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04/Dez/2020

Agronegócio: oportunidades e desafios no Brasil

Em algumas décadas o Brasil passou de importador a um dos maiores exportadores agrícolas do mundo, em vias de se tornar o maior. Em chocante contraste com a indústria, essa história de sucesso foi calcada no empreendedorismo, boas políticas de crédito e fomento, parcerias público-privadas e pesquisa e inovação de ponta. Não à toa o agro foi o único setor com desempenho positivo na pandemia. A agropecuária se encontra em um momento crucial da história, dadas as oportunidades e desafios gerados pelo crescimento demográfico, inovações biotecnológicas, demandas de sustentabilidade e atritos comerciais entre potências como Estados Unidos, China e Europa. Em contrapartida, as políticas externa e ambiental autodestrutivas do governo, combinadas à difamação promovida por demagogos e competidores internacionais, têm provocado distúrbios que ameaçam o desenvolvimento do setor.

Há um consenso de que o agro melhorou a tecnologia, elevou a eficiência e vem reduzindo fortemente a pressão por desmatamento ao recuperar áreas degradadas com processos que combinam a redução de gases de efeito estufa com mais produtividade. Ao mesmo tempo, há uma apreensão geral com os desconcertos entre o poder público e o agro que produz e preserva. Todas as partes interessadas concordam que é imperativo implementar plenamente o Código Florestal, sobretudo no combate ao desmatamento. Além disso, é indispensável mobilizar esforços para a regularização ambiental e fundiária. Ante esses desafios, assim como em setores como produtividade, sustentabilidade, redução de custos e crédito, há altas expectativas em relação às novas tecnologias digitais. Mas, nesse ponto, a gargalos históricos, como a infraestrutura deficitária de transporte e logística, vêm se juntar novos, como a conectividade no campo.

Isso demandará um esforço do poder público para otimizar seus investimentos e modernizar quadros regulatórios que facilitem a injeção de capital privado. A pressão por boas práticas ambientais e segurança alimentar de potências geopolíticas e de megablocos de investidores só aumentará. É imperativo que o poder público e a iniciativa privada se alinhem para fortalecer a comunicação em fóruns internacionais das conquistas brasileiras, como a integração lavoura-pecuária-floresta, matrizes bioenergéticas limpas, agricultura intensiva, melhoramento genético e bem-estar animal. Em especial a pecuária, comumente vista como duvidosa na reputação ambiental do agronegócio, pode ser uma alavanca transformadora. Muitos experimentos bem-sucedidos comprovam que a pecuária pode não só ser sustentável, como contribuir fortemente para o sequestro de gases de efeito estufa. O desafio para os próximos anos é aprimorar e disseminar essas técnicas em larga escala.

A regularização ambiental e a regularização fundiária também são fundamentais. Muitos movimentos ambientalistas, ainda que bem-intencionados, vilanizam todo esforço de reinclusão de produtores com histórico de irregularidades ambientais e a regularização de propriedades rurais como um favorecimento à grilagem e ao desmatamento. Mas, é preciso separar o joio do trigo. Sem prejuízo da punição aos criminosos, uma regularização fundiária bem feita, além de facilitar a fiscalização ambiental, pode reintegrar à cadeia produtiva milhões de pequenos produtores e suas famílias, que atualmente trabalham na clandestinidade e em situação de alta vulnerabilidade jurídica e social. O agronegócio é provavelmente a peça-chave para que o Brasil possa cumprir a sua dupla vocação de celeiro do mundo e guardião da maior biodiversidade do planeta. Não se pode poupar esforços para aprimorar suas práticas imperfeitas e coibir as más. Porém, é preciso ao mesmo tempo, e com igual ênfase, prestigiar as boas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.