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01/Fev/2021

ESG: aumento no apetite de investidores externos

Empresas brasileiras já captaram US$ 5,3 bilhões no exterior este mês, com forte interesse dos investidores internacionais. O destaque nas emissões deste começo de 2021 foi o crescimento de ofertas com critérios sustentáveis (ESG), com nomes como Klabin, Simpar e Movida emitindo papéis com compromissos ambientais, e até o Tesouro sinalizando interesse em fazer algo semelhante. Apesar do volume forte, o total de janeiro deve ser menor que o mesmo mês de 2020, com US$ 7,3 bilhões em operações externas, então o melhor mês desde 2011. No câmbio, porém, o efeito gerado pelas emissões externas foi muito baixo e pontual, com a situação fiscal ruim do Brasil pressionando o Real. Além disso, muitas empresas, como a Marfrig, emitiram para alongar suas dívidas, recomprando títulos emitidos no passado, aproveitando assim as taxas mais baixas por conta da enorme liquidez mundial. Nesse tipo de operação, boa parte dos dólares nem entra no País.

Ainda na lista de emissões que já estão no mercado, a Hidrovias do Brasil está perto de concluir venda de US$ 500 milhões. A emissão da Klabin, uma das primeiras de 2021, de títulos de dívida sustentáveis, ligados a compromissos com o consumo de água da empresa de papel e celulose e até com a recolocação no ecossistema de pelo menos duas espécies extintas ou ameaçadas de extinção, teve demanda que chegou a US$ 4 bilhões. Foi o melhor começo de ano da história para a emissão de títulos sustentáveis. Esta tendência deve se consolidar ainda mais nos próximos meses, com o tema ganhando força nos Estados Unidos na administração de Joe Biden. Em janeiro, com a liquidez sem precedentes nos mercados, não faltou demanda para títulos de dívida, mesmo os não sustentáveis, seja de empresas ou soberanos.

Nesse ambiente, o México conseguiu colocar papéis com prazo de 50 anos, algo raro para um país emergente. A empresa argentina de comércio eletrônico MercadoLibre captou US$ 1,1 bilhão em sua estreia no mercado internacional, com demanda pelos títulos, que tinham uma tranche ESG, batendo em US$ 15 bilhões. Inícios de ano são tradicionalmente uma janela para emissões externas, mas, mesmo assim, chama atenção o sucesso de várias operações em 2021, como a da Klabin e as de México e Indonésia captando com prazo de 50 anos. Mas, o exemplo mais impressionante é a Eslovênia, que emitiu 1,75 bilhão de euros em papéis de 10 anos com taxa de retorno (yield) negativo, em -0,096%. A demanda chegou a 10,6 bilhões de euros. A agência de classificação de risco S&P Global Ratings projeta que as emissões corporativas e de governos vão bater em US$ 8 trilhões no mundo em 2021.

A JPMorgan Asset Management observa que alguns investidores institucionais, sobretudo europeus, têm mostrado mais interesse por investimentos ESG, até por questões regulatórias da Europa, que pedem este tipo de aquisição. Para o investidor asiático e norte-americano, o tema tem ganhando tração, com mais emissões verdes e fundos optando por excluir companhias que desrespeitam o meio ambiente. Na Simpar, dona da JSL e da Movida, que também vendeu papéis sustentáveis, ligados à redução de emissão do gás carbônico, a procura foi mais que o dobro da oferta, chegando a US$ 1,2 bilhão. Na emissão do BTG Pactual, com demanda chegando a US$ 1,1 bilhão, o banco conseguiu colocar os papéis a taxas mais baixas, a 2,875%, de 3,25% da sinalização inicial. O dinheiro captado vai financiar projetos sustentáveis, assim como na oferta do Itaú Unibanco. Tem havido um fluxo externo para o Brasil, mas não tem sido suficiente para reverter a trajetória de valorização do dólar. O País tem outros problemas, como o fiscal. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.