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10/Dez/2020

Acordo Brasil - Reino Unido: os cenários pós Brexit

Em mapeamento feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) sobre o potencial de aumento das vendas de produtos agropecuários para o Reino Unido depois do Brexit, como é chamada a saída do país da União Europeia (UE), a entidade se surpreendeu com o fato de as exportações chinesas do setor superarem as domésticas. As importações britânicas de produtos agrícolas somaram US$ 106 bilhões no ano passado e os países da União Europeia foram os principais fornecedores, com uma fatia de 64%. O Brasil ficou na 16ª colocação, com vendas totais de US$ 1,4 bilhão ou fatia de 1,3%. A China ocupou a 8ª posição, com um total de US$ 6,140 bilhões (5,8%). O fato de a participação brasileira no mercado agrícola britânico ser pequena é um ponto que mostra o potencial de aumento das vendas para o País.

É natural que os sete principais vendedores de produtos agropecuários para o Reino Unido serem de outros países da Europa por causa da proximidade e do mercado único, do qual os britânicos dispõem até o fim deste ano. Mas, o fato de a China estar em oitavo lugar mostra que o Brasil pode crescer, pois o País também é distante e não tem acesso preferencial como o Brasil. Além disso, o Brasil é grande exportador de produtos agropecuários. O primeiro lugar do ranking está com a Holanda (US$ 10,923 bilhões ou 10,3%) e o segundo com a Alemanha (US$ 9,569 bilhões ou 9%). Na sequência vêm França (US$ 8,325 bilhões ou 7,9%), Itália (US$ 7,452 bilhões ou 7%), Irlanda (US$ 7,047 bilhões ou 6,7%) e Espanha (US$ 5,460 bilhões ou 5,2%).

Os Estados Unidos estão na 10ª colocação, com exportações de US$ 3,830 bilhões (3,6%). A falta de produtos mais diferenciados da pauta brasileira explica uma posição tão baixa do Brasil na lista. Por isso, é preciso preparar as empresas nacionais para que apresentem seus produtos com mais sofisticação e, assim, possam atender o mercado britânico. A CNA pretende preparar rodadas de negócios para estimular as vendas para o Reino Unido dentro do projeto chamado Agro BR. Nestes seminários, que ultimamente têm ocorrido de forma virtual por causa da pandemia do novo coronavírus, a entidade amplia a capacitação do produtor para vender para o exterior. No caso do mercado britânico, serão detalhados os requisitos de embalagem para o país, de qualidade dos produtos e noções de logística, entre outros.

Um dia depois de o Reino Unido e a União Europeia (UE) chegarem a um acordo comercial preliminar que entrará em vigor a partir do ano que vem, quando o divórcio começa a valer na prática, um estudo exclusivo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) detalha de forma discriminada as principais oportunidades para as exportações locais para o mercado britânico depois da separação. São 50 produtos com alto potencial de entrada ou ampliação das vendas, que vão de frutas, peixes, farinhas, óleos vegetais e itens apícolas a bebidas alcoólicas e couro. O trabalho está em fase final de preparação e será divulgado oficialmente aos exportadores no dia 17 de dezembro. A entidade listou os principais produtos pelo seu potencial. O estudo tem como ponto de partida o anúncio feito em maio pelo governo britânico de que a partir de 2021 entrarão em vigor mudanças no regime tarifário de importações. Entre elas, estão reduções de tributos, alguns, inclusive, a zero, e simplificações sobre 563 produtos do agronegócio, quase metade de todo o comércio do setor do Reino Unido com o restante do mundo.

No caso das vendas brasileiras para o país, 37% da pauta será beneficiada de alguma forma, tendo como base o comércio de 2019, e 15% dela foi classificada como os produtos com maiores oportunidades depois do Brexit. O montante liberalizado é equivalente a US$ 533 milhões das vendas brasileiras para o país no ano passado. Os produtos listados como os que têm maior potencial para o comércio futuro entre os países representaram US$ 79,3 milhões das transações de 2019. Porém, as alterações tarifárias são válidas para todos os países, e não apenas para o Brasil e, portanto, é preciso que o exportador se apresse para apresentar a melhor relação de custo e benefício para o comprador. Este foi um ponto que preocupava o governo brasileiro, já que a concorrência da União Europeia no mercado agrícola britânico pode se tornar mais acirrada após o Brexit. A Embaixada do Brasil em Londres recentemente também publicou um trabalho sobre esse ponto. O objetivo do trabalho foi o de mapear novas oportunidades, mas é difícil indicar um montante de ampliação das vendas pelo Brasil. É complicado fazer uma estimativa porque a liberalização das tarifas não é apenas para o Brasil

Isso vai depender de como os agentes daqui e de outras partes do mundo vão se posicionar. As frutas são apontadas pela equipe que confeccionou o estudo como a maior aposta de ampliação do comércio. As frutas, principalmente as tropicais, são o maior destaque da pauta futura. A Europa continental é responsável por mais de 60% das vendas brasileiras para o exterior e o Reino Unido praticamente não tem produção doméstica. É um setor que tem alto valor agregado para o produtor no Brasil, alto valor nutricional e que é procurado no mercado de alta renda. O trabalho revela que as compras de limão, por exemplo, passarão a contar com redução tarifária de quase 14% em relação às taxas adotadas pelo bloco. A de uvas e maçãs, que são itens bastante produzidos na Europa, também foi diminuída. No caso de vinhos e cacau em pó, o ingresso no mercado britânico passará a ser feito com imposto menor. Um dos segmentos mais beneficiados é o de óleos essenciais, que tiveram tarifas zeradas em todos os produtos.

O Brasil é um importante fornecedor de óleos essenciais de laranja ao Reino Unido, tendo ocupado um terço das importações no ano passado. O produto é usado na indústria alimentícia, de limpeza, de cosméticos e que o óleo essencial de tangerina, por exemplo, também é usado para curtir couro. Em 2019, os cinco principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro vendido para o país foram responsáveis por 62% das exportações: carne de frango (14,9%), madeira (14,5%), frutas, exceto nozes e castanhas, (12,5%), celulose (11,5%) e soja em grãos (9,1%). Sobre o conjunto de soja, houve uma melhora qualitativa de 2017 a 2019, com redução nas importações de soja em grãos (queda à taxa média de 21,4% ao ano) e aumento das compras de farelo de soja (passando de US$ 15,4 milhões, em 2017, para US$ 94,6 milhões em 2019). A situação do Brexit ainda continua indefinida. Um dos principais obstáculos entre um consenso entre as partes segue sendo o controle de águas de pesca. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.