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21/Set/2020

Ministério da Agricultura quer mudar Guia Alimentar

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deve pedir ao Ministério da Saúde uma revisão urgente do Guia Alimentar para a População Brasileira, para que sejam retiradas recomendações contrárias a alimentos industrializados. O guia, elaborado pelo Ministério da Saúde e válido desde 2014, traz diretrizes sobre alimentação adequada e saudável para a população brasileira, com recomendações que privilegiam alimentos in natura ou pouco processados. As orientações foram formuladas por técnicos do ministério em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP) e o apoio da Organização Panamericana da Saúde (Opas).

O pedido de alteração foi finalizado pelo Mapa no dia 15 de setembro, cerca de dois meses após a ministra Tereza Cristina realizar reunião com representantes da indústria de alimentos cuja pauta era justamente a revisão do guia. Em 23 de julho, ela fez videoconferência com o presidente executivo da Associação Brasileira de Indústria de Alimentos (Abia). Na nota técnica elaborada pelo Mapa, na qual já consta como destinatário o ministro da Saúde são feitas críticas à classificação de alimentos utilizada no guia, que separa os produtos em quatro grupos de acordo com seu nível de processamento. No primeiro grupo, estão os alimentos in natura ou minimamente processados (como vegetais, ovos, cereais).

No segundo grupo estão os óleos, açúcar e sal. O terceiro é dos processados, que inclui alimentos in natura que tiveram a adição de óleos, açúcar, sal ou substâncias para aumentar sua durabilidade. Por fim, há os alimentos ultraprocessados, geralmente fabricados industrialmente e com conservantes artificiais, como refrigerantes e salgadinhos. Segundo o guia, esses alimentos (ricos em açúcares, sódio, gordura e outras composições industriais) devem ser evitados por aumentarem o risco de problemas como obesidade, diabetes e problemas cardíacos.

Apesar de vários estudos científicos já terem comprovado esses riscos, o Mapa argumenta que pesquisas demonstram que não existem evidências de que o valor nutricional e a saudabilidade de um alimento estejam relacionados aos níveis de processamento. O Ministério da Agricultura afirma também que a classificação apenas confunde a população, diminuindo a autonomia das escolhas alimentares e pede a imediata retirada das menções que indicam os riscos da comida industrializada. De acordo com a Faculdade de Saúde Pública (Nupens/USP), organismos técnicos das Nações Unidas, como FAO, Organização Mundial da Saúde (OMS) e Unicef, consideram o guia brasileiro um exemplo a ser seguido. O Nupens classificou os argumentos do Mapa como frágeis e inconsistentes.

Várias outras entidades também criticaram o posicionamento do Mapa, como Conselho Nacional de Saúde e Conselho Regional de Nutricionistas 3ª região, que representa São Paulo. O Ministério da Agricultura afirmou que se tratam de minutas de documentos internos, ainda em discussão nas câmaras setoriais. O Ministério da Saúde informou que não recebeu a nota técnica Mapa e não informou se pretende promover mudanças no guia alimentar. A Abia defendeu a revisão do guia de forma a contemplar todos os alimentos de forma justa. Disse ainda que não há pressão do setor produtivo para a reformulação do documento, mas sim manifestações legítimas de desacordo com a atual edição do guia. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.