ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

08/Set/2020

Meio ambiente e a retomada “verde” da economia

A retomada da economia brasileira tem de ocorrer a partir de um grande “pacto verde”, e não nas mesmas bases de antes da pandemia do coronavírus, sob o risco de o País ficar de fora de grandes mercados globais. É preciso ter mais inclusão social e uma economia circular, voltada à inovação e com critérios ambientalmente corretos. Autoridades, especialistas e representantes de diferentes setores da sociedade discutem assuntos relacionados ao movimento global que surgiu durante a pandemia da Covid-19 e propõe reconstruir a economia dos países de maneira mais sustentável. O presidente Rofrigo Maia afirmou que uma das tarefas hoje é recuperar a imagem do Brasil, que há muitos anos vinha sendo construída na linha da preocupação com a preservação e com a valorização do meio ambiente, mas, infelizmente o presidente Jair Bolsonaro ganhou a eleição com outro discurso. Ao longo de 2019, o Ministério do Meio Ambiente desmontou tudo o que foi construído desde a década de 1990.

Segundo ele, a Câmara vem tentando atuar com projetos conjuntos para os setores de meio ambiente, agronegócio e área financeira, a fim de ampliar esse debate e promover a melhoria da imagem do País, sobretudo com os investidores. Do ponto de vista da Câmara, a tentativa é construir consensos para mostrar a importância da preservação do meio ambiente para que o País recupere a capacidade de atração de investimentos em ambiente seguro, com duas âncoras importantes: a fiscal e a ambiental. Sem essas duas âncoras, nada será relevante, destacou Maia, e isso tem de ser preocupação permanente. O presidente da Câmara lembrou que as recentes pressões externa e interna pelo fim do desmatamento da Amazônia levaram parte da sociedade a trabalhar com outra ordem relacionada à preservação ambiental. E ressaltou que há vários projetos em discussão na Câmara, como o da punição ao desmatamento ilegal e o de como avançar no mercado de carbono.

Para ele, a sociedade precisa sinalizar de forma clara, mostrando que a agenda ambiental é prioridade de todos, e pressionar o governo. O Brasil tem a maior biodiversidade do mundo e matriz limpa, e nenhum país do mundo fala em retomada pós-pandemia sem agregar a retomada verde, o que significa ter mais inclusão social e uma economia mais limpa. Toda inovação no mundo dos negócios tem de ocorrer com critérios ambientalmente corretos. É necessário o fortalecimento de sistemas de rastreabilidade, até mesmo com ajuda governamental. Vários países exigem, por exemplo, que a carne seja 100% rastreada e o Brasil não pode participar desses mercados globais, mesmo tendo competitividade e algumas empresas com sistemas de monitoramento. A rastreabilidade é uma tecnologia que consegue saber do início ao fim onde o boi estava, se em área desmatada ou não. A tecnologia aliada a questões ambientais e sociais é a resposta para o Brasil, porque é um muito competitivo.

As pandemias, como a da Covid-19, têm a ver com o desequilíbrio ecológico e, por muita sorte, ainda não houve nenhuma pandemia originária da Amazônia (local que mais tem microrganismos no mundo) diante do que está sendo feito com a floresta. A saída da pandemia tem de incluir política de proteção global às florestas tropicais. Não faltam dados para melhorar as ações de fiscalização, mas, infelizmente, o que atrapalha é o discurso político, apoiado pelo setor conservador do agronegócio, que incentiva um modelo atrasado de desenvolvimentismo que já devia ter sido deixado para trás. O compromisso das empresas com uma agenda verde que busque aliar o crescimento econômico a uma expansão socialmente responsável é hoje a única alternativa de garantir sobrevivência às corporações na economia, seja no mercado brasileiro, seja no restante do mundo.

Iniciativas de descarbonização produtiva e programas que incentivem uma nova tomada de atitude por parte de presidentes, executivos e colaboradores afetam diretamente o lucro das companhias. Segundo a firma de investimentos Robeco, fundada em 1929 na Holanda, existem estudos provando que empresas sustentáveis têm o retorno sobre o capital investidor maior. Para a Microsoft, que integra a lista de 80 empresários e executivos que em julho cobrou do governo uma agenda verde para a economia, a sustentabilidade é questão de vida ou morte. Quem não participar da descarbonização da economia, vai ficar para trás. O consumidor que tiver poder de escolha vai te descartar. O investidor já está descartando. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.