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25/Fev/2021

Terras indígenas: governo quer facilitar exploração

O governo Jair Bolsonaro avança, aos poucos, em sua pauta para explorar o interior das terras indígenas, inclusive por não índios, apesar de o tema ser de competência do Legislativo, por exigir regulamentações previstas na Constituição Federal. Nesta quarta-feira (24/02), o Ibama e a Fundação Nacional do Índio (Funai) publicaram uma instrução normativa conjunta, que abre espaço para a produção agrícola no interior de terras indígenas, e não apenas pelos índios, mas também por meio de associações com outros produtores não índios. Só fica proibido o arrendamento puro e simples, ou seja, o aluguel da terra indígena para produtores. A instrução prevê que o processo de licenciamento ambiental das produções poderá ser feito pelos próprios indígenas usufrutuários por meio de associações, organizações de composição mista de indígenas e não indígenas, cooperativas ou diretamente via comunidade indígena.

Segundo os órgãos que assinam a instrução, há necessidade de construção de um normativo específico para estabelecer um rito específico entre Ibama e Funai para o licenciamento ambiental das atividades desenvolvidas pelos próprios indígenas, de forma isolada ou associativa. O regramento prevê que a Funai terá 30 dias para manifestar em relação à legitimidade do empreendedor para propor o licenciamento ambiental dentro da terra indígena, prazo prorrogável pelo Ibama por até mais dez dias. O Ibama, ao verificar se a atividade ou o empreendimento é potencialmente causador de degradação significativa ao meio ambiente, definirá quais estudos ambientais serão exigidos. A proibição legal de se explorar terras indígenas demarcadas não tem impedido que produtores fechem acordos com aldeias espalhadas por todo o País, avançando com o plantio de grãos e criação de gado sobre essas terras.

Em dezembro de 2018, foi feito um levantamento sobre as terras indígenas que eram alvos desse tipo de atividade irregular. Segundo dados fornecidos à época pela Funai, por meio da Lei de Acesso à Informação, havia ao menos 22 terras indígenas do País com trechos arrendados para produtores, o que continua a ser proibido, mesmo pela nova instrução. As negociações clandestinas entre produtores e indígenas incluem desde o pagamento de mensalidades para os índios, até a divisão da produção colhida ou vendida. Nessas 22 terras, havia mais de 48 mil índios convivendo com a exploração ilegal do solo. A área total arrendada aos produtores externos chegava a 3,1 milhões de hectares, um território equivalente a mais de cinco vezes o tamanho do Distrito Federal. É no Tocantins que se encontra o maior caso dessas irregularidades.

Na Ilha do Bananal, maior ilha fluvial do planeta, formada pelos rios Araguaia e Tocantins, lideranças de quase 4 mil indígenas de diversas etnias recebem mesadas para abrir suas terras a criadores de gado de corte. As margens da ilha de 1,3 milhão de hectares são cobiçadas pela qualidade do pasto, por conta do fluxo dos rios. A Região Sul do País é a que mais concentra as explorações ilegais. Das 22 terras indígenas com atividades irregulares, 7 ficam no Rio Grande do Sul e 1 no Paraná. Em fevereiro de 2019, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, fizeram uma visita à Cooperativa Agropecuária dos Povos Indígenas Haliti-Paresis, Nambikwara e Manoki, em Mato Grosso. Salles afirmou que os índios plantam e produzem com muita competência, demonstrando que podem se integrar ao agro sem perder suas origens e tradições. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.