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18/Set/2020

Desmatamento segue afetando imagem do Brasil

Segundo o Insper Agro Global, de todos os países, o Brasil é o de maior capacidade de aumento de produção de alimentos. Porém, para isso há desafios a serem vencidos. Há questões importantes e uma delas é, sem dúvida, o meio ambiente. O Brasil continua frágil em relação ao desmatamento ilegal, sobretudo na Região Norte, onde fica a Amazônia, e em algumas áreas do Cerrado e no MATOPIBA (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia). Este não é um problema do governo atual. É um problema de 30 anos; não há títulos de propriedade de terra na Amazônia; o Código Florestal, que levou dez anos para ser aprovado, não foi implementado adequadamente até agora e tem o pagamento por serviço ambiental (PSA), que nunca aconteceu.

A Amazônia não tem relevância na oferta de alimentos: apenas 3% da soja e 10% da carne bovina. Mas, se ela não é fundamental no agro brasileiro, é fundamental sob o aspecto político e de imagem. Hoje, a preocupação com a floresta é global e vai além de ONGs, já atinge bancos, e outros mercados que fazem pressão sobre o Brasil. Em relação à sustentabilidade do setor agropecuário, há uma "nova revolução" em curso, que relaciona agricultura e pecuária. Pelo menos 15 milhões de hectares no País já viraram sistemas integrados, entre lavoura, pecuária e floresta. Há, nesse sentido, pastos que estão virando floresta, porque se mostrou que não são terras aptas ao cultivo ou à pecuária.

Por isso, essa alternância entre pasto, floresta e agricultura será a grande revolução do setor agropecuário nesta década. O agronegócio brasileiro deve investir mais em diálogo e em documentos em inglês para começar a melhorar sua imagem ambiental no exterior. O setor deve se dedicar a processos que consigam reunir informações de uma forma mais construtiva, de maneira a esclarecer e responder de fato às perguntas que são feitas. A propaganda oficial e os vídeos que circulam em português só entre a “turma do agro” são pouco efetivos. Vídeos em português, que serão vistos somente pelo setor, que fazem autoelogios, de que o Brasil é o mais sustentável do mundo, não traz benefício algum.

Não se pode negar que os problemas do agronegócio existem: há ilegalidades na questão ambiental, existem problemas na área sanitária e é preciso ação. Não adianta o País falar que tem 66% de terras preservadas, se ainda é visto como o maior desmatador do Planeta. O Brasil ainda tem o título de grande desmatador, mas também é o grande conservador. Essas duas coisas não se conversam porque há a ilegalidade. Há 50 milhões de hectares de terras devolutas que ainda estão sendo invadidas, um problema que perpassa vários governos. Desta maneira, é preciso resolver os problemas internos, atacá-los e dialogar com as pessoas certas.

Entretanto, no curto prazo a imagem negativa do Brasil não deve afetar o comércio com outros países. O mundo precisa do Brasil hoje e a questão ambiental não deve afetar o comércio no curto prazo. Mas, já está influenciando na capitalização das empresas. JBS, Marfrig, Cargill, Amaggi e tantas outras querem criar cadeias livres de desmatamento porque o financiador está dizendo que não vai investir na empresa se não tiver a garantia de que não tem desmatamento na cadeia produtiva. Essa pressão já é realidade hoje e exatamente por isso é necessário fazer uma comunicação sobre as ações que estão sendo tomadas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.