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23/Nov/2020

Dólar pode recuar para abaixo do nível de R$ 4,50

Uma apreciação do Real é inevitável, mas esse movimento não ocorrerá sem volatilidade em meio aos problemas fiscais no Brasil e à ausência do "carry" antes oferecido pela moeda brasileira, segundo Gabriel Gersztein, estrategista-chefe global para mercados emergentes do BNP Paribas, que vê taxa de câmbio mais perto de R$ 4,00 ou R$ 4,25 ao fim de 2021, considerando um manejo fiscal responsável. O dólar estava cotado a R$ 5,38 na sexta-feira (20/11). As contas do BNP embutem apreciação nominal do real entre 26,7% e 34,6%. O Real é hoje a moeda mais barata dentre as principais do universo emergente, depois de uma depreciação nominal de 24,5% neste ano ante o dólar. Melhora nos termos de troca, alta das commodities, expectativa de recuperação da economia global em 2021 e cenário de dólar fraco no mundo nos próximos meses, todos esses elementos com o excesso de fraqueza da divisa doméstico, preparam o terreno para valorização cambial em 2021.

O BNP está "overweight" (com recomendação acima da média do mercado) para o Real, além de rublo russo, ringgit malaio, renminbi chinês e rupia indonésia. O banco também aposta em peso mexicano e rand sul-africano, mas com um pouco menos de convicção, devido à apreciação recente vista nas duas divisas. Outro fator que respalda o cenário para o Real, na avaliação de Gersztein, é a percepção de que o Brasil vinha nos últimos meses sendo deixado de lado nas alocações para emergentes. "Se a gente tiver a sinalização de que a dinâmica fiscal deste ano será exceção, não regra, e considerando que o Brasil está 'subinvestido', ou seja, com espaço para receber capital, temos um quadro claro para busca por ativos brasileiros", afirmou ele.

"O Brasil tem várias estrelas que estão se alinhando: crescimento da China, dólar fraco, retomada econômica global, gringo ainda 'subinvestido' no País", completou. Contudo, o problema das contas públicas mantém a volatilidade dentro dessa tendência de melhora para o câmbio. Ele vê a volta do "carry" (retorno em taxa de juros) do Real como elemento necessário, mas insuficiente, para um alívio no câmbio, mas enxerga o melhor manejo da questão fiscal como algo em si suficiente. "Não é uma questão de bloquear ou não mais auxílio emergencial, mas pelo menos de haver alguma sinalização por parte do establishment político de que há responsabilidade e consciência fiscal". "Se ano que vem virmos que o resultado primário (deste ano) for exceção, veremos apreciação do Real muito forte", afirmou Gersztein. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.