ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

05/Out/2020

Alimentos: altas dos preços é fenômeno mundial

O salto recente nos preços de alimentos não é exclusividade brasileira. Ao redor do mundo, são diversos os exemplos de países que observaram uma aceleração forte no custo da Alimentação durante a pandemia do novo coronavírus, contrastando com a inflação total, comportada. Mas, enquanto a inflação de alimentos já cede principalmente na Europa, continua a avançar em outros emergentes, como Brasil, México e Coreia do Sul. A expectativa, porém, é de que os emergentes sigam, embora com temporalidades distintas, o mesmo caminho de alívio nos preços de alimentação. Em nível global, relatório recente da Capital Economics aponta que a inflação de alimentos começou a arrefecer, com a redução dos problemas de oferta e da estocagem realizada nos períodos mais graves da pandemia. na maioria dos emergentes, o movimento é de alta continua, mas pode estar próximo do pico. Uma combinação de boas safras, queda nos preços agrícolas e apreciação das moedas deve melhorar o cenário no início do ano que vem.

A miríade de fatores que pressionam a inflação de alimentos no Brasil deve começar a desaparecer na virada do ano. No México, os dados de inflação da metade de setembro sugerem que a inflação do arroz pode ter atingido o pico. Também preocupação no Brasil, a escalada do preço do arroz encontra explicação na disrupção da cadeia de suprimentos global, com problemas principalmente na Tailândia. No dado da metade de setembro, a inflação no México alcançou 4,1% no ano contra ano, superando o teto da meta (4,0%), enquanto o grupo de Alimentação e Bebidas subiu 7,6% no mesmo período. Tanto no México como no Brasil, a fraqueza da moeda foi um impulso a mais para a exportação, reduzindo a oferta doméstica. A diferença entre os dois países, porém, é que os mexicanos foram mais comedidos com a política fiscal, apontada no Brasil como outro fator que desencadeou o avanço de preços, devido ao aumento do consumo de produtos básicos possibilitado pelo auxílio emergencial. A Capital Economics cita particularmente o Brasil como caso em que a maior demanda em supermercados, com a mudança de hábitos provocada pela pandemia, contribui para a aceleração da inflação de alimentos.

Mas, de maneira geral, os problemas na cadeia global de suprimentos e climáticos são fatores que explicam a alta dos preços de alimentação nos países emergentes. Além de México e Brasil, também mostraram aumento Coreia do Sul, onde a inflação de alimentos registrou recorde de alta em 9 anos, Turquia, Arábia Saudita, pela alta do IVA, Rússia, África do Sul e Peru. Há ainda o exemplo da China, onde a inflação acumula alta de 2,4% até agosto, mas com grande heterogeneidade dentro do índice. Enquanto Alimentação supera aumento de 11%, o restante do índice sobe 0,1%. Como no Brasil, Europa e Estados Unidos mostram preços de serviços muito comportados, favorecendo as medidas de inflação subjacente. Na Zona do Euro, o índice cheio voltou à deflação (0,2%) em agosto e os núcleos acumulam alta de 0,4%, a menor da série histórica, afirma.

No Brasil, por sua vez, enquanto alimentação no domicílio acumula alta de 11,39% em 12 meses até agosto, os serviços avançam apenas 0,95% e a média dos núcleos está em 1,94%. Há um choque global, mas esconde por trás um efeito da pandemia que é amplamente desinflacionário. Como a retomada é desequilibrada, com desvio do consumo de serviços para bens, notadamente alimentos, gera esse efeito. No Brasil, a reação das commodities é aprofundada pelo câmbio. O efeito desinflacionário é o que deve predominar no ano que vem, dentro do cenário que é relevante para os bancos centrais. Citando os núcleos baixos e o hiato do produto bastante negativo, a Capital Economics aposta que a grande maioria dos bancos centrais devem manter a política flexível, embora a desaceleração de alimentos possa ser compensada pela alta de combustíveis nos próximos meses. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.