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13/Nov/2020

População abaixo da linha da pobreza cresce mais

Segundo dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2020, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta quinta-feira (12/11), quando a recessão causada pela Covid-19 atingiu a economia, a partir de março, o mercado de trabalho já estava fragilizado e, em 2019, 51,742 milhões de brasileiros, ou 24,7% da população, estavam abaixo da linha de pobreza definida pelo Banco Mundial para países de renda média-alta. Esse contingente sobrevive com renda mensal de, no máximo, R$ 436,00 por pessoa do domicílio. Dentro desse grupo, os considerados extremamente pobres, com renda mensal de até R$ 151,00 por pessoa do domicílio, eram 13,689 milhões em 2019, ou 6,5% da população. Na passagem de 2018 para 2019, o quadro mudou pouco. Três anos de baixo crescimento econômico entre 2017 a 2019, sempre abaixo de 2,0% ao ano, mantiveram a tendência de alta da pobreza, que cresceu fortemente com a recessão anterior à atual, de 2014 a 2016.

Em 2014, quando 22,8% dos brasileiros estavam abaixo da linha de pobreza, menor proporção desde 2012, o contingente era de 45,817 milhões de pessoas. De lá para o ano passado, 5,926 milhões passaram abaixo dessa faixa de pobreza, uma alta de 12,9% no período. Também em 2014, os extremamente pobres eram 4,5% da população, ou 9,033 milhões de pessoas. Entre aquele ano e 2019, 4,656 milhões de brasileiros passaram a essa condição, um salto de 51,5%. De 2018 para 2019, foram 151 mil a mais na extrema pobreza. Os dados são referentes a 2019 e não captam os efeitos da pandemia. As primeiras informações sobre a crise atual, obtidas pela Pnad Covid, versão especial da pesquisa do IBGE desenvolvida para acompanhar os efeitos da pandemia, mostram redução da pobreza medida apenas pela renda monetária, ou seja, não leva em conta outros aspectos, como patrimônio, puxada pelo auxílio emergencial pago pelo governo federal aos trabalhadores informais de baixa renda. Em meio à pandemia, mais da metade da população foi beneficiada de alguma forma pelo auxílio.

Essa queda da pobreza tende a ser temporária, ou seja, os brasileiros mais vulneráveis voltarão a ficar mais pobres quando o auxílio for extinto. A SIS 2020 mostra que, na passagem de 2018 para 2019, além de o estrago da recessão de 2014 a 2016 em termos de aumento da pobreza não ter sido desfeito, a desigualdade de renda permaneceu elevada. Como já divulgado em maio passado, em 2019, o Índice de Gini do rendimento domiciliar per capita ficou em 0,543 (quanto mais próximo de 1,0, maior a desigualdade), acima do 0,540 de 2012, ano inicial da série do indicador, e do 0,524 de 2015 (0,524), menor registro desde então. O estudo ressalta ainda outras formas de desigualdade, como o fato de a pobreza atingir mais as mulheres e as pessoas de pele preta ou parda. No caso da cor da pele, 56,3% do total da população se diz preto ou pardo, mas, entre os 13,689 milhões extremamente pobres, eles representam 76,7%.

A pobreza atinge de forma mais forte as mulheres pretas ou pardas. Em termos regionais, 27,2% da população vive na Região Nordeste. No contingente dos extremamente pobres, mais da metade, ou 56,8% vivem na região. Antes mesmo de a pandemia aniquilar 14 milhões de vagas de trabalho, entre formais e informais, entre fevereiro e julho deste ano, o desemprego de longa duração já se espalhava pelos trabalhadores brasileiros. O Brasil é destaque mundial nesse quesito, conforme lista elaborada na SIS 2020. Considerando dados de 2018 e a proporção de desempregados há um ano ou mais, o Brasil tem a quarta pior taxa, num ranking com países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as nações mais ricas do mundo. O País aparece atrás apenas de Grécia, Espanha e Itália. Em 2019, 27,5% dos desocupados no Brasil estavam nessa situação há dois anos ou mais, segundo a SIS 2020. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.