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19/Nov/2020

Crédito Rural: BB quer elevar sua fatia no mercado

Líder histórico no segmento de crédito rural no País, o Banco do Brasil voltou a elevar o tom e não cogita mais perder espaço nesse mercado. A instituição pretende, no mínimo, consolidar a participação de 55% que tem nos financiamentos a produtores e agroindústrias e ganhar espaço nos “ecossistemas” da atividade, aproveitando o aumento dos recursos captados durante a pandemia para ofertar empréstimos volumosos mesmo sem equalização das taxas de juros. Nesta safra 2020/2021, as contratações de crédito rural no Banco do Brasil já estão 20% maiores que as do ano passado, seguindo o ritmo ditado pelo apetite do campo. O banco quer consolidar a posição de liderança mesmo se houver redução no percentual de recursos subvencionados. O objetivo é não perder mercado.

Com alta substancial até setembro da captação de recursos via poupança (R$ 210 bilhões) e depósitos à vista (R$ 90,7 bilhões), principais fontes dos financiamentos agropecuários, o banco vê margem para emprestar sem equalização a taxas próximas das controladas e não teme concorrência pela subvenção, antes restrita a entidades públicas e cooperativas de crédito. O banco considera que é muito ruim ter no agro só um ou dois bancos. É bom ter mais, para diluir o risco, desenvolver melhor as soluções e chegar a mais mercados. O nível de exigência que o Manual do Crédito Rural traz não parece ser compatível com o benefício que está sendo colocado. O custo de observância para fazer crédito rural está alto e pode ser barateado com mais simplificação no processo. O Banco do Brasil nunca deixou de liderar com folga o segmento, mas o discurso mudou em relação à gestão anterior. Quando, amparado pelo governo, o banco sinalizava que perder participação para bancos privados era inevitável.

A fatia da instituição no saldo das operações de crédito ao setor caiu de 65% para 55% nos últimos cinco anos, mas a nova direção quer brecar essa tendência. Nesse sentido, a carteira de agronegócios da instituição cresceu R$ 40 bilhões no período e chegou a R$ 190,5 bilhões, 26% do total. O objetivo é aumentar a participação. A preocupação central é com a participação do cliente. Na safra 2019/2020, dos R$ 190,3 bilhões emprestados aos produtores pelo sistema financeiro, R$ 81,1 saíram do Banco do Brasil. Nos quatro primeiros meses desta safra, as contratações subiram 20% em relação ao mesmo período do ciclo 2019/20, para R$ 35,8 bilhões, puxadas pelos investimentos, que aumentaram quase 50%, para R$ 10 bilhões. O número não contempla informações de títulos, como CPR e CDCA, e crédito para giro e agroindustrial. O aumento dos desembolsos é motivado pela ampliação da área plantada no País e pela alta nos custos de produção, que intensificaram a busca por custeio, além dos juros menores na temporada. Mas, são os investimentos o grande destaque.

O Banco do Brasil destinou R$ 1 bilhão a mais que o programado inicialmente para financiar máquinas e implementos agrícolas, e acha que terá que fazer nova suplementação. A velocidade está grande. Em novembro já foi feito novo aporte e pode haver mais, mas não nas mesmas condições. Com a postura mais agressiva no agronegócio, o Banco do Brasil quer atuar nos “ecossistemas” de algumas cadeias e oferecer soluções personalizadas que vão além do crédito tradicional para ampliar a participação junto ao produtor. Uma das apostas é no financiamento das Cédulas de Produto Rural (CPRs), para as quais o banco separou R$ 4,5 bilhões de recursos livres nesta safra. A obrigatoriedade de registro desses títulos a partir de 2021 vai dar mais clareza e segurança para avançar nessa frente. O objetivo é ser “mais agudo” e conquistar espaço onde hoje reinam cooperativas, tradings e cerealistas, que fomentam cerca de um terço da produção agropecuária do País.

Segundo o banco, talvez não seja a função de algumas dessas empresas fazer isso e o banco pode atuar nessa situação, reforçando a posição de ser o agente financeiro do sistema e separar as funções. Para essas companhias, o Banco do Brasil quer abrir as portas do mercado de capitais, com o empacotamento dos títulos em Cédulas de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCAs) ou Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) e apoio na negociação. A taxa de juros a 2% permite que haja algumas novas soluções de mercado, para operações de curto prazo bem competitivas. O banco também passou a oferecer consórcio para a troca programada de máquinas agrícolas e quer ampliar o seguro rural para quem não tem área financiada. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.