ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

04/Dez/2020

Empresas do agronegócio se preparam para IPO

O cenário de juro baixo, que está impelindo cada vez mais investidores e empresas ao mercado acionário, também está provocando uma corrida das companhias do agronegócio à Bolsa. O setor, que há tempos sustenta o PIB brasileiro, vinha distante das ofertas de ações. Mas, agora, seis empresas do segmento já entraram com o pedido na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para realizarem suas ofertas iniciais de ações (IPO). E o número promete crescer: outras companhias já contrataram bancos para estruturar a operação. A busca por recursos na Bolsa ocorre porque os juros baixos abrem mais uma possibilidade de financiamento, que não a via do endividamento. O Brasil tem uma economia voltada ao agronegócio e é estranho a baixa representatividade do setor na Bolsa.

Incluindo na conta o setor de proteína animal, que tem gigantes listadas, como JBS, Marfrig e Minerva, o agronegócio responde por apenas 4% do valor de mercado total da B3. O setor de açúcar e álcool é um dos que vêm se profissionalizando e quer levantar dinheiro com a venda de ações. Uma das empresas na fila para o IPO é o Centro de Tecnologia Canavieira (CNT), de Piracicaba (SP), que atua com soluções agrícolas e industriais para o setor sucroenergético. A Companhia Mineira de Açúcar e Álcool (CMAA) é outra do mesmo ramo disposta a estrear na Bolsa. Em um ano de pandemia em que praticamente todos os setores sofreram um tombo, o PIB do agronegócio brasileiro registrou alta de 6,75% de janeiro a julho, o que equivale a R$ 109 bilhões, segundo os dados mais recentes do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Esse movimento (de empresas do setor querendo abrir capital) tem relação com o cenário dos juros baixos atrelado ao crescimento expressivo que o agro brasileiro tem tido. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), com o câmbio favorável, diversas empresas têm tido um excelente desempenho neste ano. O setor do agronegócio do Brasil conta com uma estrutura de financiamento bastante arrojada, mas o momento dos juros baixos, que torna o mercado de capitais mais pujante, tem atraído as empresas do setor em busca de capital para investir, principalmente as ligadas à tecnologia. O financiamento agrícola no Brasil é sofisticado, mas para o crescimento via novas tecnologias o espaço mais adequado é o mercado de capitais, e isso é um movimento global. Da área de biotecnologia, a Granbio entrou com o pedido de abertura de capital com o objetivo de utilizar parte do dinheiro a ser levantado para a construção de sua primeira unidade de produção de nanocelulose (menor e mais resistente unidade da biomassa) em escala global.

Na fila dos IPOs estão ainda a Vittia, de defensivos agrícolas, de São Joaquim da Barra (SP); a fabricante de sementes de soja Boa Safra, de Goiás; e a Oleoplan do Rio Grande do Sul, fabricante de biodiesel. Isso é uma tendência. Com o decréscimo dos juros, setores que se financiavam de uma forma diferente estão olhando para o mercado de capitais como alternativa. As empresas do agronegócio já acessam o mercado de capitais, utilizando muito, por exemplo, o certificado de recebíveis do agronegócio, os CRAs. A busca das empresas do agronegócio pelo mercado de capitais ocorre ainda em um momento em que bancos públicos, incluindo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), diminuíram o fluxo de capital para o setor, que passou a ser mais irrigado pelos bancos privados. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.