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23/Set/2020

Discurso de Jair Bolsonaro na ONU gerou críticas

Segundo o Observatório do Clima, entidade ambientalista reúne mais de 50 Organizações Não-governamentais (ONGs) e movimentos sociais, o discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (22/09), foi "calculadamente delirante" e confirma as preocupações de investidores estrangeiros quanto às crises ambiental e sanitária no País. Em pouco mais de 14 minutos de fala, Bolsonaro voltou a elogiar a atuação do governo no combate à pandemia, criticou a imprensa por levar caos social ao País e rebateu críticas à forma como sua gestão lida com o desmatamento crescente do Pantanal e da Amazônia. Segundo ele, o Brasil é vítima de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a questão ambiental. Para o Observatório do Clima, a declaração do presidente não foi voltada à comunidade internacional, mas sim à claque bolsonarista. O discurso dá o tom para a saída de investidores internacionais e o cancelamento de acordos comerciais com países parceiros.

As discussões para a efetivação do acordo entre União Europeia e Mercosul têm sido protagonizadas pela questão ambiental e o temor de que o acordo possa intensificar ainda mais o desmate nas florestas brasileiras. A fala de Bolsonaro ameaça a economia ao não propor soluções aos problemas ambientais do País e acusar um conluio inexistente entre ONGs e potências estrangeiras contra o Brasil. a percepção é de que ele não teve o objetivo real de prestar esclarecimentos sobre a situação do Brasil a parceiros comerciais e consumidores preocupados, muito menos de propor uma visão de País, como era a tradição, mas de combater a realidade e inventar inimigos imaginários e parece ter usado a tribuna das Nações Unidas para fazer campanha à reeleição e não para promover o País. O discurso de Bolsonaro teve rápida repercussão na imprensa internacional. Agências de notícias e jornais de diferentes países destacaram as falas do presidente brasileiro sobre a pandemia e as queimadas no País. A agência de notícias francesa AFP deu destaque à fala do presidente sobre uma "campanha de desinformação" sobre as queimadas na Amazônia e no Pantanal.

Os franceses citaram a fala do presidente sobre a causa do incêndio. A agência norte-americana Associated Press deu destaque às críticas do presidente ao que chamou de "politização do coronavírus". O diário britânico The Guardian relatou as falas de Bolsonaro em sua cobertura em tempo real da Assembleia-Geral. Escreveu que o presidente brasileiro elogiou o agronegócio brasileiro e os caminhoneiros, dois importantes grupos de apoio e culpou a desinformação pelas más notícias sobre os incêndios na Amazônia e no Pantanal. O The Guardian traz dados para rebater as informações do presidente. Na verdade, o Pantanal, a maior área úmida do mundo, está enfrentando a maior devastação de sua história. A área queimada este ano é equivalente ao tamanho do Estado de Israel (3 milhões de hectares ou 20% de todo o bioma). Ao enaltecer sua resposta à pandemia, Bolsonaro não mencionou as 137 mil mortes nem o fato de o Brasil ser um dos três países mais afetados pelo vírus no planeta.

O jornal argentino Clarín também destacou que o presidente defendeu suas políticas para o meio ambiente e afirmou que o governo tem sido vítima de uma "campanha brutal de desinformação". Os argentinos destacaram que o Brasil desponta como o maior produtor mundial de alimentos e que por isso haveria interesse em prejudicar a imagem da nação. O diário traz dados oficiais mostrando a devastação na Amazônia e no Pantanal. O jornal português O Público destacou que Bolsonaro culpou os índios pelos incêndios na Amazônia. Nos últimos meses, a região do Pantanal tem sido dizimada por fortes incêndios, pondo em causa não só a fauna e a flora única deste bioma, mas também a sobrevivência dos povos indígenas locais. No entanto, Bolsonaro apontou precisamente o dedo aos índios e aos "caboclos" pelos incêndios justificados pela "busca da sobrevivência", sem fornecer qualquer prova desta acusação, escreveu o jornal. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.