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30/Nov/2020

Taxa de desemprego cresce no 3º trimestre/2020

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação no Brasil ficou em 14,6% no terceiro trimestre, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). No terceiro trimestre de 2019, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 11,8%. No trimestre móvel até agosto de 2020, a taxa de desocupação estava em 14,4%. A renda média real do trabalhador foi de R$ 2.554,00 no terceiro trimestre. O resultado representa alta de 8,3% em relação a igual trimestre do ano anterior. A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 205,3 bilhões no terceiro trimestre, queda de 4,9% ante igual período do ano anterior. Apesar da recuperação da economia no terceiro trimestre, o mercado de trabalho continuou fechando vagas, conforme o contingente da população ocupada.

O Brasil alcançou uma população ocupada de 82,464 milhões de trabalhadores no terceiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre, houve queda de 1,1%, indicando o fechamento de 883 mil vagas, entre formais e informais. Na comparação com o terceiro trimestre de 2019, a queda foi de 12,1%, ou 11,337 milhões de pessoas a menos trabalhando. Com a queda, o total da população ocupada registrou o recorde negativo de menor nível desde o início da série da Pnad Contínua, em 2012. Chama a atenção a desaceleração no ritmo de queda da ocupação no terceiro trimestre. No segundo trimestre, a queda ante os três primeiros meses do ano foi de 9,6%, com o fechamento de 8,3 milhões de postos de trabalho, entre formais e informais, cerca de dez vezes mais do que a perda registrada no terceiro trimestre, ante o segundo. Ainda que a melhora esteja ocorrendo, o tamanho da perda foi muito grande.

Houve queda na ocupação no segundo trimestre.

A redução na queda da população ocupada já pode ser considerada um processo de melhora no mercado de trabalho. De fato, dado o tamanho da perda de ocupação é complicado esperar já no terceiro trimestre a reversão. A fila de desempregados seguiu crescendo no terceiro trimestre, mesmo com a desaceleração no ritmo de fechamento de vagas. A população desocupada somou 14,092 milhões de brasileiros no terceiro trimestre. Com isso, a taxa de desocupação, de 14,6%, foi a maior da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012. Em termos absolutos, o contingente de desempregados ficou muito próximo do recorde, de 14,105 milhões, registrado na virada de 2016 para 2017, fundo do poço da recessão de 2014 a 2016. Na comparação com o segundo trimestre, o contingente de desocupados cresceu 10,2%, com 1,302 milhão de brasileiros a mais no desemprego.

Ante um ano atrás, a alta foi de 12,6%, com 1,577 milhão de desocupados a mais. O crescimento da desocupação já era esperado porque grande parte dos trabalhadores que perderam seus trabalhos, ou seja, saíram da população ocupada, foram para fora da força de trabalho. Por causa das medidas de isolamento social para conter a pandemia de Covid-19, muitos que perderam suas ocupações, tanto formais quanto informais, ficaram em casa e evitaram procurar novas vagas. Pela metodologia internacional das estatísticas de mercado de trabalho, só é considerado desocupada a pessoa que tomou alguma atitude para buscar ativamente um trabalho.

Assim, conforme as medidas de isolamento foram sendo flexibilizadas, ao longo do terceiro trimestre, a partir de junho, mais trabalhadores voltaram, aos poucos, a procurar trabalho. Aqueles que não encontraram foram considerados desocupados. Efetivamente, há mais pessoas procurando o trabalho. Podem ser pessoas que estavam na força de trabalho potencial. É bastante provável que esse movimento seja puxado por um retorno de trabalhadores à busca por trabalho. São pessoas que interromperam a procura com o isolamento, no segundo trimestre, e agora passam a pressionar o mercado de trabalho.

O Brasil alcançou um recorde de 5,866 milhões de pessoas em situação de desalento no terceiro trimestre. O resultado significa uma alta de 24,7% em um ano, sobre o terceiro trimestre de 2019. São 1,163 milhão de pessoas a mais nessa situação no período. Ante o segundo trimestre, a alta foi de 3,2%, com 183 mil pessoas a mais no contingente de desalentados. A população desalentada é definida como aquela que estava fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho, ou não tinha experiência, ou era muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho na localidade e que, se tivesse conseguido trabalho, estaria disponível para assumir a vaga. Os desalentados fazem parte da força de trabalho potencial.

