23/Nov/2020
A Eurasia Group afirmou que, ao analisar as possíveis relações entre os governos de Joe Biden, nos Estados Unidos, e de Jair Bolsonaro, todas as preocupações começam e terminam com a pauta ambiental, onde os dois podem ter forte conflito. Apesar da retórica mais polarizante de Bolsonaro, não deve haver um desencontro relevante em relação ao aspecto ideológico. Joe Biden tem muita experiência em política externa na América Latina e vê o Brasil como um país estratégico na América do Sul, então ele não vai virar as costas para o Brasil por causa de uma “birra ideológica”.
Contudo, Biden vai colocar a sua marca na pauta ambiental, prezando pela redução de carbono e negociações no Acordo de Paris, o que pode suscitar um conflito pesado com o Brasil. Bolsonaro se colocou como um vilão nesse tema, que vem ganhando relevância em países industrializados, especialmente na Europa. Se os índices de desmatamento na Amazônia piorarem no próximo período de seca, que se inicia em julho, as críticas externas serão ainda maiores. O governo democrata dos Estados Unidos deve se aliar aos países europeus, que já estão cobrando muito do Brasil. Nesse sentido, há preocupação que a reação do Palácio do Planalto tem ficado cada vez mais defensiva e nacionalista.
O Brasil perdeu a credibilidade internacional e os recentes ataques são vistos pelo governo brasileiro como estratégias externas com base em interesses econômicos ocultos, que tentam minar a soberania nacional. O ponto de atenção é que se houver reações nacionalistas contra o governo Biden, levando em consideração a prioridade do assunto nos Estados Unidos, pode haver medidas duras, não sanções, mas talvez aumento pontual de tarifas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.