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09/Nov/2020

Inflação: alimentos exercem pressão em outubro

Segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou outubro em 0,86%, ante a taxa de 0,64% em setembro. A taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 2,22%. Em 12 meses, o resultado foi de 3,92%. A inflação de alimentos seguiu pressionando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro, cuja alta de 0,86% foi a maior para o mês desde 2002, quando o avanço foi de 1,31%. Sozinho, o grupo Alimentação e bebidas respondeu quase pela metade do avanço agregado do IPCA, com alta de 1,93%, resultando em impacto de 0,39% no total. Houve desaceleração na inflação de alimentos. Em setembro, o grupo Alimentação e bebidas havia subido 2,28%. Mesmo assim, no ano, o grupo já acumula alta de 9,37%, enquanto, no acumulado de 12 meses, a taxa já está em 13,88%.

A desaceleração na passagem de setembro para outubro ocorreu principalmente em função de altas menos intensas em alguns alimentos para consumo no domicílio (que avançou 2,57%), como o arroz (13,36%) e o óleo de soja (17,44%). As variações no mês anterior haviam sido de 17,98% e 27,54%, respectivamente. Ainda assim, arroz e óleo de soja são os principais responsáveis pela pressão recente da inflação de alimentos, que têm puxado a inflação nos últimos meses. No ano, esses produtos acumulam altas de 59,48% e 77,69%, respectivamente. A dinâmica de preços desses itens é influenciada principalmente por movimentos no lado da oferta, com o câmbio depreciado incentivando as exportações e levando à redução da disponibilidade de soja e arroz no mercado doméstico. Além do o auxílio emergencial, que ajuda a sustentar esses preços em patamar elevados. Apesar da "ajuda" dos auxílios emergenciais pelo lado da demanda, não é possível definir o quadro como marcado por pressões de demanda.

Ainda não é possível ver, pelo IPCA de outubro, efeitos da redução do valor do auxílio para trabalhadores informais, de R$ 600,00 para R$ 300,00 mensais. As carnes subiram 4,25% no IPCA de outubro, com impacto positivo, isoladamente, de 0,11% no índice agregado. A variação ficou abaixo dos 4,53% de setembro, mas houve aceleração da alta de preços de alguns alimentos em outubro. A alta no preço do tomate (18,69%) foi maior que em setembro (11,72%) e itens cujos preços haviam recuado no mês anterior, como as frutas (-1,59%) e a batata-inglesa (-6,30%), registraram alta em outubro (de 2,59% e 17,01%, respectivamente). No lado das quedas no IPCA de outubro, destaca-se a cebola (-12,57%), a cenoura (-6,36%) e o alho (-2,65%). A alimentação fora do domicílio passou de 0,82% em setembro para 0,36% em outubro, influenciada principalmente pelas altas menos intensas da refeição (0,41%) e do lanche (0,42%), que haviam subido 0,66% e 1,12%, respectivamente, no mês anterior. O avanço de 0,86% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro, maior alta para o mês desde 2002, foi marcado também por um espalhamento da inflação entre diferentes produtos e serviços.

O índice de difusão do IPCA de outubro foi de 68%, ante 63% em setembro. O índice de outubro foi o maior do ano. A alta do índice de difusão de setembro e outubro, ante os 55% de agosto, foi puxada pela pressão da inflação de alimentos. Só que o avanço da difusão na passagem de setembro para outubro, quando houve desaceleração da inflação de alimentos (para 1,93% em outubro, ante 2,28% em setembro), sugere que as altas de preços estão mais espalhadas pelo IPCA de maneira geral. Realmente, a alta está mais espalhada pelo índice de maneira geral. Foi uma difusão maior em outubro. Boa parte é nos alimentos, mas há outros componentes. Se o encarecimento dos alimentos foi o principal responsável pela aceleração da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em outubro, os gastos com transportes agravaram o movimento. O grupo Transportes subiu 1,19% em outubro, contribuindo com 0,24% da alta agregada de 0,86% no IPCA de outubro.

A inflação dos transportes foi marcada pela recomposição de preços de passagens aéreas, após as fortes quedas nas tarifas dos aviões nos primeiros meses da pandemia de Covid-19. Em outubro, as passagens aéreas ficaram 39,83% mais caras, contribuindo, isoladamente, com 0,12% do avanço agregado do IPCA. Esse foi o item com maior impacto individual de alta. Mesmo assim, no acumulado do ano, as tarifas de aviões ainda acumulam queda de 37,31%, por causa dos fortes recuos de meses passados. Pela metodologia do IBGE, os preços das passagens foram coletados em agosto, para viagens em outubro. Além das passagens, a segunda maior contribuição de alta no grupo (0,04%) veio da gasolina, cujos preços subiram 0,85%, desacelerando em relação à alta de 1,95% observada no mês anterior. Outro destaque foi o seguro voluntário de veículo, com aumento de 2,21%, após sete meses consecutivos de quedas. A aceleração da inflação de serviços e o aumento do índice de difusão no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro podem ser os primeiros sinais de retomada gradual da economia, embora a incerteza ainda seja elevada.

