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25/Fev/2021

China amplia fatia nas vendas externas do Brasil

Na pandemia, as vendas para a China deram um salto, passando de 1/4 para 1/3 do total de exportações do Brasil. Com a reaceleração da economia chinesa essa tendência deve se acentuar, mas, para que ela seja otimizada em todo o seu potencial, o Brasil precisa se preparar para diversificar suas vendas além das commodities e requalificar as suas relações diplomáticas. Há vinte anos, a China não figurava sequer entre os dez maiores parceiros comerciais do Brasil, respondendo por 2% das exportações nacionais, enquanto os Estados Unidos, principal parceiro à época, respondiam por 24%. Já em 2004, a China saltou para a quarta posição, e em 2009, com a crise financeira global, assumiu o primeiro lugar, onde se mantém e se manterá num futuro previsível. Na última década, o Brasil acumulou mais de US$ 170 bilhões de superávit com a China, 48% do saldo positivo com todo o mundo.

Entre 2019 e 2020, enquanto o total de exportações brasileiras caiu de US$ 225,4 bilhões para US$ 209,9 bilhões e as vendas para os Estados Unidos caíram de US$ 29,7 bilhões para 21,5 bilhões (27,6%), as vendas aos chineses subiram de US$ 63,4 bilhões para US$ 67,8 bilhões (7%), respondendo por inéditos 66% do superávit comercial. Em 2021, o apetite chinês pelas commodities brasileiras deve crescer. A economia da China, que em 2020 foi uma das poucas a crescer (2%), deve se expandir entre 8% e 9% em 2021. Sete dos dez principais produtos de exportação em 2020 foram destinados à China: além da soja, ferro e petróleo (somando 74% das vendas para os chineses), destacaram-se açúcar, celulose e especialmente a carne, por causa da peste suína africana (PSA).

Segundo o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), o País vive um incipiente processo de diversificação da pauta nas exportações do agronegócio para a China. Essa tendência deve se acentuar com a esperada elevação do grau de urbanização e da renda per capita do país. Toda essa expansão, no entanto, se deu não em razão da diplomacia do governo de Jair Bolsonaro, mas apesar dela. O governo brasileiro, nas suas manifestações públicas, tem apresentado algumas disfuncionalidades. Nos dois anos de Bolsonaro o Brasil não teve, a rigor, uma política externa, mas sim uma destruição da diplomacia. Com o governo de Joe Biden nos Estados Unidos, espera-se um revigoramento dos concertos multilaterais entre as nações democráticas para conter esses desmandos. Mas, será forçoso distinguir entre interesses econômicos comuns e divergências político-ideológicas.

No Itamaraty de Ernesto Araújo, contudo, impera o pior dos mundos: suas declarações impertinentes não contribuem nem para mitigar os abusos do regime chinês nem para fortalecer as relações econômicas com o país. Felizmente, por parte da China tem prevalecido o pragmatismo. De resto, forçado pelas circunstâncias, notadamente o fim da presidência de Donald Trump nos Estados Unidos e o fornecimento da Coronavac, praticamente a única opção do Brasil hoje para promover a vacinação em massa, o governo tem feito acenos positivos à China. Mas, é fato que o papel do Ministério das Relações Exteriores se tornou secundário. Hoje, Estados e empresas privadas têm seus próprios canais de conexão com o mundo. Ante um Itamaraty contraproducente, estimular esses canais deve estar na ordem do dia das autoridades políticas e empresariais. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.