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02/Set/2020

Brasil ingressa oficialmente em recessão técnica

De acordo com resultados das Contas Nacionais Trimestrais divulgados nesta terça-feira (1º/09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou queda de 9,7% no segundo trimestre de 2020 ante o primeiro trimestre de 2020. Na comparação com o segundo trimestre de 2019, o PIB apresentou recuo de 11,4% no segundo trimestre de 2020. O PIB do segundo trimestre de 2020 totalizou R$ 1,7 trilhão. O Produto Interno Bruto (PIB) da indústria caiu 12,3% no segundo trimestre de 2020 em relação ao primeiro trimestre de 2020. Na comparação com o segundo trimestre de 2019, o PIB da indústria mostrou queda de 12,7%. O PIB da agropecuária subiu 0,4% no segundo trimestre de 2020 em relação ao primeiro trimestre de 2020. Em relação ao segundo trimestre de 2019, o PIB da agropecuária mostrou alta de 1,2%.

As exportações cresceram 1,8% no segundo trimestre de 2020 em relação ao primeiro trimestre de 2020. Na comparação com o segundo trimestre de 2019, as exportações mostraram alta de 0,5%. As importações contabilizadas no PIB, por sua vez, caíram 13,2% no segundo trimestre de 2020 em relação ao primeiro trimestre de 2020. Na comparação com o segundo trimestre de 2019, as importações mostraram queda de 14,9%. A contabilidade das exportações e importações no PIB é diferente da realizada para a elaboração da balança comercial. No PIB, entram bens e serviços, e as variações porcentuais divulgadas dizem respeito ao volume. Na balança comercial, entram somente bens, e o registro é feito em valores, com grande influência dos preços. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 15,4% no segundo trimestre de 2020 em relação ao primeiro trimestre de 2020.

Ante o segundo trimestre de 2019, a FBCF mostrou queda de 15,2%. A taxa de investimento (FBCF/PIB) ficou em 15,0% no segundo trimestre de 2020. O Produto Interno Bruto (PIB) de serviços caiu 9,7% no segundo trimestre de 2020 em relação ao primeiro trimestre de 2020. Na comparação com o segundo trimestre de 2019, o PIB de serviços mostrou queda de 11,2%. O consumo das famílias caiu 12,5% no segundo trimestre de 2020 em relação ao primeiro trimestre de 2020. Na comparação com o segundo trimestre de 2019, o consumo das famílias mostrou queda de 13,5%. O consumo do governo, por sua vez, caiu 8,8% no segundo trimestre de 2020 em relação ao primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2019, o consumo do governo recuou 8,6%. A taxa de poupança ficou em 15,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2020.

A taxa de investimento ficou em 15,0% no segundo trimestre de 2020. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revisou o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2020 ante o quarto trimestre de 2019, de -1,5% para -2,5%. A revisão acentuada do dado do primeiro trimestre não decorreu de alteração do dado primário, mas sim de um modelo econométrico de ajuste sazonal. Também foi revisado o PIB do quarto trimestre de 2019 ante o terceiro trimestre de 2019, de +0,4% para +0,5%. O crescimento do terceiro trimestre do ano passado na comparação com o trimestre imediatamente anterior foi de alta de 0,5% para alta de 0,1%. O PIB da indústria de transformação caiu 17,5% no segundo trimestre de 2020 ante o primeiro trimestre do ano, enquanto a construção recuou 5,7%. O segmento de produção e distribuição de eletricidade, gás e água diminuiu 4,4%, e as indústrias extrativas caíram 1,1%.

Ainda na passagem do primeiro trimestre para o segundo trimestre do ano, o comércio despencou 13,0%; informação e comunicação caiu 3,0%; transporte e armazenagem diminuiu 19,3%; administração, defesa, saúde e educação públicas tiveram retração de 7,6%; e outras atividades de serviços diminuíram 19,8%. Por outro lado, houve avanços nas atividades imobiliárias (0,5%) e nas atividades financeiras (0,8%). Na contramão da maioria das atividades econômicas, as indústrias extrativas cresceram 6,8% no segundo trimestre de 2020 ante o segundo trimestre de 2019, graças ao avanço na extração de petróleo, que mais do que suplantou a perda do segmento de minério de ferro. O resultado ajudou a evitar uma queda ainda maior no PIB da indústria no período.

A indústria de transformação despencou 20,0% no segundo trimestre de 2020 ante o segundo trimestre do ano anterior, enquanto a construção encolheu 11,1%, e a produção e distribuição de eletricidade, gás e água encolheu 5,8%. O comércio tombou 14,1% no segundo trimestre de 2020 ante o segundo trimestre do ano passado, enquanto transporte e armazenagem reduziu 20,8%. O setor de informação e comunicação caiu 3,2%, o setor de administração, defesa, saúde e educação públicas encolheu 8,6%, e outras atividades de serviços diminuíra 23,6%. Por outro lado, houve avanços nas atividades financeiras (3,6%) e nas atividades imobiliárias (1,4%). O País registrou uma capacidade de financiamento de R$ 37,2 bilhões no segundo trimestre de 2020 ante uma necessidade de financiamento de R$ 25,8 bilhões em igual período de 2019.