No total, a força de trabalho potencial somou 12,877 milhões de trabalhadores no terceiro trimestre. É uma alta de 63,1% ante igual período de 2019. Em um ano, 4,982 milhões de brasileiros entraram na força de trabalho potencial, indicando que boa parte das pessoas que perderam seus trabalhos, formais ou informais, por causa da crise de Covid-19, provavelmente desistiram de procurar emprego e foram para fora da força de trabalho. Com isso, o contingente de brasileiros fora da força de trabalho somou 78,565 milhões, maior nível da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012. É uma contrapartida à redução da população ocupada ao seu menor nível, com 82,464 milhões de trabalhadores. Com isso, a o nível de ocupação foi de 47,1% do total da população em idade de trabalhar (com 14 anos ou mais), também o menor da série histórica.

Após responder por cerca de 70% das 8,3 milhões de vagas fechadas no mercado de trabalho na passagem do primeiro para o segundo trimestre, na esteira da crise da Covid-19, as ocupações informais registraram alta no terceiro trimestre ante o segundo. No total, 31,638 milhões de brasileiros estavam em ocupações tidas como informais no terceiro trimestre. Na passagem do segundo para o terceiro trimestre, são 870 mil trabalhadores informais a mais ocupados, indicando que a flexibilização das medidas de isolamento social para conter a pandemia permitiu um movimento de volta à população ocupada desses informais.

No caso do trabalho informal, especialmente entre os trabalhadores por conta própria, como vendedores ambulantes, a saída da ocupação pode se dar quando o trabalhador fica em casa sem trabalhar, e não porque foi demitido ou dispensado. Com a reabertura das atividades, esses informais que deixaram de sair para trabalhar podem ter voltado a suas atividades. Com o aumento das vagas informais, a taxa de informalidade ficou em 38,4% da população ocupada no terceiro trimestre, acima dos 36,9% do segundo trimestre, quando atingiu o menor nível da série histórica da Pnad Contínua. Na saída da recessão de 2014 a 2016, com a economia crescendo lentamente entre 2017 e 2019, foi o surgimento de vagas informais que puxou a ligeira melhora no mercado de trabalho.

Com isso, no terceiro trimestre do ano passado, a taxa de informalidade atingiu o nível máximo da série, com 41,4%. Naquela ocasião, eram 38,806 milhões de brasileiros em ocupações informais. Em um ano, são 7,168 milhões de informais a menos no mercado. Na passagem do segundo para o terceiro trimestre, a alta foi puxada pelos trabalhadores sem carteira assinada no setor privado, com 374 mil vagas a mais, e pelos trabalhadores por conta própria, com 119 mil vagas a mais. Na comparação com o terceiro trimestre de 2019, ambas posições na ocupação apresentam tombos, com números absolutos, de 2,825 milhões e de 2,651 milhões de vagas, respectivamente.

O trabalho informal, que foi o primeiro e mais atingido pela pandemia, também é aquele que começa a reagir primeiro na retomada. A geração dessas vagas informais impediu que a queda na população ocupada no terceiro trimestre fosse ainda maior. Não há recuperação do emprego com carteira. O contingente de trabalhadores com carteira assinada no setor privado ficou em 29,366 milhões no terceiro trimestre, menor nível da série histórica da Pnad Contínua. Na comparação com o segundo trimestre, esse contingente encolheu em 2,6%, sinalizando para o fechamento de 788 mil postos formais em um trimestre.

Ante o terceiro trimestre de 2019, a queda foi de 11,2%, indicando o fechamento de 3,709 empregos formais em um ano. As ocupações nos serviços domésticos também continuaram a trajetória de queda, uma tendência verificada desde o início da pandemia. No terceiro trimestre, eram 4,612 milhões nessas ocupações, queda de 2,2% ante o segundo trimestre e um tombo de 26,5% sobre o terceiro trimestre de 2019. Em um ano, são 1,664 milhão de vagas a menos nessa ocupação, em sua maioria marcada pela informalidade. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.