28/Ago/2020

Segundo o Itaú BBA, o Brasil sempre foi visto como um mercado "complicado" pelo investidor estrangeiro, mas as novas questões polêmicas envolvendo políticas ambientais dos governos não servem apenas para o País, mas para todas as nações, inclusive as economias tidas como maduras. Sobre a questão da Amazônia e da posição do governo brasileiro, obviamente é algo que está fora do preço, mas, os mercados maduros estão enfrentando uma questão similar: há a mudança de clima, da política de mudança de clima, e os reguladores agora estão incluindo novas medidas. Em relação a esse assunto, o que está ocorrendo neste momento é a divisão dos investidores. De um lado estão os que aguardam para ver o que acontece e as medidas que serão tomadas nessa direção. De outro, há os que atuam como fiduciários da questão pelos diferentes motivos ou os que passaram a ser proibidos de investir em ativos que não sejam sustentáveis.

A questão da Amazônia e do clima é completamente uma verdade, mas não é aplicável apenas ao Brasil, mas para cada um dos países. De qualquer forma, o Brasil não conta com um ambiente tão amigável para os negócios, pois apresenta fortes oscilações do Produto Interno Bruto (PIB), da inflação e do câmbio, variáveis que sempre fizeram o investidor estrangeiro analisar o País como um mercado complicado. Menos se comparado a economias como da Índia e da Rússia, por exemplo, e mais com países bem mais estáveis, como a Suíça. Apesar das questões políticas internas estarem sempre em pauta, as instituições têm se mostrado firmes, o que torna o País menos instável pelo olhar de quem está fora. Isso é muito importante. Especificamente sobre o governo de Jair Bolsonaro, o Itaú BBA enalteceu o fato de as reformas estarem sendo feitas na direção correta. Isso claramente assegura aos investidores internacionais que as coisas estão andando (reforma da Previdência Social e a criação do teto de aumento dos gastos do governo, que, na realidade foi concebida na gestão de Michel Temer).

Há credibilidade no que o governo está fazendo. Isso definitivamente ajuda os investidores estrangeiros a serem atraídos ao Brasil. Uma das desvantagens do País é a volatilidade, principalmente do câmbio. Essa é uma das chaves para os investimentos já que, do ponto de vista de um negócio que será feito em dólares ou euros, ele pode perder toda a atratividade. O que as pessoas têm em mente quando investem no Brasil é no longo prazo porque o PIB oscila muito, a moeda, a inflação. Então, o que poderia ser um bom investimento em Reais, na realidade pode ser um mau investimento em outra moeda. O fato de o Brasil ser a maior economia da América Latina e compartilhar com o México um dos principais centros financeiros da região faz com que o interesse pelo País ainda seja mantido no exterior.

E se comparar com o México, o Brasil é mais atrativo porque é um mercado maior, com mais de 200 milhões de pessoas, uma população jovem, consumidora. É um mercado muito atrativo. Mas, não é atrativo para qualquer um. Uma seleção dos ativos a serem buscados, no entanto, existe. As principais oportunidades são vistas em áreas de geração e distribuição de energia e em infraestrutura de forma geral. Há um déficit de investimentos na área de cuidados com a saúde. Há uma clara oportunidade aí, na geração de energia e renováveis e é por isso que ainda é visto tanto interesse nos últimos anos por chineses, fundos de pensão canadense e alemães. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.