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03/Dez/2020

Evolução da agropecuária no Brasil desde 1920

Nos últimos 47 anos, a agropecuária cresceu em média 3,22% ao ano. Entre os censos de 2006 e 2017, a taxa de crescimento aproximou-se de 4,3%, superando Estados Unidos (1,9%), China (3,3%), Chile (3,1%) e Argentina (2,7%). De 1995 a 2017, o Valor Bruto da Produção dobrou, sendo que a tecnologia foi responsável por mais de 60% desse crescimento. Esses são alguns dos dados do livro “Uma Jornada Pelos Contrastes do Brasil: Cem anos do Censo Agropecuário”, lançado no dia 1º/12, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O livro traz um diagnóstico atual da agropecuária brasileira a partir de uma análise histórica e de informações estatísticas coletadas pelo censo agropecuário, realizado no País desde 1920. A publicação está dividida em 5 temas: produção e renda, produtividade e inovação, agricultura familiar, políticas públicas e sustentabilidade produtiva.

Os dados serão fundamentais para o planejamento da agropecuária do futuro. A ministra Tereza Cristina destacou os desafios apontados pelo livro, como facilitar o acesso de pequenos e médios produtores ao crédito rural e ampliação da oferta da assistência técnica aos agricultores familiares. O crédito rural seja deve ser cada vez mais inclusivo e que traga cada vez mais renda e benefícios para os produtores. Quanto à assistência técnica, ainda não foi possível sair do patamar de 17%. Ressalta-se a participação cada vez maior do setor na economia brasileira. Estimativas apontam que as cadeias produtivas do agro (produção, armazenagem, comercialização, etc) podem chegar a 25% do PIB. O agro é que vai fazer o futuro do Brasil e é onde estão as vantagens competitivas. Um dos capítulos do livro mostra como a tecnologia transformou a agropecuária brasileira em um modelo de sucesso e alavancou o Brasil, de importador de alimentos, a um dos principais players no cenário agrícola mundial.

Em 1995-1996, a tecnologia respondia por 50,6% do total da produção do agro, ao lado de 31,3% do uso da mão de obra e 18,1%, da terra. Em 2006, esse percentual passou para 56,8% e, em 2017, saltou para 60,6%. O setor caminha muito rápido. A agricultura está se especializando em produtos de alto valor agregado e de inovação tecnológica, como por exemplo, o desenvolvimento de variedades de sementes mais adaptadas aos diferentes tipos de solo e clima do País. Outros dados demonstram a evolução da agropecuária. Em 1920, contabilizaram-se 648 mil estabelecimentos. De outro, em 2017, havia em torno de 5 milhões de estabelecimentos produtivos. Nesse período, a área de produção subiu de 175 milhões para cerca de 351 milhões de hectares. A população ocupada mais do que dobrou, chegando a 15 milhões de pessoas empregadas no campo. A mudança na frota de tratores é outro indicador da modernização do setor. A oferta de máquinas agrícolas cresceu no País junto com o avanço da soja e do milho a partir da década de 1960, com o surgimento de variedades dos grãos mais adaptadas ao clima e condições do País.

A mecanização, mensurada em tratores por hectare, cresceu significativamente entre 1970 e 2017, de 4,88 tratores por mil hectares, na primeira data, para 17,08 tratores por mil hectares, no segundo período, demonstrando um vigoroso processo de mecanização do campo brasileiro. Com adoção de máquinas e práticas mais modernas, o produtor rural também viu sua renda bruta crescer e os custos reduzirem. O desafio agora é a difusão das soluções inovadoras para todos os produtores rurais do País, de pequeno, médio e grande porte. No quesito sustentabilidade, o livro traz uma análise sobre a adoção do Sistema Plantio Direto (SPD) no País. O plantio direto é uma alternativa tecnológica para aumentar a produtividade agrícola e minimizar a emissão dos gases de efeito estufa. No plantio direto, é mantida a cobertura permanente do solo com resíduos vegetais (palhada) ou plantas vivas por mais tempo possível, as culturas são diversificadas ampliando a biodiversidade, uso de insumos de forma precisa e controle do tráfego de máquinas e equipamentos agrícolas.

Entre os censos agropecuários de 2006 e 2017, a área total com plantio direto passou de 17,9 milhões para 33,1 milhões de hectares (crescimento de 84,9%). Quanto aos estabelecimentos rurais com SPD, a expansão foi de 9,2%, de 506,7 mil para 553,4 mil. O crescimento da área com o sistema foi percebido principalmente nas Regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste. A evolução da adoção do plantio direto entre os dois censos agropecuários está associada à maior proporção de lavouras temporárias; e ao maior acesso aos insumos de produção, crédito e assistência técnica. Os autores do capítulo sugerem maior acesso dos produtores ao financiamento rural e assistência técnica para o avanço do plantio direto. Fonte: Ministério da Agricultura. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.