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04/Set/2020

Momento atual favorável ao agronegócio no Brasil

Apesar da recessão mundial e dos desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus, o agronegócio brasileiro passa por um momento positivo, com demanda e preços aquecidos. As perspectivas favoráveis devem se sustentar ao longo de 2021, quando se espera a recuperação da economia mundial e a retomada do crescimento. Apesar dos bons ventos, a recomendação é de cautela, principalmente no que diz respeito a investimentos que demandem desembolsos significativos por parte do produtor rural. Nos últimos quatro anos, os rendimentos agropecuários giraram em torno dos R$ 500 bilhões por temporada, mas as perspectivas são de que este volume chegue ao fim deste ano na casa dos R$ 625 bilhões, o que configuraria um aumento de 25%. Se a safra 2020/2021 transcorrer em condições ideais, a renda agropecuária pode fechar 2021 perto dos R$ 700 bilhões.

O caso do agronegócio brasileiro, no entanto, é considerado uma exceção. A combinação de alguns fatores contribuiu, de forma decisiva, para que o setor venha se sustentando com resultados históricos. No plano global, a pandemia aqueceu a demanda mundial por commodities agrícolas, sustentando os preços. O mercado de proteínas também se manteve em alta, principalmente pelo maior apetite de China, que ao longo de 2019 enfrentou um surto de peste suína africana (PSA), que dizimou parte significativa do rebanho. No âmbito internacional, a taxa de câmbio também acabou por beneficiar o setor agropecuário brasileiro. Ainda que algumas commodities tenham sofrido, em momentos específicos, queda nos preços nominais, a alta do dólar garantiu os rendimentos dos produtores rurais brasileiros. A depreciação do Real segurou os preços dos produtos exportáveis, principalmente da soja.

A depreciação do Real também tornou a logística brasileira mais barata. O País ficou extremamente competitivo internacionalmente. Esse bom momento beneficiou praticamente todas as cadeias produtivas. Além do excelente cenário registrado no mercado de grãos, o setor de proteína animal (suinocultura, avicultura e bovinocultura) também foi impactado positivamente. Além disso, a maior demanda por combustíveis se converteu em oportunidades para o setor sucroenergético. No mercado interno, o auxílio emergencial pago pelo governo federal a trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados teve papel decisivo. Essa injeção de dinheiro (cinco parcelas de R$ 600,00 e mais quatro de R$ 300,00 nos últimos meses de 2020) manteve o aquecimento da economia, contribuindo de forma decisiva para o aquecimento dos preços internos, mesmo ante a crise mundial.

Com o auxílio emergencial, começou a entrar dinheiro na economia brasileira, um volume sem precedente de renda. Muitas famílias, principalmente em áreas mais pobres, passaram a receber R$ 1.200,00 por mês. Pelo menos até o final do ano, haverá essa injeção de renda, um poder de consumo que permite pagar os preços altos, que se reflete em renda agrícola elevada ao produtor. O setor de lácteos, por ser em sua maioria voltado para o mercado interno, é um bom termômetro para analisar a capacidade de repasse do aumento dos preços dos produtos do agronegócio ao varejo. Houve uma transferência de preços dos lácteos por causa da crise, e esse segmento está subindo de forma importante. Enquanto durar o auxílio emergencial, esse cenário vai seguir. A projeção é de que, ao longo de 2021, se observe a recuperação da economia internacional, o que deve manter o cenário favorável para o agronegócio brasileiro.

Com a retomada do crescimento, a expectativa é de que a demanda por produtos agropecuários continue aquecida, sustentando os preços agropecuários em alta. Além disso, os preços internacionais das commodities já estão em movimento de alta. Apesar disso, o fim do auxílio emergencial a partir de 2021 provoca um cenário de incertezas, principalmente porque não é possível garantir que o mercado interno se mantenha tão aquecido. Por isso, a recomendação é de cautela ao produtor rural. Talvez não seja um bom momento para fazer investimentos em ativos “caros”. É um excepcional momento de capitalização. O ano de 2021 tende a um cenário bom, mas há muitas dúvidas. Sem o auxílio emergencial, talvez os preços não se sustentem em alto patamar. Fonte: Sistema FAEP. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.