ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

30/Out/2020

Mudanças climáticas e informações das empresas

As empresas aprimoraram a divulgação de informações financeiras relacionadas ao clima nos últimos anos, mas a transparência quanto ao impacto das mudanças climáticas nos negócios e na estratégia das corporações ainda é baixa. A conclusão é do novo relatório da Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD), criada pelo grupo das 20 principais economias do mundo, o G20, que inclui o Brasil. O número de organizações globais que apoiam a iniciativa teve um salto de mais de 85% nos últimos 15 meses, para mais de 1.500 incentivadores, que passaram a adotar as suas recomendações. Esse contingente representa 60% das 100 maiores companhias de capital aberto do mundo. O grupo inclui mais de 1.340 empresas com valor de mercado de US$ 12,6 trilhões e instituições financeiras responsáveis por US$ 150 trilhões em ativos sob gestão. Além do maior número de apoiadores à força-tarefa, a demanda por parte dos investidores para que as empresas relatem informações em linha com as recomendações da TCFD também cresceu.

Um exemplo é a Climate Action 100+, que reúne mais de 500 investidores com mais de US$ 47 trilhões em ativos sob gestão. Juntos, estão envolvendo os maiores emissores corporativos de gases de efeito estufa para fortalecer suas divulgações relacionadas ao clima. Lançada em 2017, a força-tarefa foi criada, com apoio do setor privado, em um esforço para antecipar e avaliar os riscos à estabilidade do setor financeiro por causa das mudanças climáticas. A iniciativa está vinculada ao Conselho de Estabilidade Financeira (FSB), órgão internacional que coordena a regulamentação global do sistema depois da crise de 2008, com sede em Basileia, na Suíça. A divulgação de informações financeiras relacionadas ao clima aumentou desde 2017, mas é necessário um progresso contínuo. No entanto, a divulgação das empresas sobre o potencial impacto financeiro das mudanças climáticas em seus negócios e estratégia permanece baixa.

Dentre as conclusões do novo relatório está o fato de 42% das empresas com valor de mercado acima de US$ 10 bilhões publicarem ao menos algumas informações alinhadas com as recomendações feitas no ano passado. Companhias do setor de energia e de materiais de construção e edifícios lideram o ranking de divulgação mais detalhada, com, em média, 40% e 30%, respectivamente, dos dados adequados às sugestões da força-tarefa. Na outra ponta, tecnologia e mídia, têm a pior posição, com 13%. Além disso, o impacto das mudanças climáticas nos negócios e na estratégia das empresas foi apontado como a informação mais útil para a tomada de decisões financeiras. Notavelmente, essa informação tem o menor nível de divulgação entre as recomendações, com apenas uma em 15 empresas dando este detalhamento. Para o FSB, as recomendações da TCFD estimulam a publicação de informações mais consistentes quanto aos riscos relacionados ao clima por empresas em todo o mundo.

Além disso, ajudam a evitar a fragmentação do mercado. O relatório mostra que houve um impulso significativo em torno da adoção e do apoio às recomendações da força-tarefa, ao mesmo tempo em que destacou e fez propostas para enfrentar os desafios de uma implementação mais consistente e robusta. Além do relatório, a força-tarefa do G20 também publicou um guia com recomendações sobre a análise de cenários relacionados ao clima para empresas não-financeiras e sobre a integração nos processos de gestão de risco existentes. Quanto às próximas ações, a força-tarefa informa que seguirá monitorando a adoção de suas sugestões ao longo dos próximos meses e se debruçará em um relatório para ser entregue ao FSB em setembro de 2021. Em paralelo, analisará o retorno de uma consulta pública sobre perspectivas de métricas climáticas para empresas financeiras, que se encerra em 27 de janeiro de 2021. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.