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01/Set/2020

Governo atrapalha desenvolvimento sustentável

A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) afirmou que a imagem ambiental do Brasil no exterior nunca esteve tão ruim. Antes, a pressão ambiental sobre produtos do agronegócio se dava mais por meio de indústrias processadoras de alimentos que, pressionadas por ONGs em seus países de origem, transferiam a exigência de preservação ambiental à sua cadeia de fornecedores. Hoje, porém, a pressão ambiental vem mais por parte de investidores em fundos. E é muito mais fácil um investidor, da tela do computador, definir se aplica ou não seu dinheiro em determinado país. No caso de indústrias, mesmo pressionadas, dificilmente elas desmontariam parques industriais e sairiam de determinado país por causa de pressão ambiental. Além disso, a pressão hoje não ocorre mais por meio de boicotes, no exterior, a produtos de origem brasileira. O Brasil exporta commodities agrícolas, que são processadas no país de destino e pulverizadas em vários produtos, por isso boicotar produtos brasileiros é difícil. Em relação a pessoas que aplicam em fundos de investimento, elas o fazem tendo como base o leque de opções que o fundo oferece e as condições ambientais estão cada vez mais presentes.

Mesmo sendo um dos principais fornecedores de alimentos no mundo, o Brasil não deve ter a soberba de achar que o mundo só dependa dele para se alimentar. A entidade discorda de quem pensa que o Brasil pode se consolidar eternamente como o celeiro do mundo. É preciso lembrar que há 40 anos o País era um importador de alimentos e os Estados Unidos, o grande fornecedor mundial. Naquela época, devia haver nos Estados Unidos quem pensava que o mundo não sobreviveria sem essa potência alimentar. Porém, em seguida, surgiram Brasil, Austrália e Argentina. Atualmente, há apenas 23 países que conseguem produzir 100% do seu alimento e ter sobras para exportar. O que não significa que os outros 177 não poderiam fazer isso. É importante lembrar da máxima que não se pode criar um espaço vazio porque ele será sempre ocupado. Na semana passada, se falou de parceria da Rússia com a China na produção de soja. A Rússia acredita em mudanças climáticas e, com isso, está ganhando áreas agricultáveis nos últimos anos e deve despontar como grandes produtores de soja.

É preciso considerar também o continente africano, que está fora da exportação de commodities agrícolas) mas poderá ser incluso. Hoje, o Brasil é um grande fornecedor de alimentos e contribuirá com o mundo em fortes parcerias para garantir o abastecimento mundial. O País já despertou para a questão da sustentabilidade ambiental e caminha nessa direção. O setor privado e a sociedade estão atentos a isso, na questão da necessidade de desenvolvimento mútuo. Porém, o setor público ficou parado, desnorteado e não conseguiu acompanhar o desenvolvimento do setor privado no que se refere à questão ambiental. O setor público, hoje, é uma barreira ao desenvolvimento sustentável do agro. Atualmente, com tecnologias aplicadas por meio de monitoramento de satélite, é possível, por exemplo, monitorar e depurar qual o papel do agronegócio na degradação da Amazônia.

Sob este aspecto, pode-se citar o trabalho de rastreamento de gado realizado pela JBS, a fim de evitar comprar bovinos para abate provenientes de áreas desmatadas ilegalmente. É o maior programa de rastreabilidade do mundo. A Marfrig também sugeriu que vai fazer o rastreamento de toda a cadeia produtiva (desde fazendas de cria, até recria e engorda de bovinos). Entretanto, se governo colaborasse e fizesse parcerias com a iniciativa privada, em no máximo dois anos seria possível rastrear toda a cadeia produtiva pecuária do Brasil. Geralmente, a pecuária costuma ser o alvo de acusações de desmatamento na Amazônia. O governo tem o papel fundamental para que isso aconteça: tem o CAR, tem o Sisbov, tem as GPAs, tem o Inpe e tem o Incra. Se o governo resolver cruzar os dados de todos esses cadastros, consegue a rastreabilidade perfeita da cadeia pecuária do Brasil. Para que isso se concretize, porém, falta maturidade para unir os três entes (iniciativa privada, sociedade e governo) para resolver isso. Ou há falta de ferramental e vontade política, e não só do governo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.