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20/Out/2020

Brasil está comprometido com a sustentabilidade

Entre 25 e 27 de setembro de 2015, reuniram-se na sede da ONU em Nova York cerca de 193 chefes de Estado membros da instituição ou seus representantes com o propósito de criar um plano de ação global para priorizar as políticas públicas até 2030 que garantissem o progresso equilibrado para todos os povos. Foram então definidos os 17 ODS, Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, desdobrados em 169 metas. Foi um belo esforço com propósitos muito significativos, e todos os signatários se comprometeram a trabalhar com afinco para levá-los a cabo integralmente, com ênfase para o combate à pobreza e à desigualdade econômica, a gestão adequada dos recursos naturais e a busca de uma sociedade mais saudável. De alguma forma, este ambicioso plano ratificava o grande desafio da humanidade para o século XXI apontado na sua alvorada pela própria ONU ao sinalizar que, em 2050, seríamos 9,7 bilhões de terráqueos e seria necessário aumentar a produção de alimentos em 60% até lá para que não houvesse fome em nenhum rincão do planeta.

A trágica pandemia do coronavírus foi ainda mais incisiva nessa questão, colocando os dois grandes temas para o futuro imediato: segurança alimentar e sustentabilidade. Dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, pelo menos 7 são diretamente ligados à atividade rural em todo o mundo, e o Brasil terá papel central em sua consecução. O número 2 propõe "acabar com a fome, alcançar segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável". Temos três fatores que nos habilitam a contribuir para isso: tecnologia tropical sustentável, terra disponível e gente capaz em todos os elos das diversas cadeias produtivas. O próprio Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informa que, em função desses três fatores, o Brasil terá que aumentar sua oferta de alimentos em 40% até 2030 para que o mundo aumente a sua em 20%. O número 7 estabelece que devemos "assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos".

Estamos muito bem nesse quesito: 46% de nossa matriz energética é renovável, enquanto a mundial é de apenas 14%. E nossa agroenergia contribui com 18% daquele total. Além disso, o etanol de cana-de-açúcar emite 11% do CO2 emitido pela gasolina, uma poderosa contribuição para a redução do aquecimento global. O número 8 pede, para "promover o crescimento econômico inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos". A pandemia mostrou que a atividade rural não pode parar e não para mesmo, de forma que o agronegócio brasileiro gera 20% de todos os empregos no País, de forma permanente. O nono ODS diz: "construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação". A inovação tecnológica no nosso agro tem permitido crescimentos espetaculares de produtividade agropecuária e sucessivos recordes de produção. A logística indispensável para seu crescimento está em andamento, contemplando ferrovias, rodovias, hidrovias, silos, armazéns e estrutura portuária, seja com parcerias público-privadas, seja com privatizações e concessões.

O décimo prega "reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles". Nosso cooperativismo agropecuário vem fazendo esse papel, sobretudo conferindo competitividade aos pequenos e médios produtores de forma que 50% da nossa produção agrícola já passa por elas. E o cooperativismo de crédito vem crescendo em localidades distantes e pequenas que não interessam aos bancos. O décimo segundo ODS fala em "assegurar padrões de produção e consumo sustentáveis". Temos a agricultura mais sustentável do mundo, mas precisamos acabar com o desmatamento ilegal, com incêndios criminosos, invasão de terras e descumprimento de contratos. E temos que fazer cumprir nossas leis rigorosas, como o Código Florestal e a legislação fundiária na Amazônia. E vamos fazer isso. O ODS 13 pede para "tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos".

Toda a tecnologia inovadora criada pelos nossos organismos de pesquisa e incorporados pelos produtores rurais vão nessa direção. Hoje plantamos 66 milhões de hectares com grãos. Se tivéssemos a mesma produtividade por hectare que tínhamos há 30 anos, seria necessário desmatar mais 103 milhões de hectares para colher a safra recorde deste ano. A preservação assim obtida mitiga as mudanças climáticas, sem falar nas novas tecnologias do Plano Agricultura de Baixo Carbono, que já é praticada em 11 milhões de hectares em todo o País. Outros ODS estão sintonizados com nossas ações no agro, mas esses 7 objetivos estão muito ligados ao que fazemos no agronegócio e o que ainda não está sendo feito o será em breve. Com isso, estamos muito bem colocados no ideário estabelecido há 5 anos pelos principais mandatários do mundo. Fonte: Roberto Rodrigues. Agência Estado.