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13/Out/2020

Inflação de setembro: maior para mês desde 2003

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou setembro em 0,64%, o que representa aceleração ante a taxa de 0,24% em agosto. A taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 1,34%. Em 12 meses, o resultado foi de 3,14%. A alta de 0,64% registrada pelo IPCA em setembro foi o resultado mais elevado para o mês desde 2003, quando aumentou 0,78%. Em setembro de 2019, o IPCA ficou em -0,04%. Como resultado, a taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses acelerou de 2,44% em agosto para 3,14% em setembro, ante uma meta de 4% perseguida pelo Banco Central este ano. A taxa foi a mais acentuada desde março, quando estava em 3,30%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve elevação de 0,87% em setembro, após um avanço de 0,36% em agosto. Como resultado, o índice acumulou uma elevação de 2,04% no ano. A taxa em 12 meses ficou em 3,89%. Em setembro de 2019, o INPC tinha sido de -0,05%.

O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários-mínimos e chefiadas por assalariados. As famílias voltaram a gastar mais com alimentos no mês de setembro. O grupo Alimentação e bebidas saiu de uma elevação de 0,78% em agosto para um avanço de 2,28% em setembro. O grupo contribuiu com 0,46% para a taxa de 0,64% do IPCA no mês. Os alimentos responderam por 72% do IPCA do mês de setembro. Houve uma disseminação maior de produtos alimentícios mais caros, o que levou a uma inflação de alimentos também mais elevada que o habitual para meses de setembro. Houve mais componentes (alimentos) em alta do que há normalmente para essa época do ano. Dois componentes estão influenciando preços: o auxílio emergencial, uma vez que os recursos são direcionados pelas famílias mais pobres para a compra de alimentos, e tem o câmbio, que torna mais atraente a exportação, o que acaba restringindo a oferta desses produtos no mercado doméstico.

Os alimentos para consumo no domicílio passaram de aumento de 1,15% em agosto para um avanço de 2,89% em setembro. O óleo de soja subiu 27,54%, enquanto o arroz aumentou 17,98%. Juntos, os dois itens responderam por um impacto de 0,16% sobre a inflação do mês. No ano, o óleo de soja acumula uma alta de 51,30%, e o arroz já subiu 40,69%. De fato, houve alta na exportação de arroz e de soja, que pode ajudar nessa maior restrição de oferta no mercado doméstico. As famílias também pagaram mais em setembro pelo tomate (11,72%), leite longa vida (6,01%) e carnes (4,53%). Entre os cinco maiores impactos no IPCA de setembro, quatro são alimentos. Teve alta significativa em alimentos bastante representativos na cesta de consumo das famílias. As carnes foram o item de maior pressão no IPCA de setembro, uma contribuição de 0,12%, seguidas pelo arroz (0,10%), gasolina (0,09%), óleo de soja (0,06%) e leite longa vida (0,05%). Houve alta também de produtos que são substitutos. As pessoas saem da carne e vão para o frango, que subiu 2,20%.

Então acaba aumentando a demanda, o que pode pressionar o preço. Mas, tem produtos alimentícios em queda de preços também. Em setembro, ficaram mais baratos a cebola (-11,80%), batata-inglesa (-6,30%), alho (-4,54%) e frutas (-1,59%). A alimentação fora do domicílio passou de uma queda de 0,11% em agosto para uma alta de 0,82% em setembro, puxada pelos aumentos nos preços do lanche (1,12%) e da refeição (0,66%). Na parte da alimentação fora, pode ser tanto efeito de inflação de custos, porque os alimentos estão mais caros, e pode ser questão de demanda, desse processo de flexibilização, de reabertura de alguns locais. Com as pessoas saindo mais, pode surgir efeito da demanda na alimentação fora. As famílias brasileiras gastaram 0,70% a mais com Transportes em setembro, um impacto de 0,14% sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Alimentação e Transportes responderam juntos por 94% do IPCA de setembro.

A gasolina subiu 1,95% em setembro, uma contribuição de 0,09% para a inflação do mês. Os preços do óleo diesel avançaram 2,47%, e o etanol aumentou 2,21%. O gás veicular caiu 3,16%. O seguro voluntário de veículo teve recuo de 2,73% em setembro, acumula uma queda de 11,86% no ano. As passagens aéreas aumentaram 6,39%, após quatro meses consecutivos de quedas. A metodologia prevê que a coleta seja feita com dois meses de antecedência. Esse resultado de setembro foi feito com coleta em julho para quem ia viajar em setembro. Mesmo assim, a passagem aérea acumula um recuo de 55,17% no ano. A alta na tarifa aérea no último mês pode ter relação com uma recuperação da demanda em meio ao processo de reabertura de atividades econômicas e flexibilização de medidas de isolamento social de combate à pandemia do novo coronavírus. Pode ser efeito da flexibilização do confinamento. As pessoas podem estar viajando mais e demandando mais esse tipo de produto.

A reabertura de atividades econômicas e flexibilização do isolamento social de combate à pandemia podem estar por trás de aumentos de preços em setembro em itens ligados ao turismo, como passagem aérea, aluguel de veículos e pacote turístico. A inflação de serviços saiu de uma queda de 0,47% em agosto para um avanço de 0,17% em setembro. No acumulado do ano, a inflação de serviços recua 0,05%. Em setembro, os dois principais impactos foram de alimentação fora de casa e passagem aérea. Pelo lado da demanda, há um efeito, principalmente, sobre preços dos alimentos. O auxílio emergencial fez as famílias de renda mais baixa destinarem mais recursos à aquisição de alimentos básicos. Agora, é preciso observar como vai se dar essa flexibilização, de forma gradual. É preciso aguardar os próximos meses para ver o impacto nos preços. O cenário é de incerteza não só na economia, mas também na saúde. Se fala em segunda onda de Covid-19.

O que dá para notar é que realmente os serviços apresentaram uma alta em alguns componentes, o que pode indicar melhora da atividade econômica e pode ser efeito da flexibilização. O repasse de preços mais elevados do atacado para o varejo se dá apenas em algumas categorias de produtos e ainda depende do aquecimento da atividade econômica. A inflação no atacado é mais sensível a câmbio e preços de commodities. No IPCA fica mais difícil o repasse dos preços do produtor ao consumidor final. Claro que em grande medida acabam repassados, como o caso do arroz e do óleo de soja, mas quando há estoque maior fica mais fácil não repassar. A inflação de bens e serviços monitorados saiu de uma elevação de 0,78% em agosto para alta de 0,13% em setembro. Ainda não há previsão de retomada da coleta presencial do IPCA. O indicador permanece com coleta totalmente remota. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.