A alta do subíndice de serviços (0,55%) foi a maior desde fevereiro. Embora a aceleração da inflação de serviços tenha sido marcada pela recomposição dos preços das passagens aéreas, outros serviços também ficaram mais caros em outubro, o que elevou também a difusão da inflação. Esse índice de difusão mais alto, que indica espalhamento da inflação, pode indicar uma retomada gradual da economia após período mais crítico da pandemia. Com a alta de setembro, a produção industrial já eliminou as perdas registradas em março e abril, por causa da pandemia de Covid-19. Por outro lado, a incerteza ainda está elevada na economia. Agora, o cenário ainda é de muita incerteza, com desemprego acima de 14%. A pressão da inflação de alimentos nos últimos meses, combinada com algum alívio nos preços de combustíveis, devolveu ao grupo Alimentação e Bebidas o maior peso na composição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro. No IPCA de outubro, esse grupo teve participação de 20,48% na composição do índice agregado.

O grupo Transportes vem logo em seguida, com peso de 19,76% no IPCA do mês passado. Desde janeiro, quando o IBGE atualizou a ponderação dos grupos de gastos no IPCA conforme a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017-2018, o conjunto de preços de Transportes tinha a maior influência na composição final do principal indicador de preços do País. As atualizações nas ponderações conforme os hábitos de consumo, medidos na POF, são feitas com menor frequência. A ponderação com base na POF 2017-2018 substituiu a distribuição com base na POF 2008-2009. Avanços tecnológicos, envelhecimento populacional e até a opção por alimentos prontos influenciaram as mudanças na ponderação com base nos hábitos de consumo, por exemplo, desde o IPCA de janeiro, saíram do cálculo o aparelho de DVD, assinatura de jornal e máquina fotográfica, ao mesmo tempo em que entraram bacalhau, vinho e picanha. Só que, independentemente das atualizações com base nos hábitos de consumo, mais relacionados às quantidades consumidas, os pesos dos nove grupos de gastos que compõem o IPCA também são ajustados, a cada mês, em função da própria variação de preços.

Nos últimos meses, o encarecimento dos alimentos, causado pelo câmbio, aumento de exportações de matérias-primas agrícolas e alguma sustentação da demanda por comida em meio à pandemia de Covid-19, fez o grupo Alimentação e bebidas ganhar peso no IPCA. Ao mesmo tempo, o grupo Transportes perdeu peso, por causa das sucessivas quedas nos preços da gasolina, associadas às cotações internacionais do petróleo, nos primeiros meses da pandemia. Mesmo com cinco altas seguidas de junho a outubro, a gasolina acumula queda de 3,29% no ano. Não houve qualquer mudança na ponderação do IPCA em função de mudanças nos hábitos de consumo por causa da pandemia. O isolamento social, que levou as famílias, no mundo todo, a ficaram mais em casa e, portanto, consumirem mais alimentos no domicílio e menos serviços que dependem do contato pessoal, suscitou um debate entre economistas de vários países sobre a percepção da inflação.

Para alguns, o uso das ponderações normais em tempos de pandemia estaria subestimando a inflação em meio à histórica recessão global. O aumento do espalhamento da inflação medida pelo IPCA em outubro pode ser visto na aceleração da variação dos grupos Vestuário (1,11% ante 0,37% em setembro, na segunda alta seguida) e Artigos de residência (1,53% ante 1,0% em setembro). Embora seu impacto seja pequeno (contribuiu com 0,06 ponto na alta de outubro), o grupo Artigos de residência teve a segunda maior variação entre os nove grupos pesquisados. A alta de outubro foi influenciada pelos eletrodomésticos e equipamentos, com avanço médio de 2,38%. Em setembro, esses produtos tinham ficado apenas 0,47% mais caros.

Também houve aceleração nos itens cama, mesa e banho (de 0,82% para 1,92%), mobiliário (de 1,10% para 1,55%), consertos e manutenção (de 0,47% para 1,30%) e utensílios e enfeites (de 0,46% para 0,72%). Os preços dos artigos de TV, som e informática (1,07%) também subiram, mas desaceleraram frente a setembro (1,99%). No grupo Vestuário, as joias e bijuterias subiram 1,98% e acumulam no ano alta de 13,66%. Também subiram os preços das roupas masculinas (1,76%), femininas (0,79%) e infantis (1,00%) e os dos calçados e acessórios (0,78%). O grupo Habitação subiu 0,36% em outubro, praticamente o mesmo ritmo de setembro (0,37%). O maior impacto de alta no grupo veio do gás de botijão, com alta de 1,27%. A conta de luz ficou estável, com alta média de 0,03%. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.