O saldo externo de bens e serviços foi de R$ 60,0 bilhões no segundo trimestre de 2020 ante R$ 9,4 bilhões no segundo trimestre de 2019. A renda líquida de propriedade enviada ao resto do mundo passou a R$ 25,6 bilhões no segundo trimestre de 2020 ante um envio de R$ 37,1 bilhões no segundo trimestre de 2019. A pandemia de Covid-19 levou o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do segundo trimestre ao pior desempenho da série histórica trimestral do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 1996. Tanto a queda de 9,7% frente ao primeiro trimestre quanto a retração de 11,4% em relação ao segundo trimestre de 2019 foram as maiores da série. Com a queda, o PIB do segundo trimestre ficou em nível equivalente ao visto no segundo semestre de 2009 e está 15,1% abaixo do pico, registrado no primeiro trimestre de 2014, antes de a economia entrar na recessão anterior à atual.

A queda do PIB no segundo trimestre ante o primeiro trimestre foi também superior à retração acumulada em cada uma das recessões datadas, desde 1980, pelo Comitê de Datação de Ciclos Econômicos da Fundação Getúlio Vargas (Codace/FGV). Conforme comunicado do fim de junho, em que datou o início da atual recessão no primeiro trimestre deste ano, o Codace estimou (antes de incluir os dados divulgados hoje nos cálculos) uma retração acumulada de 8,0% na recessão do segundo trimestre de 2014 ao quarto de 2016. A segunda maior recessão, entre o terceiro trimestre de 1989 e o primeiro trimestre de 1992, acumulou perda de 7,7%. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, todos os componentes da oferta tiveram o pior desempenho da série, exceto a agropecuária, que subiu 0,4% ante o primeiro trimestre, ritmo semelhante ao 0,5% do primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2019.

Pelo lado da demanda, também houve perda recorde em todos os componentes, exceto no consumo do governo, nas exportações e nas importações. A queda de 8,8% no consumo do governo no segundo trimestre ante o primeiro trimestre é a maior desde o quarto trimestre de 1996, quando houve tombo de 15,0% ante o terceiro trimestre daquele ano. A queda de 13,2% nas importações ante o primeiro trimestre foi a maior desde o primeiro trimestre de 2009, auge da crise internacional deflagrada em 2008, quando houve tombo de 15,9%. As exportações subiram 1,8% ante o primeiro trimestre, maior alta ante o quarto trimestre de 2019, quando houve alta de 2,3% ante o terceiro trimestre daquele ano. Na comparação com igual trimestre do ano anterior, a queda do PIB da indústria, de 12,7%, foi também a mais intensa da série histórica, nessa base de comparação.

A atividade das indústrias de transformação também teve o pior resultado (-20,0%) da série, influenciado, principalmente, pelo recuo na fabricação de veículos; de outros produtos de transporte; de máquinas e equipamentos; e na indústria têxtil e de artigos de vestuário. A queda de 11,2% do PIB de serviços também foi a maior queda já registrada na série histórica do IBGE nesse tipo de comparação. Pela ótica da demanda, na comparação com igual período do ano anterior, a queda de 13,5% no consumo das famílias também foi a maior queda registrada na série histórica. Foi também o segundo resultado negativo nessa comparação após 11 trimestres de avanço. O índice pode ser explicado pelo isolamento social no País, proibição de funcionamento de algumas atividades especialmente de serviços prestados às famílias, além queda da massa de salarial no Brasil no segundo trimestre de 2020.

A lista de recordes negativos no desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado nesta terça-feira, 1º, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), inclui ainda a retração de 5,9% no acumulado do primeiro semestre, na comparação com a primeira metade de 2019. Tanto a queda de 9,7% frente ao primeiro trimestre quanto a retração de 11,4% em relação ao segundo trimestre de 2019 foram as maiores da série. Com a queda, o PIB do segundo trimestre ficou em nível equivalente ao visto no segundo semestre de 2009 e está 15,1% abaixo do pico, registrado no primeiro trimestre de 2014, antes de a economia entrar na recessão anterior à atual. Além de pior desempenho na atual série histórica do IBGE, o tombo do PIB no segundo trimestre ante os três primeiros meses do ano é também a maior queda para um trimestre desde 1980, conforme cálculos dos pesquisadores do Monitor do PIB, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV).

Numa série recalculada desde 1980, quando começaram a ser calculados dados trimestrais para o PIB, o pior resultado anterior estava com o quarto trimestre de 1990, quando a queda foi de 4,4% ante o terceiro trimestre daquele ano. Os dados do PIB do primeiro semestre também sinalizam para o pior resultado anual da história documentada. Na série anual mais antiga, referenciada em estudos acadêmicos e compilada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que começa em 1901, o pior desempenho até aqui havia sido registrado em 1990, ano do confisco das poupanças pelo governo Fernando Collor, quando o PIB despencou 4,3%. Mesmo na Grande Depressão, as retrações foram estimadas em 2,1% (1930) e 3,3% (1931). Na recessão de 2014-2016, houve retrações anuais de 3,5% (2015) e 3,3% (2016).

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que não causa preocupação ao governo o tombo histórico de 9,7% do Produto Interno Bruto (PIB), no 2º trimestre deste ano, na comparação com os 3 primeiros meses do ano. Segundo ele, é impacto do raio que caiu em abril. Ainda segundo Guedes, o Brasil está decolando em V (uma metáfora para explicar que após uma queda rápida da atividade, deve acontecer também uma alta na mesma intensidade.) Com o resultado, o Brasil entrou oficialmente em recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de encolhimento do nível de atividade. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.