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17/Set/2020

Inflação: pressão de preços agrícolas deve persistir

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), os preços de commodities agrícolas devem continuar pressionando os próximos resultados da inflação medida pelo Índice Geral de Preços, via aumento de custos no atacado. Mesmo que a cotação de alguns produtos em dólar se arrefeça, ainda é possível que a desvalorização do Real impeça um alívio acentuado. Essas pressões de commodities não vão se arrefecer rápido. Esse deve ser o tom do mês de setembro. Na margem, soja e milho, que são as grandes commodities que contribuíram para o resultado, começam a inverter essas cotações em dólar, mas isso ainda pode ser compensado por uma depreciação do Real.

Ainda é cedo para dizer que esse efeito vai ser percebido pelos IGPs em setembro. É pouco provável. Em outubro e novembro, o IGP vai continuar pressionado, mas talvez com ritmo de alta menor. Mas, existe muita volatilidade ainda, deve continuar pressionado até o final de 2020, pela cotação da taxa de câmbio atual e pelos preços que esses grãos já conquistaram em bolsas internacionais. O Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) avançou 4,34% em setembro, depois de uma alta de 2,53% em agosto. Impulsionado pela elevação de preços do minério, soja e milho, a inflação no atacado, medida pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-10), subiu 5,99% em setembro, ante uma elevação de 3,38% em agosto. Ambos tiveram as maiores taxas desde 2002.

O IGP-10 acumulado em 12 meses alcançou 17,03% em setembro, a taxa mais elevada desde outubro de 2003. O IPA-10 teve um aumento de 25,74% em 12 meses, maior patamar também desde 2003. Nos últimos 30 dias, a cotação do milho em dólar subiu 12,6%, enquanto a soja aumentou 8,5%. Isso é preço em dólar. Quando se observa o IPA, esses produtos incorporam também a variação cambial. A cotação média do dólar em agosto deste ano foi 36% mais elevada que a de agosto do ano passado. A valorização da moeda norte-americana torna essas commodities mais caras em Reais, além de diminuir a oferta também de algumas delas no mercado doméstico, uma vez que fica mais interessante ao produtor exportar e isso chega ao varejo. O óleo de soja subiu 41,2% em 12 meses.

Os grãos mais caros aumentam também o custo da proteína animal. A carne suína subiu 19,7% em 12 meses, enquanto a carne bovina encareceu 29,7%. Com os aumentos na alimentação, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-10) subiu 0,46% em setembro, após o avanço de 0,48% em agosto. Os alimentos para consumo no domicílio ficaram 10,3% mais caros em 12 meses, quase quatro vezes mais elevada que a inflação ao consumidor do período, de 2,58%. Os aumentos dos preços agropecuários no atacado chegam ao varejo penalizando mais as famílias mais pobres, que têm a cesta de consumo voltada para a alimentação.

Como os alimentos pesam apenas 20% da inflação ao consumidor, nesse momento de crise, os demais 80% dos produtos estão caindo ou estáveis, servindo como âncora para a inflação no varejo. Os bens de consumo duráveis, os serviços livres e os preços administrados pelo governo têm ajudado a conter o IPC. Quem percebe a inflação alta são os mais pobres, porque a cesta de consumo é muito intensa em alimentos. A classe mais alta percebe menos, porque está com desconto nas mensalidades escolares, não está gastando com show, passeio, está sobrando até para poupar dinheiro. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.