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30/Set/2020

Sustentabilidade: fundo financiará ILPF no Brasil

O fundo Sustainable Agriculture Finance Facility (SAFF), lançado nesta terça-feira (29/09), vai oferecer a produtores brasileiros linhas de crédito para adotar ou ampliar o uso de estratégias de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). No primeiro ano, serão US$ 68 milhões em recursos, dos quais US$ 62 milhões em crédito para o produtor e US$ 6 milhões para financiamento de programas de certificação, pesquisa, transferência de tecnologia, assistência técnica e certificação. O aporte inicial deve vir do IFC (International Finance Corporation), membro do Grupo Banco Mundial, mas a ideia é aumentar o número de investidores de modo que o volume de recursos cresça ano a ano, podendo chegar a US$ 1,4 bilhão em 2026. O primeiro critério para produtores acessarem o fundo é o monitoramento e a aprovação da propriedade pela sistemática TrustScore, desenvolvida pela Ceptis Agro para medir a sustentabilidade das fazendas.

A TrustScore é uma ferramenta de MRV (Monitoramento, Relato e Verificação) para finanças verdes no agronegócio, que acompanha mais de 120 critérios ambientais, econômicos e sociais das propriedades rurais. O custo efetivo de crédito, ou seja, o valor final para o produtor, deve variar entre 4,5% e 9,1% ao ano. Contudo, as taxas podem diminuir até 25% de acordo com o resultado do TrustScore. A ideia é que, quanto maior o índice de sustentabilidade atingido, menores sejam os juros pagos pelos agricultores. A diferença conquistada pela evolução do TrustScore será paga ao produtor como cashback das parcelas de amortização de acordo com a nota no momento do pagamento. A devolução de recursos será realizada em dinheiro na conta digital do agricultor no SAFF. O SAFF foi um dos projetos selecionados em 2020 pela Global Innovation Lab for Climate Finance (Lab), um programa de aceleração de opções de investimento que mobilizem recursos para o desenvolvimento sustentável em mercados emergentes.

O projeto-piloto será implantado até julho de 2021 e vai abranger propriedades de sete Estados brasileiros: Paraná, São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, totalizando 90 mil hectares. Segundo o Conselho Gestor da Rede ILPF, a ideia é atingir 3 milhões de hectares financiados pelo fundo até 2030. A ambição é grande, é uma área bastante significativa. A previsão é chegar a 2030 com 30 milhões de hectares de ILPF no Brasil, então 10% dessa área seria feita via SAFF. Uma das vantagens do SAFF para o produtor é obter assistência técnica mesmo antes de fazer o plano de manejo da propriedade para implantação da ILPF. O produtor vai receber orientação de como o sistema vai ser adotado. A ideia também é atrair mercados ou empresas que estejam dispostos a dar preferência e/ou pagar prêmios por produtos com nota de sustentabilidade.

O programa tem atrelado ao crédito todo um aparato de certificação e rastreabilidade que oferece para o consumidor final uma segurança grande quando adquire o produto e a perspectiva de uma remuneração mais justa para o produtor. Segundo a Ceptis, o produtor também poderá demonstrar aos mercados a sua evolução constante em critérios de sustentabilidade. Será feito o acompanhamento a cada atividade que acontece, a cada duas semanas no mínimo são avaliadas por imagens de satélite as medidas de cumprimento de parâmetros ambientais. A nota é válida no momento em que foi definida e vai evoluindo o tempo inteiro. O SAFF terá um efeito positivo para a imagem do agronegócio brasileiro no exterior. Tem coisas negativas acontecendo, mas também tem muita coisa boa acontecendo no campo. Esse monitoramento tem como objetivo, de forma independente, tirando o mecanismo autodeclarativo e com ferramentas de tecnologia autônoma, demonstrar a qualidade dos manejos sustentáveis brasileiros. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.