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27/Ago/2020

Agronegócio está engajado contra desmatamento

Responsável por um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o agronegócio é um dos poucos setores que vão crescer este ano em meio à pandemia do coronavírus. Com a expectativa de colher uma safra recorde de grãos, o faturamento do setor "da porteira para dentro" deve atingir R$ 730 bilhões em 2020, a agricultura nacional ganhou os holofotes este ano não pelo seu bom desempenho financeiro no campo, mas pela imagem negativa no exterior: a de um País que desmata. Um dos maiores produtores de grãos, cana e carne do mundo, o Brasil está em meio a um tiroteio entre o governo, ambientalistas e investidores estrangeiros desde o ano passado, com o crescimento das queimadas da Amazônia e aumento do desmatamento da floresta.

Sob ameaça de boicote aos produtos brasileiros por parte dos países importadores e pressão de fundos internacionais, empresários brasileiros decidiram cobrar do governo federal ações concretas para a agenda ambiental e provar para o mercado internacional que a agroindústria brasileira é sustentável e tem condições de avançar sem derrubar uma árvore. A interlocução do setor privado tem sido com o vice-presidente, Hamilton Mourão, que comanda o Conselho Nacional da Amazônia Legal e tem promovido encontros com empresários para debater o tema. O setor privado está liderando esse processo de discutir a sustentabilidade. Não é mais só papel das ONGs ficarem cobrando por isso. Empresários brasileiros estão participando desse debate. A novidade é que as cadeias estão mais organizadas.

Os grandes varejistas e consumidores globais estão cobrando mais sobre a origem dos alimentos. Os problemas que o País está enfrentando hoje no agronegócio são antigos. Passam pela regularização fundiária, comando e controle das áreas nas bordas do bioma amazônico e falta de regularização do Código Florestal. O problema do desmatamento ilegal não é de natureza agrícola, e sim uma questão fundiária. Diz respeito à posse da terra. Há 50 milhões de hectares de terras devolutas no Norte do País. O agronegócio brasileiro não precisa da Amazônia para crescer. Estima-se que menos de 2% dos produtores sejam responsáveis por 62% do desmatamento ilegal na Amazônia e no Cerrado brasileiro, de acordo com a publicação da revista científica Science. É preciso seguir a lei.

Na realidade, o Código Florestal virou irrelevante porque não se fiscaliza. Mas, o agronegócio brasileiro é um dos mais eficientes do mundo e não deve ser penalizado pelos que praticam a agricultura predatória. O principal cliente do agronegócio brasileiro não é a Europa e os Estados Unidos, mas sim o mercado asiático. Na Europa, a preocupação hoje é claramente com as práticas socioambientais: crescimento sustentável, relações entre agricultura e desmatamento, mudança do clima, uso da água e da terra, mas esses temas ainda não chegaram ao centro da agenda asiática. A preocupação da Ásia é a necessidade de aumentar a produtividade da agricultura e a qualidade e sanidade dos alimentos. A grande maioria do agronegócio é séria, tem boa origem, rastreabilidade e não faz desmatamento.

Mas, o fato é que existe um desmatamento crescente e uma pressão internacional por conta disso. Segundo a empresa de cosméticos Natura, empresa referência em sustentabilidade no País e no mundo, é preciso fazer um esforço para combatê-lo. A empresa de chocolates finos Dengo, no sul da Bahia, tem um projeto para estimular a produção de cacau sustentável na Mata Atlântica, mostrando que é possível integrar a cadeia produtiva à indústria. Com uma produção de grãos estimadas em cerca de 250 milhões de toneladas, o plantio ocupa uma área de 65 milhões de hectares. A tecnologia tem avançado na agricultura brasileira. Parte dos produtores também está priorizando a redução de agroquímicos em suas áreas de cultivos para buscar um manejo mais sustentável no campo.

O Brasil tem total condição de liderar processo da agricultura mais sustentável do mundo e já adota práticas como o plantio direto, integração entre lavoura, pecuária e floresta, a produção de biocombustíveis e agricultura de baixo carbono. Mas, o conceito de sustentabilidade é muito amplo. Não dá para dizer que o plantio com grãos transgênicos e uso de agroquímicos não sejam sustentáveis. A atividade agrícola também tem de ter sustentabilidade econômica ao produtor para ser viável. Para especialistas e empresários, é preciso também combater a desinformação no exterior a respeito do Brasil. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a imagem do Brasil está arranhada. Mas, há uma fração majoritária de injustiça. O garimpo não é agro e a extração de madeira ilegal também não tem o apoio da agricultura. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.