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27/Nov/2020

Lançado estudo sobre as relações Brasil e China

Enquanto declarações do filho do presidente Jair Bolsonaro deixaram o Brasil à beira de uma crise diplomática com a China, o setor empresarial tenta estreitar relações e ampliar o comércio brasileiro com seu maior parceiro nas exportações e importações. Apesar de o atual governo ter se distanciado diplomaticamente dos chineses, um estudo do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) sugere soluções que vão em caminho oposto, como a negociação de acordos comerciais e a ampliação da presença de representantes de instituições brasileiras no país asiático. O documento “Bases para uma Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China” foi lançado nesta quinta-feira (26/11) em um evento com participação do vice-presidente Hamilton Mourão. Ele, que tem sido escalado para cuidar de outros desafios do front externo, como a questão ambiental, é o representante brasileiro na Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), que tem encontro marcado no ano que vem.

A ideia do estudo é dar linhas gerais para a estratégia de relacionamento do Brasil com a China. Na visão de especialistas no assunto, isso será importante apesar da troca de farpas entre o governo Bolsonaro e representantes chineses, que, acreditam, não chegou no comércio entre os dois países, que continua em alta. Na terça-feira (24/11), a Embaixada da China em Brasília reagiu à acusação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Bolsonaro, de que o país praticaria espionagem por meio de sua rede de tecnologia 5G. O governo chinês acionou o Itamaraty para reclamar de publicação. Segundo o CBEC, uma declaração pode gerar reações, mas, embora ele seja parlamentar, não foi uma declaração oficial, foi um tuíte que foi apagado poucas horas depois. Pode até causar algum tipo de ruído, mas não deve abalar as relações. As escolhas brasileiras relacionadas à tecnologia 5G, por outro lado, poderão sim acabar respingando nas relações comerciais entre os dois países. A China tem tradição de relações holísticas, um fenômeno interfere no outro.

Nesse sentido, o importante é que a escolha brasileira seja feita pesando pós e contras de segurança nacional, comercial, técnico, de relações internacionais. A ideia do estudo foi identificar as oportunidades que a China oferece na área comercial. O objetivo é mostrar que o Brasil pode ganhar mais na relação com a China. Uma das conclusões é que é necessário dar uma “moldura formal” para a relação entre os dois países, o que seria possível por meio de acordos como de facilitação de comércio, investimentos e bitributação. Sem acordos comerciais e regulatórios, é muito difícil diversificar e agregar a pauta de exportações brasileira. Esses acordos podem, por exemplo, passar pelo reconhecimento de exportadores autorizados entre os dois países, o que agilizaria o desembaraço de cargas nos portos chineses e vice-versa. Além disso, acordos sanitários podem facilitar os embarques de itens como carnes e frango e ampliar o alcance desses produtos no mercado chinês. Mesmo que se comece uma negociação de um acordo, por exemplo, pode-se levar dez anos para ser concluído.

O importante é definir estratégias e iniciar o caminho. Em relação à tecnologia 5G, o documento afirma que a decisão do Brasil em relação ao modelo que será adotado constituirá um marco importante para o posicionamento brasileiro em relação ao binômio economia-segurança e à própria rivalidade estratégica China-Estados Unidos. O governo Bolsonaro vem sendo pressionado pelos Estados Unidos a deixar de fora do leilão a empresa chinesa Huawei. O estudo aponta ainda a necessidade de ampliar e reforçar a presença institucional brasileira na China. O documento também sugere campanha de imagem que faça o Brasil ser mais conhecido nos mercados chineses. Por enquanto, no entanto, a campanha que tem sido feita nas redes sociais pode acabar tendo o efeito contrário do desejado pelos empresários.

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quinta-feira (26/11), que a parceria entre Brasil e China oferecem bases sólidas para expandir e diversificar as relações econômicas entre os dois países. Ele destacou que a China é o maior parceiro comercial do País, quadro que não foi afetado pela pandemia de Covid-19. Ainda segundo Mourão, o governo chinês identifica com clareza a nova dinâmica da economia mundial que alia crescimento econômico e sustentabilidade. Ele ressaltou a complementaridade das economias do Brasil e da China. Segundo ele, as relações entre os dois países se baseiam em oportunidade e estratégia. Novas estratégias chinesas de economia circular e sustentabilidade representam oportunidade para ampliar as relações econômicas. O vice-presidente afirmou que a parceria com a China contribuiu para o aumento da produtividade do agronegócio brasileiro ao longo dos anos, mas ponderou que é preciso analisar novas oportunidades de intensificar relações em outros setores. Mourão minimizou declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que sugeriram que a China praticaria espionagem por meio de sua rede de tecnologia 5GFonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.