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21/Jan/2021

Política ambiental pode impactar relação com EUA

Após quatro anos de incerteza no comércio internacional causada pela tensão entre China e Estados Unidos, os exportadores brasileiros passam a ter outro motivo de apreensão com a chegada de Joe Biden à Casa Branca. A preocupação começa a ser, agora, com a política ambiental do governo Jair Bolsonaro, que já vem estremecendo as relações com a União Europeia. Antes mesmo de ser eleito, Joe Biden ameaçou o Brasil por causa da falta de medidas para frear o desmatamento da Amazônia. Ele afirmou que, se não parar o desmatamento, o Brasil irá enfrentar consequências econômicas significativas. Biden não especificou se poderia haver sanções comerciais, mas, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), é possível vislumbrar um cenário negativo para os exportadores brasileiros.

A péssima reputação do governo Bolsonaro no quesito ambiental já abriu espaço para que protecionistas no exterior fechem seus mercados para produtos brasileiros. O acordo de livre-comércio com a União Europeia está congelado. Houve países como Irlanda que ameaçaram punir as exportações brasileiras. Não é inconcebível que interesses protecionistas nos Estados Unidos aproveitem a reputação do Brasil nesse quesito para tentar bloquear o acesso brasileiro ao mercado norte-americano. Possíveis bloqueios dependerão também da situação dos Estados Unidos e poderão mudar de segmento para segmento. Restrições à importação de laranja, por exemplo, costumam ser improváveis quando ocorrem geadas na Flórida, prejudicando a produção local. As relações comerciais foram estáveis nos últimos anos e a política ambiental brasileira é o único ponto com potencial para alterar essa tendência.

Nos últimos dez anos, não houve grande alteração no fluxo entre os países, que diminui quando tem crise, mas depois melhora. O que pode mudar isso é alguma orientação de Biden em relação às exigências ambientais. A administração Biden poderia seguir o exemplo da União Europeia, onde está em consulta pública a possibilidade de se introduzir sanções a mercadorias cuja produção tenha causado desmatamento. Porém, o maior risco estaria nos fluxos de investimento direto e financeiro. O País poderia ser enquadrado por não ter boas práticas ESG (aspectos ambiental, social e governança), e isso ser um limitador de investimento, como já foi visto fundos europeus fazerem. As dificuldades decorrentes da política ambiental são uma das poucas questões que os especialistas já veem como definidas.

Em outras áreas, ainda será preciso aguardar maiores sinalizações. Por enquanto, ainda não está definido nem quem será responsável por comandar a implementação do acordo de facilitação de comércio, assinado em setembro, e que em tese poderia reduzir a burocracia nas exportações. A intenção é que o documento seja também a base para um acordo comercial mais amplo. Mas, não é possível prever se Biden vai dar continuidade ao projeto. Porém, o presidente eleito poderá ser pragmático. Neste caso, a relação entre os países tende a ser amigável, porque o Brasil também tem uma importância geopolítica na região. A concretização de um acordo comercial entre os países seria a única forma de alavancar as exportações brasileiras para os Estados Unidos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.