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22/Out/2020

Exportação do agronegócio concentrada na China

Principal destino das exportações brasileiras do agronegócio, a China tende a manter esse protagonismo, dada a tendência de crescimento de sua economia e, consequentemente, da demanda por alimentos de sua gigantesca população. Mas, não é por isso que o Brasil pode se deitar sobre as divisas geradas pelas vendas ao país asiático, sob o risco de ver seu poder de barganha diminuir e de perder mercados em países e regiões importantes para manter a pauta comercial crescente e diversificada. É o que reforça estudo recém-concluído pelo Departamento do Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).

Baseado na evolução dos embarques do setor para China, União Europeia e Estados Unidos entre 2009 e 2019, o trabalho realça não apenas a disparada das vendas para a China e a crescente dependência de cadeias produtivas brasileiras como a da soja do mercado asiático, mas também joga luz sobre o tímido avanço das vendas para os Estados Unidos e sobre a queda do valor dos embarques para a União Europeia na década. Estados Unidos e União Europeia são mercados fundamentais para exportadores de alimentos como o Brasil, por suas elevadas exigências fitossanitárias e pelo amplo consumo de produtos de mais valor agregado.

Para outros países, funcionam muitas vezes como cartões de visitas que tornam mais ágeis os trâmites dos protocolos necessários para viabilizar o comércio agropecuário. Daí porque boas relações com esses parceiros costumam abrir outras portas. É preocupante ver uma concentração cada vez maior nas exportações para a China, e em poucos produtos. Em 2009, aponta o estudo baseado em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os embarques do agronegócio brasileiro para a China renderam US$ 8,9 bilhões, ou 15% do total setorial. Em 2019, as vendas somaram US$ 31 bilhões, quase 250% mais, e a participação chinesa subiu para 32%. No intervalo de 12 meses entre agosto do ano passado e julho último, foram 33% de US$ 71,3 bilhões.

Soja e celulose encabeçaram os embarques à China em 2009 e continuam na ponta em 2019. Mas, houve uma importante mudança no perfil das vendas com a ascensão dos embarques de carnes bovina, de frango e suína, que são produtos de maior valor agregado, mesmo com os planos da China de elevar sua produção em nome da segurança alimentar. Nos últimos anos, a geopolítica também beneficiou o Brasil na China (por causa das disputas comerciais entre China e Estados Unidos), mas, em contrapartida, tem prejudicado o Brasil na União Europeia, uma referência às constantes críticas europeias em relação a problemas ambientais no Brasil, que podem também servir de pretexto para barreiras protecionistas.

O fato é que, em 2009, as exportações do agronegócio brasileiro para a União Europeia alcançaram US$ 19,1 bilhões, ou 30% do total setorial, e no ano passado o valor caiu para US$ 16,8 bilhões, ou apenas 17,3%. É verdade que a Europa está ficando muito complicada e que há países que o Brasil pode acessar com mais facilidade. Mas, é preciso ter equilíbrio e o mercado europeu não pode ser deixado de lado. O acordo entre o Mercosul e o bloco europeu pode ajudar a estancar a sangria, mas, de uma maneira geral, é mais favorável a negociação de um número maior de acordos bilaterais. Mesmo nos Estados Unidos, concorrente do Brasil em mercados como grãos e carnes, ainda há um grande potencial a ser explorado com acordos específicos. Os Estados Unidos importam US$ 20 bilhões por ano em frutas, por exemplo, e a participação do Brasil é próxima de zero. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.