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10/Fev/2021

Inflação reduziu o ritmo de alta no mês de janeiro

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,25% em janeiro, ante um avanço de 1,35% em dezembro de 2020. A taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses ficou em 4,56%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve elevação de 0,27% em janeiro, após um avanço de 1,46% em dezembro de 2020. Como resultado, o índice acumulou uma elevação de 5,53% em 12 meses. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários-mínimos e chefiadas por assalariados. Embora a inflação de alimentos tenha desacelerado na passagem de dezembro para janeiro, os preços da alimentação continuaram puxando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O grupo Alimentação de bebidas avançou 1,02% em janeiro, respondendo por 0,22% da alta de 0,25% registrada no IPCA agregado. A desaceleração do IPCA em janeiro levou o mês a ter a taxa mais baixa desde agosto de 2020, quando o índice subiu 0,24%. O grupo Alimentação e bebidas desacelerou ante uma alta de 1,74% em dezembro. Os alimentos para consumo no domicílio, que haviam subido 2,12% no mês anterior, variaram 1,06% em janeiro. Essa desaceleração foi puxada pela alta menos intensa das frutas (2,67%) e pela queda no preço das carnes (-0,08%), que, em dezembro, haviam subido 6,73% e 3,58%, respectivamente. Além das carnes, houve recuos no leite longa vida (-1,35%) e o óleo de soja (-1,08%).

Puxado pelo dólar e alta de cotações da soja, o óleo de soja acumulou alta de 103,79% em 2020. Na contramão, os preços da cebola (17,58%) e do tomate (4,89%), que haviam recuado no mês anterior, subiram em janeiro, contribuindo com um impacto conjunto de 0,03%. A alimentação fora do domicílio seguiu movimento inverso, acelerando de 0,77% em dezembro para 0,91% em janeiro, particularmente por conta da alta do lanche (1,83%). A conta de luz foi a principal responsável pela desaceleração da inflação em janeiro. O item energia elétrica recuou 5,60% no IPCA de janeiro, tirando, sozinho, 0,26% da variação do indicador agregado, que registrou alta de 0,25. Janeiro foi muito marcado por energia elétrica, embora tenha havido desaceleração de outros itens.

A deflação na conta de luz se seguiu à forte alta de 9,34% registrada em dezembro. O vaivém foi comandado pelas bandeiras tarifárias, taxa extra na conta aplicada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para compensar o uso de usinas térmicas, com custo de geração de eletricidade mais elevado. Em dezembro, a bandeira tarifária era vermelha patamar 2, com acréscimo de R$ 6,243 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Em janeiro, a bandeira passou para amarela, com taxa extra de R$ 1,343 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Com a conta de luz, o grupo Habitação teve deflação de 1,07% no IPCA de janeiro, com impacto negativo de 0,17% no índice agregado. Em contrapartida, o gás de botijão ficou 3,19% mais caro em janeiro, oitava alta seguida, com impacto positivo de 0,04%, o terceiro maior impacto de alta.

Ao lado do grupo Habitação, houve deflação também no grupo Vestuário, com queda de 0,07% no IPCA de janeiro. A desaceleração no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em janeiro foi puxada também pelos preços dos transportes. O grupo Transportes avançou 0,41% em janeiro, ante 1,36% em dezembro de 2020. Mesmo assim, teve o segundo maior impacto de alta no mês, adicionando 0,08% na alta de 0,25% no IPCA agregado. A passagem aérea foi a principal responsável pela desaceleração do grupo Transportes, com deflação de 19,93% em janeiro, após uma alta de 28,05% em dezembro. O vaivém responde a lógica tradicional da demanda, com maior procura por viagens em dezembro e menor em janeiro.

Outro componente importante do grupo Transportes, os combustíveis aceleraram para uma alta de 2,13% em janeiro, ante um avanço de 1,56% em dezembro de 2020. A gasolina subiu 2,17% e foi, isoladamente, o item com maior impacto de alta no IPCA de janeiro, adicionando 0,11% ao índice agregado. Foi a oitava alta seguida da gasolina no IPCA. O óleo diesel subiu 2,60%. Os preços dos automóveis novos (1,31%) também subiram, contribuindo com 0,04% no resultado do mês, segundo maior impacto de alta. Ainda em Transportes, houve alta de 0,04% no item ônibus urbano, por causa de reajustes em Campo Grande (MS) e Vitória (ES). Nos ônibus intermunicipais houve deflação de 0,47%.

Embora a inflação de alimentos tenha desacelerado em janeiro, o alívio veio de itens importantes que haviam subido muito em 2020. Chama a atenção a influência dos preços das carnes. A desaceleração na inflação de alimentos foi puxada pelas frutas e pela queda das carnes. Normalmente, alimentos in natura, como frutas, legumes e verduras, ficam mais caros em janeiro, por causa das chuvas de verão. A dinâmica de preços das carnes não segue muito essa lógica climática sazonal. Em dezembro, as carnes subiram 3,58%, abaixo dos 6,54% de novembro. Em janeiro, a desaceleração continuou e os preços médios passaram para o campo negativo, com queda de 0,08%. Isso após as carnes acumularem alta de 17,97% em 2020.

O alívio nos preços das carnes pode estar relacionado tanto a uma redução da demanda, já que, no fim de 2020, o auxílio emergencial pago pelo governo federal durante a pandemia de Covid-19 teve o valor reduzido até ser extinto no início deste ano, quanto a uma normalização da produção após uma elevação nas exportações. Esse movimento de normalização já tinha ocorrido na passagem de 2019 para 2020. No fim de 2019, houve forte alta nos preços das carnes, já que os frigoríficos nacionais direcionaram sua produção para exportar para a China, pois a demanda cresceu fortemente, após a peste suína africana (PSA) atingir seus rebanhos. Depois, nos primeiros meses de 2020, houve deflações até abril. De maio em diante, os preços das carnes começaram a subir.

O movimento foi explicado pela retomada nas exportações, que reduz um pouco os estoques para o mercado nacional, e algum aumento da demanda interna, puxada pelo auxílio emergencial. A mesma dinâmica está por trás da inflação de alimentos ao longo do segundo semestre. A deflação de 0,08% nas carnes em janeiro é baixa para sinalizar tendências. Algo parecido ocorreu com o óleo de soja, que registrou deflação de 1,08% no IPCA de janeiro, desacelerando ante uma alta de 4,99% em dezembro. E depois de acumular salto de 103,79% no ano passado. Na mesma linha, o leite longa vida teve deflação de 1,35% em janeiro, ante a alta de 1,57% em dezembro. Mesmo assim, o preço médio do leite longa vida acumula alta 25,69% em 12 meses até janeiro. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.