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21/Set/2020

Mercosul-UE: acordo sofre novo revés na Europa

O acordo comercial União Europeia-Mercosul sofreu um novo golpe na Europa, agora com um relatório encomendado pelo governo francês a um grupo de especialistas que conclui que o tratado traz o risco de acelerar o desmatamento. O documento de 194 páginas afirma que a hipótese mais provável, para os especialistas do grupo, é de desmatamento a um ritmo anual de 5% durante seis anos desde a aplicação do acordo, significando 700 mil hectares. Ou seja, o custo ambiental medido a partir das emissões suplementares de CO2, a um custo unitário de US$ 250,00 por tonelada, seria mais elevado do que os benefícios econômicos. Segundo o jornal Le Monde, a comissão baseia seus cálculos sobre o desmatamento provocado sobretudo por abertura de pastos para aumentar a produção de gado no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

O balanço carbono da produção de 1 Kg de carne bovina seria três vezes superior na América Latina em relação à Europa, segundo dados da FAO, a Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação. Mas, há divergências entre cientistas sobre essa questão. O grupo formado pelo governo francês também é severo sobre vários aspectos sanitários do acordo, entre eles produtos como pesticidas, interditados na Europa, mas autorizados nos países do Mercosul. O jornal cita também um estudo de impacto encomendado pela Comissão Europeia à London School of Economics, que afirmava que o acordo UE-Mercosul não provocaria emissão de carbono adicional. O Le Monde cita um especialista do Instituto Veblen, um think tank especialista em reformas econômicas, que considera que o acordo com o Mercosul é incompatível com o “green deal” europeu, ou seja, a nova estratégia verde de crescimento europeu.

Existem cláusulas ambientais nos acordos comerciais, mas organizações não governamentais reclamam que a União Europeia tem reticências a aplicá-las na prática. O relatório pavimenta o caminho para o presidente Emmanuel Macron não assinar o acordo UE-Mercosul. Macron já por mais de uma vez ameaçou não ratificar o tratado alegando que o presidente Jair Bolsonaro não tomava as medidas necessárias para proteger a Floresta Amazônica. Na seção de opinião do Le Monde, Sônia Guajajara, representante de povos indígenas do Brasil, e Marie Laura Canineu, diretora de Human Rights Watch no país, publicam artigo intitulado: “A Europa pode nos ajudar a salvar a Amazônia”. Conclamam a União Europeia a não ratificar o acordo com o Mercosul se Bolsonaro não honrar compromissos ambientais. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.