ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

26/Out/2020

Brasil não deve se posicionar na disputa EUA-China

O deslocamento do dinamismo econômico para a Ásia, com a China ultrapassando os Estados Unidos como maior economia do mundo já em 2028, terá implicações geopolíticas. O movimento aponta para a continuidade das tensões comerciais entre China e Estados Unidos e a manutenção da alta demanda por matérias-primas produzidas pelo Brasil, como soja, minério de ferro, celulose e carne bovina, mas o País pouco tem a ganhar se tomar posição na disputa entre chineses e norte-americanos. O clima de confronto entre China e Estados Unidos, que começou com a guerra comercial, tende a continuar porque o governo norte-americano vê a ascensão chinesa como uma perda histórica de protagonismo.

Tanto que a postura do presidente norte-americano, Donald Trump, tem sido inclusive de atacar os organismos multilaterais, porque antes os Estados Unidos mandavam e, agora, perderam um pouco desse protagonismo. Então, ele tenta diminuir a importância desses órgãos para fazer acordos diretos. Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), as tensões tendem a continuar por causa da ameaça à hegemonia norte-americana. Por isso, o quadro não muda mesmo se o presidente Donald Trump perder a reeleição no pleito de novembro para o candidato do Partido Democrata, Joe Biden. Os Estados Unidos, com a antiga hegemonia, veem a China como uma potência em ascensão que vai disputar espaço com eles, principalmente na questão da tecnologia, que é o grande ponto.

Segundo o Conselho Consultivo do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), mesmo com o maior dinamismo econômico, por enquanto, o aumento da influência geopolítica da China se dá em âmbito regional, na Ásia. É verdade que a disponibilidade da indústria chinesa para fornecer medicamentos, testes e equipamentos de proteção individual (EPI), como máscaras e luvas, a diversos países abre o caminho para uma "diplomacia da Covid-19", mas o resultado da estratégia no Ocidente é duvidoso. A imagem internacional dos Estados Unidos está desgastada, seja por causa de "fake news" relacionadas ao novo coronavírus, seja por uma certa "inveja" da retomada chinesa, enquanto os demais países seguem mergulhados na crise. A imagem negativa também é alimentada por um sentimento "anti-China" apoiado por "governos de direita", com base religiosa forte.

Só que, goste-se da China ou não, o gigante asiático é o maior parceiro comercial de cerca de 100 países. Assim, racionalmente, não há saída para os demais países além de negociar um bom relacionamento com a China. Para o Brasil, é importante ficar de fora da disputa entre China e Estados Unidos. A China precisa do comércio com o Brasil, especialmente da soja brasileira, mas pode rever compras e investimentos caso o governo brasileiro assuma uma postura de muita agressividade, seja num alinhamento automático com os Estados Unidos ou no banimento da Huawei como fornecedora de equipamentos para redes de dados e telefonia 5G. Ao mesmo tempo, sob a ótica do mercado chinês, o Brasil concorre com os Estados Unidos como fornecedor de matérias-primas, especialmente agrícolas. O Brasil não tem nada a ganhar nem de um lado nem do outro e não deve se posicionar. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.