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14/Set/2020

Título Verdes: potencial de crescimento no Brasil

Em um momento em que aumenta a demanda global por investimentos em "causas verdes", o Brasil soma hoje 50 emissões de títulos sustentáveis, com capitalização total de US$ 8,1 bilhões. Ao emitir esses papéis, as empresas se comprometem a investir em projetos de impacto ambiental positivo. A maioria está atrelada à correta exploração de florestas (38%) e à geração de energia renovável (24%). Esses dados fazem parte de um levantamento da empresa de soluções financeiras para impacto socioambiental Sitawi e compreende o período de maio de 2015, quando a BRF lançou o primeiro título do gênero, até a última captação, feita em agosto, pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA). Embora a maior parte da captação tenha finalidade de manter os projetos das próprias empresas emissoras, já há iniciativas, como a do BV (Banco Votorantim), que buscam atingir consumidores em geral, com o financiamento para compra de sistemas de energia solar.

O mercado internacional é mais receptivo à captação de recursos para projetos verdes: 69% dos papéis locais foram emitidos no exterior, e o instrumento mais utilizado foram as "global notes", que representam 57% da carteira. O segundo instrumento mais utilizado foram as debêntures de infraestrutura, com 22%, mas estas foram vendidas no mercado brasileiro. Integrantes do Laboratório de Inovação Financeira (LAB) acreditam que é preciso preparar o ambiente regulatório no Brasil para atrair investidores privados para diversos tipos de empreendimentos, incluindo os ambientais. O LAB foi criado para promover finanças sustentáveis no País e é composto pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Há um trabalho com o CBI (Climate Bonds Initiative) e o Ministério da Economia para mapear projetos federais que poderiam capturar financiamento verde. Diversificar esse selo e converter o Brasil em líder na região é uma possibilidade. Até 2030, seria possível transformar esses US$ 8,1 bilhões em trilhão, pois o País se comprometeu, no Acordo de Paris, a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% (considerados os níveis de 2005). Segundo o Banco Mundial, isso vai requerer investimentos de US$ 1,3 trilhão para que o Brasil aumente sua participação em bioenergia sustentável, além de restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares na Amazônia. A emissão de títulos verdes segue os mesmos ritos das de um título comum, com um adicional: é preciso que um agente externo emita uma segunda opinião, atestando que o projeto de fato tem impacto ambiental positivo. A Sitawi fez esse trabalho em metade dos títulos verdes em circulação. Atualmente, a empresa tem dez mandatos em avaliação, no valor de R$ 5 bilhões, ainda para 2020.

Segundo o BID, a B3 vem trabalhando em uma plataforma de transparência para tentar ver como os usos de recursos dos títulos têm impacto verde. Segundo os dados mais recentes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a emissão de títulos verdes, sociais ou sustentáveis somou US$ 328 bilhões em todo o mundo no ano passado, alta de 57% ante 2018. Mas, a América Latina e o Caribe responderam por apenas 2% desse total. Ou seja: o potencial é enorme, porém mal explorado. Criado para promover finanças sustentáveis no País, o Laboratório de Inovação Financeira (LAB) fez uma pesquisa com possíveis emissores e investidores para saber quais oportunidades poderiam incentivar sua entrada no mercado. Do lado do investidor, a demanda é por títulos verdes com preços atrativos.

As pessoas têm interesse na sustentabilidade, mas ainda veem a decisão de investimento atrelada ao retorno ajustado. Antes de tudo, ele é um investidor. A falta de conhecimento também é um entrave para a expansão dos títulos verdes. Falta clareza: 47% dos emissores de títulos na América Latina ainda não informam o destino dos recursos. Por isso, o BID criou uma plataforma de transparência sobre esses ativos. Há ainda a questão da segurança jurídica. O setor de saneamento entrou para a lista de projetos de debêntures incentivadas com o decreto 10.387, de junho. No mês seguinte, já houve duas emissões da Iguá Saneamento, segundo o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.