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12/Mar/2021

Inflação: alimentos desaceleraram em fevereiro

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou fevereiro com alta de 0,86% ante um avanço de 0,25% em janeiro. A taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 1,11%. Em 12 meses, o resultado foi de 5,20%. A alta de 0,86% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em fevereiro foi o resultado mais elevado para o mês desde 2016, quando aumentou 0,90%. Em fevereiro de 2020, o IPCA ficou em 0,25%. Como resultado, a taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses acelerou de 4,56% em janeiro para 5,20% em fevereiro, ante uma meta de 3,75% perseguida pelo Banco Central este ano. A taxa foi a mais acentuada desde janeiro de 2017, quando estava em 5,35%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve elevação de 0,82% em fevereiro, após um avanço de 0,27% em janeiro. Como resultado, o índice acumulou uma elevação de 1,09% no ano. A taxa em 12 meses ficou em 6,22%. Em fevereiro de 2020, o INPC tinha sido de 0,17%.

O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários-mínimos e chefiadas por assalariados. O fim do pagamento do auxílio emergencial pelo governo às famílias mais vulneráveis já diminuiu a demanda por itens alimentícios essenciais, com reflexo sobre os preços. O grupo Alimentação e bebidas saiu de uma elevação de 1,02% em janeiro para um avanço de 0,27% em fevereiro. O grupo contribuiu com 0,06% para a taxa de 0,86% do IPCA no mês. O arroz pode ter a questão do auxílio emergencial. Em janeiro e fevereiro, não houve pagamento do auxílio e houve redução na demanda doméstica por arroz. A retirada do auxílio pode ter reduzido a demanda por alguns itens essenciais, como é o caso do arroz. Há uma série de fatores que vão influenciar o preço dos alimentos, o auxílio emergencial é apenas um deles. O grupo alimentação e bebidas mostrou desaceleração em fevereiro pelo terceiro mês consecutivo. Em fevereiro, a alimentação no domicílio subiu 0,28%.

Houve redução nos preços da batata-inglesa (-14,70%), tomate (-8,55%), leite longa vida (-3,30%), óleo de soja (-3,15%) e arroz (-1,52%). No caso da batata e do tomate, o clima foi mais seco em fevereiro, depois de um clima mais chuvoso em janeiro, que ajudou a reduzir preços, mas essa redução também pode ter efeito da retirada do auxílio emergencial. São itens importantes na cesta de consumo das famílias, como o leite longa vida. Todos esses itens com redução podem ter efeito da retirada do auxílio. Por outro lado, houve aumento de preços na cebola (15,59%) e nas carnes (1,72%). Houve queda na oferta de cebola, perda na produção, inclusive houve necessidade de importar. A alimentação fora do domicílio também desacelerou, passando de 0,91% em janeiro para 0,27% em fevereiro. O lanche fora de casa subiu 0,11% em fevereiro, depois de um aumento de 1,83% em janeiro. Houve numa desaceleração no preço dos alimentos, e não queda no preço dos alimentos. Desde novembro, os preços dos alimentos continuam subindo.

O grupo alimentação e bebidas acumula uma alta de 15,00% em 12 meses. As famílias gastaram 0,40% mais com habitação em fevereiro, uma contribuição de 0,06% para a taxa de 0,86% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês. O gás de botijão subiu 2,98%, o nono mês consecutivo de aumentos, contribuindo com 0,03% para o IPCA de fevereiro. O gás encanado ficou 2,68% mais caro, em consequência de reajustes em Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). A taxa de água e esgoto aumentou 1,02%, em função de reajustes em Fortaleza (CE), Aracaju (SE), Curitiba (PR), Campo Grande (MS) e Recife (PE). Por outro lado, a energia elétrica caiu 0,71%, uma contribuição negativa de 0,03% para a inflação. Em fevereiro, foi mantida a bandeira tarifária amarela, que acrescenta a cobrança de R$ 1,343 a cada 100 quilowatts-hora consumidos na conta de luz. Apenas um dos nove grupos que integram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registraram deflação em fevereiro.

O recuo ocorreu em comunicação (-0,13%), enquanto houve avanços em todos os demais: alimentação de bebidas (0,27%), habitação (0,40%), artigos de residência (0,66%), vestuário (0,38%), transportes (2,28%), saúde e cuidados pessoais (0,62%), despesas pessoais (0,17%) e educação (2,48%). As variações dos grupos transportes e educação responderam juntas por cerca de 70% do IPCA de fevereiro. Em Saúde e cuidados pessoais, o destaque foi o item higiene pessoal (1,07%), que contribuiu com 0,04% para o IPCA do mês, seguido por plano de saúde (0,67%) e produtos farmacêuticos (0,27%). Todas as 16 áreas pesquisadas apresentaram altas de preços em fevereiro. O maior resultado foi o da região metropolitana de Fortaleza (CE), com 1,48%, enquanto o mais baixo foi registrado no Rio de Janeiro (RJ), 0,38%. Ainda não há sinais de pressão de demanda sobre a inflação. A inflação de serviços dentro do IPCA acelerou de uma alta de 0,07% em janeiro para um avanço de 0,55% em fevereiro, mas impactada por fatores específicos, como o reajuste sazonal de mensalidades escolares característico do mês.

O cenário é muito atípico e de muita incerteza, com aumento no número de mortes na pandemia, adoção de medidas restritivas em várias cidades em março, com possibilidade de volta do auxílio emergencial ou não. São muitas questões que podem afetar a inflação nos próximos meses, como possíveis decretos de lockdown, desemprego elevado e renda mais deprimida. Não dá para falar em pressão de demanda ainda nesse contexto. Os preços de bens e serviços monitorados pelo governo saíram de um recuo de 0,29% em janeiro para uma alta de 1,69% em fevereiro. A principal contribuição para o IPCA de fevereiro foi de monitorados, do reajuste de combustíveis nas refinarias que acaba chegando ao consumidor final. O índice de difusão do IPCA, que mostra o percentual de itens com aumentos de preços, desceu de 66% em janeiro para 63% em fevereiro. A difusão de itens alimentícios caiu de 73% em janeiro para 67% em fevereiro, enquanto a de itens não alimentícios subiu de 59% para 61%. A alta do IPCA em fevereiro é muito provocada pelo aumento dos combustíveis. É preciso avaliar o IPCA mês a mês. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.