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08/Mar/2021

Alimentos: preços em patamares elevados em 2021

Em alta desde o início do ano passado, a ponto de gerar protestos da população e acender o sinal de alerta no governo, os preços dos alimentos seguem em geral firmes no mercado interno. E, no que depender de produtos de exportação como grãos, açúcar e café, poderão pressionar ainda mais o custo de vida dos brasileiros nos próximos meses. Os preços agrícolas não vão cair. Além de a demanda internacional continuar aquecida apesar das turbulências econômicas geradas pela pandemia, as cotações em dólar também têm sido sustentadas pelo bom humor dos mercados em relação às commodities, o que maximiza altas nas bolsas de Chicago e Nova York, por exemplo. Também colabora para aumentos nos supermercados do Brasil o câmbio favorável às exportações, uma vez que o País lidera os embarques mundiais de soja, açúcar e café e se destaca em milho e carnes, entre outros itens agropecuários.

Essa pressão altista exercida pelos preços agrícolas deverá dar o tom o ano todo, mesmo que arrefeça um pouco no segundo semestre. Em setembro, quando o pacote o arroz se aproximava de R$ 40,00 por saco de 5 Kg no varejo (quase 80% mais que em janeiro), o governo zerou a Tarifa Externa Comum (TEC) para importação do cereal de países de fora do Mercosul e, paralelamente, reforçou o discurso de que o pico era passageiro. Com mais uma safra recorde de grãos que começara a ser plantada, o governo prometia que, não só o arroz, mas também soja e milho, ficariam mais baratos. Cotas de importação de soja e milho sem TEC também foram anunciadas. Com as colheitas, de fato, o arroz caiu de forma expressiva, mas ainda para um patamar elevado. E, nos casos de soja e milho, as baixas aliviaram pouco os preços de óleos vegetais, carnes e ovos ao consumidor final.

Importador de trigo, o Brasil também sofre com os efeitos da alta do cereal sobre pães, massas e biscoitos. Assim, em janeiro, o grupo alimentação subiu 1,02% no IPCA (índice oficial da inflação), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e acumulou um avanço de 14,81% em 12 meses. No mês, o arroz teve alta de 0,24% (74,14% em 12 meses), e aves e ovos, de 0,69% (12,93% em 12 meses). O óleo de soja caiu 1,08% em janeiro, mas ainda acumulou aumento de 96,2% em 12 meses. Mesmo levando-se em conta que há produtos que estão mais baratos, e que os que começaram a ceder até poderão recuar mais com o aumento da oferta, o fato é que comer está caro. Com o fim do auxílio emergencial do governo, para muitas famílias, o que era suportável talvez não seja mais.

Esse contexto estimula discussões no Congresso em torno de uma nova rodada de auxílio, agora com parcelas variáveis de R$ 150,00 a R$ 375,00. O setor de alimentos e o varejo torcem por isso, mas o problema não será de todo resolvido. Os alimentos tendem a ganhar peso no orçamento das famílias que ainda estão no mercado. E muitas já não estão. Intervenções do governo nos mercados agrícolas com a adoção medidas como a restrição de exportações não devem ocorrer. Assim, não há alternativa e a substituição de itens mais caros por mais baratos na mesa dos consumidores deverá ganhar força. Com potencial para erodir a popularidade do presidente Jair Bolsonaro, já sob ataque por causa dos problemas causados pela Covid-19, os preços dos alimentos estão sendo monitorados de perto pelo Ministério da Agricultura.

Não há qualquer intenção do governo em voltar a investir em estocagem, como no passado, mas a facilitação de importações continua no radar. Porém, os preços de alimentos em dólar estão elevados. Em fevereiro, o indicador da FAO que mede as oscilações de cereais, óleos vegetais, carnes, lácteos e açúcar alcançou o maior patamar desde julho de 2014. Além disso, para os produtos mais negociados no mercado internacional, referenciados nas bolsas norte-americanas, o aumento dos aportes dos investidores em commodities ajuda a inflacioná-los. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros da soja acumulam alta de 55% em 12 meses, e os do milho, 40%. A base monetária está subindo nos Estados Unidos, onde o governo ampliou o apoio a cidadãos e empresas, e os efeitos disso ainda serão sentidos nos preços em dólar das commodities. E há risco de uma nova onda de alta do câmbio no segundo semestre. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.