ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

14/Out/2020

Safra garantirá o abastecimento interno em 2020

Mais uma grande safra de dólares deve ser colhida no próximo ano, com novo recorde na colheita de grãos de 268,7 milhões de toneladas, segundo a primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura. O volume previsto é 4,2% maior que o da temporada 2019/2020. O aumento deve ser liderado pela cultura da soja, com produção esperada de 133,7 milhões de toneladas, 7,1% superior à deste ano. As exportações do complexo soja (grãos, farelo e óleo) pode render US$ 36,56 bilhões, 6% mais que o estimado para 2020, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Para o consumidor brasileiro as perspectivas são menos favoráveis. Haverá arroz e feijão suficientes, se as previsões estiverem corretas, mas o quadro é menos tranquilizante. A oferta de arroz, o mais notório vilão dos preços em 2020, deve ser ajustada ao consumo previsto.

O dólar alto contamina custos e os preços internos e a moeda norte-americana deve continuar valorizada. Tanto pior, pode-se acrescentar, se as confusões do Executivo continuarem alimentando a insegurança no mercado financeiro. A área destinada ao arroz poderá aumentar 1,6%, mas a safra será 2,7% menor que a deste ano, se ocorrer a perda de produtividade inicialmente estimada. A colheita, nesse caso, ficará em 10,9 milhões de toneladas, pouco mais que suficiente para um consumo estimado em 10,8 milhões. Com importação de 1,1 milhão de toneladas e nenhuma exportação, pouco sobrará depois de abastecido o mercado interno. Não haverá uma forte reversão de preços, se as projeções de oferta e demanda estiverem corretas. Nesse caso, os produtores continuarão encontrando alta remuneração no mercado brasileiro e será desnecessário buscar maior rentabilidade com a exportação. Mas, o plantio só estará concluído em dezembro e até lá as perspectivas poderão mudar.

O governo desonerou as importações para reforçar o abastecimento. O efeito foi quase nulo. A oferta era apertada também no mercado internacional, por causa das perdas de safras em importantes países produtores. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, falou sobre melhores condições de oferta no começo do ano, com a colheita da nova safra. Essa previsão parece agora menos segura. Os ministros da Economia e da Agricultura deveriam olhar as estimativas de safra, levar em conta o risco de novos problemas de suprimento e pensar em como proteger os consumidores. Também haverá pouca folga no mercado de feijão, se as atuais projeções estiverem certas. Calcula-se a produção total de 3,1 milhões de toneladas, somados os três plantios da temporada. A demanda é estimada em 3,3 milhões de toneladas. A oferta poderá atingir 3,5 milhões de toneladas, com o estoque inicial e alguma importação.

Mas, como o feijão é cultura de ciclo curto, poderá haver algum ajuste para cima no segundo e no terceiro plantios. O cenário externo é mais favorável. O Brasil deve ser novamente o maior produtor de soja. A produção de milho, com três colheitas anuais, está estimada em 105,2 milhões de toneladas, e deve ser a segunda mais volumosa. Também esse produto gera muitos dólares. O mercado chinês será novamente o maior importador do agronegócio brasileiro. Mas, há outros mercados importantes e um dos principais é a União Europeia. É essencial preservar esses parceiros, mas a política ambiental do presidente Jair Bolsonaro tem fornecido argumentos ao protecionismo europeu. Afrouxando a defesa da Amazônia e do Pantanal, o Executivo brasileiro favorece, também, os opositores do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.