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01/Out/2020

Sustentabilidade: SEB vai lançar novo título verde

Um dos pioneiros no mercado de títulos verdes, que vem ganhando impulso nos últimos meses em todo o mundo, inclusive no Brasil, o banco sueco SEB AB promete continuar na dianteira desse filão de sustentabilidade no mundo das finanças. A intenção é ser a primeira instituição a oferecer em alguns meses um título ligado à sustentabilidade na região nórdica de forma mais ampliada. O objetivo é oferecer um instrumento novo de dívida que não esteja vinculado a um projeto verde determinado, como ocorre hoje com os green bonds. O papel deve estar vinculado a metas ambientais, sociais ou de governança, que são mais conhecidas pela sigla em inglês ESG. É um papel de outra natureza, que pode complementar o tradicional título verde ou social.

Se os green bonds são lançados em cima de um projeto específico, esses novos ativos terão foco nas metas de sustentabilidade estratégica apresentadas pelas empresas e, neste ponto, não importa como irão realizar o trabalho com o produto dos títulos específicos, mas sim que apresentem um resultado positivo em termos de seus objetivos de sustentabilidade. Neste caso, até empresas que não estariam no imaginário de investidores como potenciais emissoras de títulos verdes por suas atividades serem relacionadas à alta emissão de poluentes ou por terem sofrido acidentes ambientais poderão atuar nesta área desde que possuam uma estratégia crível de transformação. Mas, alguns setores em que não há tantos investimentos de capital em áreas tipicamente verdes, como os de telecomunicações, são os que mais se "encaixam" nessa nova forma de captação de recursos.

O Brasil já conta com emissão vinculada a metas de sustentabilidade, já que a Suzano foi uma das estreantes do mundo nesse mercado. Outra referência no mundo dos negócios é a farmacêutica suíça Novartis. A Europa tende a continuar na cabeceira desses investimentos porque o Banco Central Europeu (BCE) já anunciou que passará a aceitar esse tipo de ativo como colateral a partir de 2021, estimulando que outras companhias entrem no mercado. Apesar da expectativa positiva com o novo instrumento que chega ao mercado, há algumas dificuldades em mostrar para o investidor o retorno de algo que não é muito habitual para quem aplica recursos, que é a falta de dispositivos que mostrem que um objetivo foi atingido. A ausência de taxonomia, ou a classificação desses ativos em padrões específicos, é um dos principais obstáculos hoje para que o setor deslanche de forma mais rápida em todo o mundo.

Em março de 2018, a Comissão Europeia começou a formular um sistema de classificação próprio desses ativos e no final do ano passado uma regulamentação do setor foi aprovada no continente. Agora, a UE deve passar a integrar também os Princípios de Títulos Verdes, construído pela Associação do Mercado de Capitais Internacional (ICMA), sob a forma de uma norma de títulos verdes da UE. Uma das formas de tranquilizar o investidor é apresentar credenciais sobre avanços feitos pelas companhias na área determinada e obter uma avaliação externa independente, mais ou menos como acontece com as auditorias de contabilidade. Em 2008, o SEB ajudou a organizar o primeiro título verde do mundo para investidores institucionais, depois que fundos de pensão suecos procuraram o Banco Mundial para expressar interesse em financiar projetos relacionados ao clima por meio de suas principais carteiras de investimentos.

Em 2013, o SEB ajudou a primeira empresa (Vasakronan) e o primeiro município (a cidade de Gotemburgo) a emitir títulos verdes. A partir daí, uma parceria público-privada (PPP) firmada com o governo alemão levou a instituição a promover workshops e seminários sobre o tema em diversos países durante três anos no período de 2016 a 2019. Na época, Brasil, China, Índia e México foram os países emergentes contemplados pela ação. Mais recentemente, o SEB projetou a estrutura para o primeiro programa de títulos governamentais verdes da Suécia. Os planos agora incluem o lançamento de empresas verdes soberanas também fora da região nórdica. A ampliação de metas sustentáveis de forma mais generalizada, e não apenas a criação de instrumentos financeiros atrelados a alguns projetos, foi um dos temas do relatório trimestral mais recente do Banco de Compensações Internacionais (BIS).

Para o Banco Central dos bancos centrais, esta deve ser uma das formas para ampliar os investimentos verdes em todo o mundo, tendo como o foco o setor bancário. E é preciso ampliar as métricas sobre como medir o desempenho das atividades das companhias em relação à sustentabilidade de forma geral. A demanda por investimentos éticos e sustentáveis é crescente no mundo. Vem ganhando força por causa das mudanças climáticas e, por conta da Covid-19, muitas empresas passaram a pensar em uma nova forma de retomar suas atividades interrompidas pela crise da pandemia. Os segmentos que mais buscam "títulos limpos" são os fundos de pensão, mas seguradoras estão cada vez mais interessadas nesses papéis assim como gestores de ativos.

Segundo o SEB, a iniciativa privada não precisa aguardar um comprometimento dos governos e líderes de seus países para se engajarem em ações sustentáveis. As cidades, os Estados, as empresas podem buscar esses recursos de forma sustentável mesmo que o governo do País esteja em outra direção. Assim, embora a administração dos Estados Unidos não esteja alinhada ao Acordo de Paris, as empresas norte-americanas podem aderir a práticas sustentáveis, fornecendo estruturas sólidas para seus investidores. O tema da sustentabilidade chegou também à corrida presidencial nos Estados Unidos. Na terça-feira (29/09), durante o primeiro debate dos candidatos à presidência, o democrata Joe Biden afirmou que se vencer o pleito em novembro reunirá países aliados para oferecer ao Brasil US$ 20 bilhões para conter as queimadas nas florestas e ameaçou que, se não parar, haverá consequências para o País.

O governo brasileiro é mais alinhado às diretrizes de Donald Trump e um dos pontos em comum entre os dois governos têm a avaliação sobre as mudanças climáticas. O presidente Jair Bolsonaro ganhou manchetes de todo o mundo por defender que o Brasil é um dos países que mais protegem o meio ambiente, apesar de críticas à sua gestão na área e das notícias sobre queimadas na Amazônia e, mais recentemente, também no Pantanal. O Brasil tem um enorme potencial nesse setor de sustentabilidade. Uma série de projetos voltados para a área no País tem sido anunciada nos últimos tempos.

De bancos que se propõem a fazer análises de ESG para empresas a escritórios de advocacia que criaram comitês específicos para tratar de questões climáticas até uma estratégia na área montada pelo Banco Central. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou um relatório, na terça-feira (29/09), recomendando que governos e reguladores trabalhem juntos e com urgência para melhorar os dados usados em investimentos que levam em conta critérios de melhores práticas em ESG. O relatório da entidade Perspectiva de Negócios e Finanças 2020 destaca o crescimento do ESG nos últimos anos, com ratings específicos, índices e outros produtos financeiros que proliferam, diante da demanda. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.