 comprometida. Vale considerar que alguns negócios de origem São Paulo da nova temporada vêm sendo captados para embarque imediato. Em Mato Grosso, principal produtor brasileiro, dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicam que, até o dia 13 de maio, 71,71% da produção, estimada em 1,843 milhão de toneladas, havia sido comercializada, contra 75,13% em maio/2018, 4,69% acima de abril/2019 (67,02%) e superior à média dos últimos cinco anos (64,63%). Quanto às negociações futuras, alguns fechamentos são realizados tanto para a safra 2019/2020, como para a 2018/2019, apesar do desacordo de preço entre os agentes, uma vez que indústrias estão na expectativa de valores inferiores. Para os preços, os contratos são realizados a valores fixos, mas também baseados no Indicador e nos contratos da Bolsa de Nova York.
A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), Porto de Paranaguá (PR), é de R$ 2,72 por libra-peso, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Mesmo acumulando queda na parcial de maio, os contratos da Bolsa de Nova York recuperaram parte das perdas nos últimos dias, impulsionados pela preocupação quanto ao clima nas regiões de cultivo norte-americanas, pelo desempenho das exportações dos Estados Unidos, pela valorização do petróleo e pela desvalorização do dólar no mercado internacional, ambos tendem a aumentar o interesse pelo algodão. Além disso, o impasse comercial que persiste entre China e Estados Unidos também influencia o mercado. O vencimento Julho/2019 registra valorização de 3,64% nos últimos sete dias, a 68,39 centavos de dólar por libra-peso; o Outubro/2019 apresenta avanço de 2,41%, cotado a 67,99 centavos de dólar por libra-peso e o Dezembro/2019, 1,76%, a 67,55 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Março/2020 registra alta de 1,4% no mesmo período, cotado a 68,32 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.