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10/Set/2020

Alimentos sobem com exportação e demanda firme

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as famílias voltaram a gastar mais com alimentos no mês de agosto. O grupo Alimentação e bebidas saiu de um leve avanço de 0,01% em julho para uma elevação de 0,78% em agosto, dentro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O grupo contribuiu com 0,15% para a taxa de 0,24% do IPCA no mês. Os alimentos para consumo no domicílio passaram de aumento de 0,14% em julho para um avanço de 1,15% em agosto. Os alimentos estão mais caros no varejo por causa do aumento nas exportações brasileiras e da alta do dólar ante o real, mas também por uma pressão da demanda doméstica, aquecida pelo pagamento do auxílio emergencial.

A alimentação para consumo no domicílio acumula um aumento de 11,39% nos 12 meses encerrados em agosto. Alguns alimentos estão em alta, outros estão em queda, como alho, cebola, batata. O consumidor acaba percebendo muito mais as altas que as quedas. E sua percepção de inflação depende muito da sua cesta de consumo individual. Se o consumidor é vegetariano, por exemplo, vai sentir menos preço das carnes. Embora o Brasil esteja colhendo uma safra recorde de grãos em 2020, alguns itens estão mais caros para o consumidor doméstico. O câmbio mais alto estimula as exportações e reduz a oferta de produtos no mercado doméstico. Essa alta nos alimentícios tem a ver com vários fatores, um deles é demanda externa, principalmente chinesa.

Outro é câmbio, porque com dólar alto é interessante para o produtor exportar. E o auxílio emergencial ajudou a sustentar preços de alimentos, especialmente arroz e feijão, produtos mais básicos. Aumentou também a demanda de laticínios. Mas, tem alguns alimentos que estão caindo. Não é como se todos os alimentos estivessem subindo conjuntamente. O auxílio emergencial foi importante para sustentar a demanda por alguns produtos da cesta mais básica, e pode continuar sustentando nos próximos meses. No mês de agosto, houve pressão dos preços do tomate (12,98%), leite longa vida (4,84%), frutas (3,37%), carnes (3,33%), óleo de soja (9,48%) e arroz (3,08%). O arroz acumula uma alta de 19,25% no ano de 2020. Por outro lado, ficaram mais baratos a cebola (-17,18%), alho (-14,16%), batata-inglesa (-12,40%) e feijão carioca (-5,85%).

A alimentação fora do domicílio passou de uma queda de 0,29% em julho para um recuo de 0,11% em agosto. A refeição fora de casa saiu de -0,06% em julho para -0,56% em agosto, enquanto o lanche passou de -0,86% para uma alta de 0,78%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto confirmou que a pressão em alimentos. Essa pressão tende a ser pontual, porque está relacionada ao retorno do comércio global depois do choque da pandemia de coronavírus, que deve se acomodar nos próximos meses. Mas, a extensão do auxílio emergencial pode manter aquecida a demanda de alimentos, facilitando o repasse de custos do atacado, na medida em que, diante da incerteza anterior sobre o recebimento até o fim do ano, algumas famílias podem ter economizado no último mês e voltar a gastar agora.

Apesar da pressão na inflação de alimentos, a percepção é de que uma possível zeragem de tarifas de importação da cesta básica, que está sendo estudada pelo governo, é uma intervenção no mercado que poderia gerar distorções que destoam do objetivo, como, por exemplo, prejudicar os exportadores. Esta é uma preocupação mais política do presidente Jair Bolsonaro do que econômica, uma vez que o preço de alimentos costuma ser bastante volátil, tanto por questões de oferta e demanda, quanto por fatores climáticos. E, normalmente, há um rearranjo da cesta de consumo nos períodos de crise. No momento, a redução de consumo de serviços e os preços baixos têm amortecido a pressão de alimentos no IPCA. A pressão de alimentos não deve ser um tema central na mesa do Comitê de Política Monetária (Copom). Primeiro, porque o movimento tende a ser pontual, mas, mesmo se permanecer, há espaço dentro da meta para acomodá-lo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.