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08/Mar/2021

Alimentos: governo não deverá intervir no mercado

O aumento dos preços dos produtos agrícolas preocupa o Ministério da Agricultura, mas não faz a Pasta pensar em medidas drásticas. O governo não vai investir em estocagem de alimentos ou limitar de alguma forma as exportações do agronegócio. O plano, que considera que não haverá problemas de abastecimento, é incentivar a produção para atender o mercado e monitorar os repiques de alta nas cotações. A solução não seria reduzir preços de maneira artificial, mas fazer com que eles estimulem o aumento da produção, e, assim, da oferta. Há particular atenção com o milho porque o encarecimento do grão tem reflexos sobre criadores, o que pode afetar a oferta das proteínas aos consumidores. O ministério quer estimular o plantio de área maior do cereal na safra de verão (1ª safra). Se aumentar a produção, será reduzido o ‘gap’ de picos de preços na entressafra.

Para isso, o Ministério da Agricultura desenha alternativas, como melhorar a subvenção ao seguro rural para milho safra de verão (1ª safra), corrigir o Preço Mínimo para que o governo garanta incentivo ao produtor e até bonificações no crédito. Em fevereiro, a ministra Tereza Cristina declarou que a alta preocupa, mas que os preços devem se acomodar no segundo semestre. O ministério ainda criou um comitê de crise (CC-AGRO-COVID19) para monitorar e propor estratégias para minimizar os impactos da pandemia sobre a produção agrícola e o abastecimento de alimentos e insumos. Todas as sugestões do segmento de proteína animal sobre a oferta de milho estão em análise. Entre elas estão a desoneração de PIS/Cofins para quem não dispõe do mecanismo de drawback, discutida com a equipe econômica, e a compra do cereal dos Estados Unidos, que depende de aprovação de transgenia pela CTNBio.

A extensão da isenção da tarifa de importação de países de fora do Mercosul, que tem vigência até o fim do mês, é improvável. O governo não tem gente suficiente para criar um sistema de informação sobre as exportações de milho, que daria previsibilidade aos pecuaristas, mas apoia que o setor privado o faça. O algodão já registra as exportações na B3 e o segmento do arroz quer implementar o mesmo mecanismo de transparência. O recrudescimento da pandemia tem puxado as cotações agrícolas para cima, cenário diferente do previsto para o início da colheita. O dólar é o grande fator que gera esses preços internos. Houve uma importação do problema. Mesmo assim, nada muda na política de estoque de alimentos. Se o governo sinalizar que vai entrar no mercado comprando qualquer quantidade de soja, milho ou trigo para fazer regulação de preço, joga o mercado para cima.

Se quiser fazer estoque, a tendência é elevar o mercado. Também não é cogitada a possibilidade de o governo adotar qualquer limitação às exportações, pois isso desestrutura o mercado. O estoque está apertado, mas não falta produto. A equipe da ministra Tereza Cristina confia no alinhamento com o Planalto e o Ministério da Economia para evitar surpresas ou interferências nesse direcionamento. A percepção é de que não há pressão para que faça algo que não está sintonizado com o pensamento da ministra. O arroz não é preocupação imediata do Ministério da Agricultura, que considera a produção suficiente para atender a demanda interna. A Pasta projeta que as exportações do cereal em 2021 serão menores que as do ano passado. A certeza, porém, é que a cultura mudou de patamar. Os preços antigos não voltam mais, mas a previsão de R$ 120,00 por saco de 50 Kg não deve se consolidar. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.