ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

10/Mar/2021

As tendências de consumo no Brasil na pandemia

A mais recente edição do estudo Consumer Insights, produzido pela Kantar, líder em dados, insights e consultoria, aponta que o último trimestre de 2020 foi o pior momento da pandemia para o consumo fora do lar no Brasil, enquanto o dentro do lar teve saldo positivo, impulsionado pelos gastos das classes C, D e E que receberam auxílio emergencial. A suspensão do auxílio emergencial, a indefinição sobre sua retomada, a alta do desemprego e dos preços e o aumento dos níveis de pobreza devem impactar diretamente o consumo no Brasil em 2021. Apesar de ter havido crescimento no curto prazo, graças à flexibilização das medidas restritivas e ao consumo de refeições e cervejas, o consumo fora do lar caiu entre outubro e dezembro de 2020 em todos os cenários: 5,8% em comparação com o trimestre anterior e expressivos 28,8% considerando o mesmo período do ano anterior. A retração é puxada por diversas categorias: água mineral, bebidas quentes, água de coco, energético, sucos, sanduíches frios e quentes, incluindo hambúrgueres, salgados diversos, iogurtes, bolos, chocolates, outros doces, biscoitos e barras de cereal. E atribuída especialmente às classes sociais mais baixas.

A alta dos preços foi uma das responsáveis. Comparando com o último trimestre de 2019, refeições subiram 16%, bebidas quentes 15% e doces 14%. Entre outros fatores estão a suspensão do auxílio emergencial, fornecido a 58% das famílias brasileiras, a indefinição sobre sua retomada, a alta do desemprego e o aumento dos níveis de pobreza. Enquanto isso, o que se observou no consumo dentro do lar foi uma expansão de gastos com todas as cestas de consumo entre as famílias que receberam auxílio emergencial. Essas cestas apresentaram o dobro de crescimento nos primeiros meses de pandemia e houve mais acesso a categorias de consumo massivo. No primeiro e segundo trimestres do ano as classes D e E, que representam 25% dos domicílios brasileiros, registraram maior percentual de variação de gastos, respectivamente 9% e 14%, graças ao fato de que 72% de seus membros receberam a ajuda do governo. Mas, isso não se sustentou após junho: no terceiro trimestre caiu para 8% e no quarto trimestre, para 6%.

Já as classes A e B e C conseguiram sustentar o crescimento ao longo do ano. As cestas mais beneficiadas pela injeção do auxílio emergencial foram mercearia doce, perecíveis e higiene & beleza. As cestas de bebidas e de mercearia salgada tiveram um desempenho melhor entre os domicílios que não receberam o auxílio. O auxílio também permitiu mais acesso a itens de maior valor agregado entre os domicílios que o receberam. Houve crescimento de marcas premium nos dois grupos, porém, para os que não o receberam, foi importante recorrer a promoções. O consumo dentro do lar alavancado pelo auxílio emergencial aconteceu principalmente nas Regiões Norte, Nordeste e Grande Rio de Janeiro. Entre os produtos mais consumidos durante os meses da pandemia em 2020, o cloro foi a principal categoria dentro do lar em todas as classes sociais. Devido à necessidade de redobrar os cuidados com a limpeza e higiene, avançando (+18,3%) a penetração de 2019 para 2020. O aumento na classe A e B foi ainda maior, da ordem de 20,6%. Na classe C a avanço foi de 17,7% e nas classes D e E, a alta foi de 17%.

Outras categorias que cresceram nas mais variadas rendas familiares durante 2020 foram azeite (11,7%), presuntaria (11,6%), pão industrializado (8,1%) e ketchup (7,9%). Nas classes A e B, destaque para aumento de consumo de batata congelada (8,2%) e manteiga (7,3%) e na classe D e E, empanados (11,3%). Houve retração nas categorias de bebida à base de soja (-3,8%), bolo pronto (-2,9%), escova dental (-2%), leite aromatizado (-2%) e bronzeador (-1,6%). O ano de 2020 terminou com saldo positivo dentro do lar graças aos gastos maiores das classes C, D e E. Para 2021, o desafio é sustentar isso, já que a frequência de compras tem uma tendência orgânica de queda e o volume médio por compra cai. Sem o auxílio emergencial será necessário atacar mercados mais vulneráveis, minimizando os riscos de desaceleração. O estudo Consumer Insights avaliou 11.300 lares em todo o Brasil, que estatisticamente representam 58 milhões de lares. Fonte: Kantar. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.