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11/Mar/2021

Crédito Rural: recursos não deverão cair em 2021

A redução nos percentuais de direcionamento do crédito rural, feita em 2020, não deverá afetar o volume de recursos disponível para a safra 2021/2022. Com o aumento dos depósitos à vista e de aplicações na poupança rural durante a pandemia, o montante de dinheiro que as instituições financeiras e cooperativas de crédito são obrigadas a destinar aos financiamentos aos produtores poderá até aumentar na próxima safra. No Banco do Brasil, líder em crédito rural no País, a expectativa é que a captação aumente até 15%. A pandemia criou um negócio que está sendo chamado de poupança prudencial ou circunstancial. As pessoas consumiram menos do que estavam acostumadas em 2020. Isso gerou aumento da poupança. A queda da Selic, hoje em 2%, influenciou na manutenção das aplicações em depósitos à vista por mais tempo, e as captações das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) retomaram o ritmo na virada do ano.

Mesmo com a redução dos percentuais, espera-se um volume ainda maior para anunciar no próximo Plano Safra. Em 2020/2021, o Banco do Brasil disponibilizou R$ 103 bilhões para financiamentos aos produtores com recursos controlados e livres. Em julho, o índice dos depósitos à vista foi reduzido de 30% para 27,5%. E ficou decidido que, a partir de julho deste ano, o percentual cairá a 25%. Segundo o Ministério da Economia, o direcionamento da poupança rural também foi cortado de 60% para 59%. Mas, não deve faltar recurso nessa fonte. É possível até que seja necessário promover uma redução maior nos próximos anos. A explicação não está no percentual, mas sim na quantidade de recursos captados. O tema é administrado pelo Banco Central, que não respondeu se pretende promover um novo corte nos direcionamentos.

A preocupação principal do governo é com a subexigibilidade de aplicação de 22% dos recursos obrigatórios no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), meta difícil de cumprir para quase todas as instituições financeiras, com exceção do Banco do Brasil. Além disso, a equipe econômica critica as distorções causadas pelo direcionamento. O banco tem que emprestar a juros controlados, mas ele nunca perde. Quem está pagando é quem pega cheque especial, CDC, crédito consignado. O spread bancário é alto nos juros livres. Mesmo assim, a manutenção das exigibilidades em 27,5% dos depósitos à vista e 59% da poupança rural está no topo dos pedidos das entidades do agronegócio do Paraná à ministra da Agricultura, Tereza Cristina. O setor também quer elevar de 35% para 50% o direcionamento das LCAs, que compõem os recursos livres do Plano Safra, sem juros controlados. Faep, Ocepar, Fetaep e a Secretaria de Agricultura do Paraná também pediram ao governo federal para permitir o direcionamento de até 5% da subexigibilidade do Pronaf para operações de investimento.

Em fevereiro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou o redirecionamento de até 2% para essa finalidade até o fim da safra, em junho, devido à falta de recursos e à demanda represada para compra de máquinas pelos pequenos produtores. Mas, há resistências no governo para tornar permanente o uso dos valores dos depósitos à vista no financiamento dos investimentos a longo prazo. Os recursos direcionados somam R$ 217,8 bilhões, 92% do total anunciado para o atual Plano Safra. As aplicações dos bancos estão acima das exigibilidades em todas as fontes, embora também haja deficiências. Em dezembro, as instituições financeiras tinham R$ 9,1 bilhões a mais aplicados de recursos obrigatórios dos depósitos à vista do que os R$ 56,6 bilhões exigidos. Também havia R$ 1,3 bilhão a mais de poupança rural, cuja exigência é de R$ 110,9 bilhões para a safra, e R$ 10,3 bilhões adicionais aos R$ 50,3 bilhões nas LCAs. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.