ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

26/Ago/2020

Brasil tem potencial para desenvolver Bioeconomia

Na pandemia, enquanto a agropecuária nacional bate recordes, a indústria sofre uma retração sem precedentes. O contraste dramático é fruto de décadas de decisões em políticas públicas, pesquisas e investimentos acertadas no agronegócio, e equivocadas na indústria. Mas, a solução para a regeneração da indústria e a propulsão da agropecuária não está em planejamentos estanques para uma e outra, e sim em integrá-las num ciclo de retroalimentação. Assim como a pandemia acelerou a digitalização e ressaltou o valor da ciência, ela acentuou a urgência de uma relação equilibrada entre o ser humano e o meio ambiente. A Bioeconomia é uma oportunidade de combinar estas tendências. A posição do Brasil é privilegiada. Há uma oportunidade de reindustrializar o País a partir de novas premissas e de uma série de vantagens comparativas, aponta o estudo Bioeconomia e a Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O País tem um enorme território com terras férteis, água e alta insolação; além da maior biodiversidade do planeta, onde é possível encontrar as soluções da natureza para praticamente todas as reações químicas e bioquímicas a serem aplicadas na indústria; tem uma frota de veículos movida em grande parte por biocombustíveis, o que gerou o desenvolvimento de uma cadeia de inovação completa que pode ser replicada; tem uma infraestrutura razoável e que pode ser expandida por todo o País de modo a diversificar e descentralizar a indústria; há marcos regulatórios para lidar com propriedade intelectual, biodiversidade e conservação da natureza; e, tem um enorme conhecimento e capacitação dentro dos nossos ICTs (Institutos de Ciência, Tecnologia e Inovação), que hoje estão preparados para interagir com o setor produtivo e gerar inovações. Some-se a isso a vasta proporção do território cultivável, com desenvolvimentos na agropecuária intensiva que fazem do País um dos principais produtores de alimentos, fibras e bioenergia.

Um estudo da WRI Brasil, Coppe/UFRJ e ex-executivos do Banco Mundial aponta que a economia verde pode gerar 2 milhões de empregos e adicionar R$ 2,8 trilhões ao PIB brasileiro, 38% a mais em relação ao PIB de 2019. A pesquisa indica três áreas estratégicas: projetos de qualidade em infraestrutura; tecnologias sustentáveis na indústria; e produção intensiva na agricultura. Para fomentar estas estratégias, a CNI aponta três pilares: regulamentação, ciência e desenvolvimento. O ponto de partida é a modernização do marco regulatório, com a construção de uma nova Política Nacional de Bioeconomia que defina estruturas de governança; simplifique e fomente a relação dos ICTs com o setor produtivo; agilize a concessão de patentes da Bioeconomia; e capacite e alinhe órgãos fiscalizadores e usuários de recursos da biodiversidade. A interação entre indústrias e ICTs é crucial. Isso implica aproximar a indústria de todos os níveis da educação; incorporar doutores à indústria; disseminar oportunidades da Bioeconomia para a sociedade como forma de atrair investimentos e desenvolver políticas públicas; mapear a biodiversidade com potencial de gerar valor agregado para a indústria; e encontrar novos usos para produtos de origem biológica.

Para atrair investimentos, a sugestão é desenvolver mecanismos especializados de financiamento para inovação; estimular a divisão de riscos dos investimentos entre o governo e a indústria; estimular o capital de risco corporativo em empresas iniciantes; atrair fundos estrangeiros; e fomentar a pesquisa no desenvolvimento de novos bens e serviços baseados em recursos da biodiversidade. O Brasil pode se reinventar como superpotência tropical da biodiversidade, o que, forçosamente, se dará a partir da conexão entre conhecimento e empreendedorismo, como bases para a inovação. Os recursos são abundantes. Transformar estas vantagens comparativas em vantagens competitivas dependerá da capacidade do País de consolidar uma agenda conjunta entre governo, setor privado e academia. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.