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09/Mar/2021

Inflação: preço da carne impacta nos mais pobres

A conta da inflação dos alimentos é mais alta para os brasileiros de menor renda. Nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, a inflação do chamado prato feito dos mais pobres preparado em casa, e que leva arroz, feijão, batata, tomate, carne de segunda e óleo de soja, subiu quase 40%. No mesmo período, entre fevereiro 2020 e fevereiro deste ano, o prato feito dos mais ricos, onde a única diferença é a substituição da carne de segunda pela carne de primeira (o filé mignon), teve alta de 31,6%. O diferencial foi a inflação da carne. O corte de segunda subiu 35% no período e o de primeira, 26,9%. O índice é elaborado pela consultoria GFK, que audita as vendas no varejo. O pobre, que tem menos renda disponível para comprar comida, é o que mais sofre com os efeitos do aumento das commodities no mercado internacional. Surpreende a grande diferença de custo, praticamente, da mesma refeição. A arrancada maior na inflação do prato feito ocorreu no ano passado.

No entanto, a enorme diferença entre o custo da alimentação das camadas de menor e maior renda é nítida quando se avalia um período mais longo. Entre janeiro de 2019, quando o indicador começou a ser apurado e fevereiro deste ano, o custo do prato feito dos mais pobres subiu 70% e o dos mais ricos, 48%. O preço da carne bovina disparou por causa da forte demanda externa e da alta do dólar nos últimos meses. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a situação da população mais pobre piorou muito nos dois primeiros meses deste ano. Eles estão se deparando com o aumento da inflação e sem o auxílio emergencial. No ano passado, quando a inflação de alimentos consumidos no domicílio acumulou alta de 18%, segundo o índice oficial de inflação, o IPCA, havia uma renda extra, o auxílio emergencial, que suportava esse aumento de preços.

Na inflação oficial de janeiro, o último dado disponível, que foi de 0,25%, a alimentação respondeu por quase a totalidade do aumento, isto é, 0,22%. A expectativa é de que a inflação dos alimentos comece a perder alguma força a partir do final do primeiro trimestre. Ainda que a situação da pandemia continue crítica no Brasil, em outros países a tendência é de volta à normalidade por causa do avanço da vacinação. Isso deve gerar uma pressão menor de preços de alimentos no mercado internacional, o que deve trazer um alívio para inflação no Brasil. De toda forma, o fator mais sensível para a inflação de alimentos é o câmbio. A cotação do dólar pode se estabilizar e até cair no momento que a vacinação for acelerada no País, as reformas começarem a tramitar com mais velocidade e a confiança se recuperar. No entanto, mesmo que a inflação de alimentos tenha menor força, o cenário do consumo de alimentos para os próximos meses deverá ser mais complexo com o valor menor do auxílio emergencial. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.