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16/Nov/2020

Participação do Brasil recua nos fundos globais

A participação do Brasil nos fundos globais e dedicados a emergentes caiu para o menor nível em duas décadas nos últimos meses, em meio ao aumento dos riscos fiscais, juros muito baixos e ainda a questão ambiental. Após chegar ao ‘fundo do poço’, com fatia de apenas 0,17% dos veículos de investimento mundiais, o interesse por ativos ligados ao País dá sinais de aumento em novembro, passada a eleição norte-americana e com o otimismo de uma vacina do coronavírus. O mérito, contudo, não vem da economia brasileira. Na prática, o que pesa é o fato de que grandes investidores internacionais passaram a comprar tudo de emergentes nas últimas semanas diante da onda de apetite por risco que tomou conta dos mercados globais. Para voltar a ganhar importância de forma definitiva nas carteiras, o Brasil precisa avançar com as reformas, mas a agenda fica mais espremida a cada dia. Segundo o BTG Pactual, nos fundos dedicados a emergentes, a participação do País caiu pela metade este ano, para 4,4%. É o menor número da série histórica, iniciada em 2001.

O percentual também está longe dos 16% que o Brasil chegou a ter após a crise financeira mundial de 2008, com os emergentes passando a receber uma enxurrada de recursos externos. O momento de apetite de risco global. Mas, o Brasil não entregou o plano fiscal. O Brasil já vinha perdendo recursos quando deixou de ser investment grade. Nos últimos dias, os emergentes voltaram a ganhar os holofotes mundiais, após bancos como o norte-americano Morgan Stanley, o suíço Credit Suisse e a gestora BlackRock, a maior do mundo, aumentarem as recomendações para estes mercados, que tendem a ter desempenho melhor que a média mundial em 2021. O Brasil passou a surfar nesta onda e receber capital em ritmo acelerado para a B3. Apenas até o dia 6 de outubro entraram US$ 1,2 bilhão. Mas, não há mérito do País nesta retomada, mas sim um reflexo de uma realocação internacional em direção aos emergentes. Sem avançar com as reformas, esse fôlego será muito curto. A oportunidade é imperdível, mas o Brasil pode ficar fora dela em 2021 por não avançar nas reformas fiscais necessárias.

Os ruídos políticos, com o enfraquecimento do ministro da Economia também jogam contra, além da falta de uma agenda ambiental, o que se torna mais preocupante com Joe Biden no governo dos Estados Unidos. É possível que o Brasil seja um retardatário em um possível rali global para emergentes, mas não por causa do resultado das eleições dos Estados Unidos. Em vez disso, a recuperação do mercado brasileiro depende da aprovação de reformas pelo governo. Se as reformas não forem aprovadas, os ativos brasileiros continuarão sob pressão. Apesar da pressa na aprovação de reformas, a cada dia que passa, o governo Bolsonaro tem menos prazo para entregar o que prometeu. Além disso, os temas em questão não são simples. Na pauta, além da reforma tributária, a administrativa, fora o vai e vem do orçamento com o impasse no lado social. No dia 12 de novembro, o ministro Paulo Guedes afirmou que manterá o auxílio emergencial caso o Brasil seja atingido pela segunda onda de Covid-19, que já alcança os Estados Unidos e a Europa.

Passadas as eleições municipais, há uma 'janela' para o Congresso aprovar algo, lembrando que no ano que vem a dança das cadeiras na Câmara e no Senado jogam contra. A mudança nas chefias do Congresso pode deixar sequelas. Quando o governo ‘abrir olho’ 2021 já foi e entra em 2022, ano de eleições, quando não reportará nada. A janela de oportunidade está se estreitando a cada dia que passa. De todo o modo, a onda de apetite ao risco é uma chance de o Brasil atrair recursos para uma de suas áreas com grande carência: infraestrutura. O Ministério da infraestrutura é o ponto positivo no governo, mas, para além da questão fiscal, o Brasil não dá segurança jurídica ao investidor. O Brasil tem hoje um déficit em infraestrutura da ordem de US$ 500 bilhões. O País está perdendo tempo sob a ótica diplomática enquanto deveria se posicionar para aproveitar a onda de liquidez adiante. É o momento de atrair esses investimentos e não afugentá-los. Há uma procura por retorno diante dos juros negativos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.