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02/Mar/2021

Brasil: retomada econômica aquém da expectativa

Turbinada pelo impulso do auxílio emergencial no consumo das famílias, a economia brasileira terminará o ano da pandemia de Covid-19 com desempenho mediano, na comparação com os principais países. O tombo do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 deverá ser menos agudo do que o de vizinhos da América Latina, mas será maior do que nas economias emergentes da Ásia. Por outro lado, a retomada neste ano deixará a desejar, com ritmo inferior aos emergentes asiáticos e pouco abaixo dos pares latino-americanos, num cenário em que os Estados Unidos poderão ser destaque. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), com base nas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), atualizadas em janeiro, no somatório de 2020 e 2021, a economia brasileira deverá registrar uma retração média de 0,5% ao ano. A retomada de 2021 não recuperará totalmente o tombo de 2020, expectativa que já estava no cenário da maioria dos analistas.

Controle da pandemia, vacinação e prorrogação de estímulos para mitigar a crise dão o tom das diferenças entre a retomada de cada países. O Brasil poderá ficar ainda mais para trás na retomada deste ano, por causa do recrudescimento da pandemia e do ritmo ainda lento de vacinação, em meio ao cenário de incertezas políticas e econômicas. Com o impasse em torno da reedição do auxílio emergencial, uma retração da economia neste primeiro trimestre já é esperada e há quem aposte em dois trimestres de queda. Sem a vacina, o Brasil estará atrasado em relação aos demais países do mundo. Não tem vacina em quantidade necessária para imunizar 70% da população e alcançar a imunidade por rebanho. O crescimento da economia este ano pode ser menor que o esperado, principalmente, por causa da vacina.

Ano passado, o PIB do Brasil deve ter encolhido 4,5%, nas estimativas do FMI. As projeções de analistas nacionais, compiladas pelo Banco Central (BC), apontam uma retração de 4,3%, conforme o Boletim Focus. Este ano, a projeção do FMI aponta para um crescimento de 3,6%, ante 3,29% nas estimativas dos analistas brasileiros pesquisadas pelo Banco Central. As projeções locais vêm piorando. Há um mês, o Boletim Focus apontava crescimento de 3,50%. As estimativas para este ano serão calibradas após a divulgação do resultado oficial de 2020, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (03/03). A principal atividade econômica no País tem relação com o convívio social, que é a parte dos serviços. Isso faz com que o PIB do País seja bastante prejudicado pela pandemia. Os demais países (desenvolvidos) colocaram muito mais recursos em auxílio emergencial do que o Brasil foi capaz de colocar.

Embora o primeiro auxílio tenha tido um volume relevante, agora está sendo discutido um volume menor. A retomada do Brasil será mais lenta do que o agregado mundial e do que a recuperação dos emergentes. O FMI projeta que a economia global crescerá 5,5% este ano, avanço médio de 0,9% ao ano em 2020 e 2021. No geral, o crescimento projetado para o Brasil em 2021 fica no meio da lista de 30 países incluídos no levantamento da FGV: para 13 países, o FMI projeta crescimento superior ao estimado para o Brasil, enquanto 16 nações deverão crescer este ano num ritmo inferior ao brasileiro. Só que a retomada, no agregado, será puxada pela Ásia, com destaque para a China e a Índia. Tanto que os emergentes deverão crescer 6,3% neste ano, ritmo quase duas vezes maior do que o esperado para o Brasil. Conforme as projeções do FMI, o PIB da Índia deverá saltar 11,5%, a China deverá crescer 8,1%, seguidos de Malásia (7,0%) e Filipinas (6,6%).

Outros asiáticos terão crescimento mais moderado este ano, mas com base em quedas modestas em 2020, resultando em recuperação mais forte. É o caso da Coreia do Sul (avanço de 3,1% no PIB de 2021, mas vindo de uma queda de apenas 0,4% em 2020) e da Indonésia (crescimento de 4,8%, após uma retração de 1,9% em 2020). A China, na contramão, ou como está na frente, deverá começar a retirar estímulos antes da maioria do mundo. É esperada a normalização da economia chinesa, com a pandemia controlada, já a partir do segundo semestre. O crescimento brasileiro também deverá ficar abaixo de economias desenvolvidas, como Estados Unidos (5,1%), França (5,5%) e Espanha (5,9%). As revisões, para cima, nas expectativas de crescimento da economia norte-americana têm chamado a atenção, em função da possibilidade de o governo do presidente Joe Biden conseguir aprovar mais um pacote de US$ 1,9 trilhão para mitigar os efeitos da pandemia, para além dos US$ 900 bilhões aprovados em dezembro, com efeitos desde janeiro.

Além de mais estímulos, o controle da pandemia melhorou nos Estados Unidos, onde a vacinação contemplou 19,4% da população até o mês passado. Diferentemente do tombo inicial do segundo trimestre de 2020, quando todas as economias do mundo pararam mais ou menos ao mesmo tempo e da mesma forma, a recuperação econômica tem sido assimétrica entre os países, por causa das diferenças no controle da pandemia, no ritmo de vacinação e na capacidade de adotar estímulos. Na Europa, a Itália, fortemente atingida pela Covid-19 ainda em fevereiro do ano passado, antes mesmo de a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciar que se tratava de uma pandemia, deverá ter o pior desempenho médio em 2020 e 2021, com crescimento de 3,0% este ano, vindo de um tombo de 9,2% ano passado, segundo o estudo da FGV.

O aumento do número de casos de Covid-19 levou a novas medidas de restrição na virada do ano, colocando a possibilidade de retrações econômicas em diversos países europeus neste início de ano. Com a retomada aquém dos emergentes, a crise de 2020 deverá confirmar a saída do Brasil do grupo das dez maiores economias do mundo. Com o tombo de 2020, o País deverá fechar o ano como a 12ª maior economia em termos de valor do Produto Interno Bruto (PIB), ultrapassado por Canadá, Coreia do Sul e Rússia. A economia do Brasil enfrenta questões estruturais, e a pandemia é um choque pontual. O País encerrou a última década com uma média anual de crescimento de apenas 0,3%. No mesmo período, o PIB mundial avançou, em média, 2,8% ao ano.

O grupo de países emergentes conhecido como BRICS (Brasil, Rússia, Índia e China) avançou 3,4%, já considerando o baixo crescimento brasileiro. Se retirado o Brasil, o avanço médio da China, Índia e Rússia foi de 4,4% na última década. Fica muito claro e evidente que o Brasil tem algum problema crônico e interno. É um problema doméstico muito grave, que pode ser atribuído aos problemas que existem na gestão do Executivo nacional e do Congresso Nacional, conflitos que persistem ao longo do tempo. A política econômica tem sido aplicada da forma correta. Desde 2014, o País tem um grande problema fiscal e não há previsão sobre quando vai melhorar, porque não teve ainda coesão dos interessados, Executivo e Congresso, para fazer o que precisa aprovar. A reforma da previdência não foi feita como deveria, pois os militares foram retirados. Sempre tem algo em prol de pequenos grupos que acaba sobrecarregando todo o sistema. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.